Traduzi o texto abaixo, parte da dissertação de doutorado do Dr. Phil Fernandes, para o nosso blog por acreditar que os seus argumentos sejam bons para o senso comum. A publicação não implica que eu, pessoalmente, concorde com sua exposição do Argumento Cosmológico que, a meu ver, contém sérios problemas teológicos e filosóficos; ou mesmo a suposição dos "fatos brutos das evidências" (note como no final, o Dr. Fernandes, reconhece que as evidências dependem da cosmovisão de alguém!). No próximo artigo que publicarei aqui, tratarei de "Séries Infinitas", do Dr. John Frame; e, em seguida, um do Dr. Bahnsen sobre a "impropriedade do argumento evidencialista para ressurreição de Jesus" e como os pressuposicionalistas tratam da questão dos milagres.
Mas aproveitem a leitura abaixo. É gratificante e proveitosa. Eu não publicaria se não tivesse valor algum. Portanto, leiam, comentem e divulguem.
_________________________Mas aproveitem a leitura abaixo. É gratificante e proveitosa. Eu não publicaria se não tivesse valor algum. Portanto, leiam, comentem e divulguem.
Milagres!
Por Dr. Phil Fernandes
Todos os Direitos Reservados para Institute of Biblical Defense, 1997
Por Dr. Phil Fernandes
Todos os Direitos Reservados para Institute of Biblical Defense, 1997
O Cristianismo é uma Religião histórica. Suas reivindicações, a morte e ressurreição de Jesus de Nazaré ocorreram na História. Por esta razão, a apologética histórica é de grande importância. Se alguém puder provar que Jesus realmente ressurgiu dos mortos na história, então não será preciso ir muito longe para demonstrar o Cristianismo como a religião verdadeira. Porém, antes que um apologista possa engajar-se em apresentar evidências históricas para a ressurreição de Cristo, ele deve, primeiramente, responder às objeções filosóficas contra a possibilidade de milagres. Se milagres são, por definição, impossíveis, então não faz sentido olhar para a história para ver se Jesus realmente ressuscitou dentre os mortos.
A mais forte argumentação filosófica contra os milagres veio das penas de Benedito Spinoza (1632- 1677) e David Hume (1711 – 1778). Spinoza era um Panteísta [1]. Ele acreditava em um deus impessoal que era idêntico ao universo. Ele pensou que um deus impessoal não poderia realizar milagres. Não importa o que um deus impessoal faça, ele deve fazer por necessidade. Spinoza acreditava que a natureza necessariamente operava em uma maneira uniforme. Então, ele argumentava que as leis da natureza não poderiam ser violadas. Posto que, milagres violam as leis da natureza, então eles são impossíveis. [2]
David Hume era um deísta. Ele acreditava que, depois que Deus criou o universo, Ele não mais se envolvia com Sua Criação. Hume raciocinava que os milagres, se ocorressem, são eventos raros. Por outro lado, as leis da natureza descrevem ocorrências diárias, repetidas. Hume argumentava que o homem sábio sempre fundamentaria suas crenças no mais alto grau de probabilidade. Então as leis da natureza têm um alto grau de probabilidade, enquanto o milagre é improvável. Hume considerava a evidência contra milagres sempre maior que a evidencia a favor do milagres. Então, de acordo com Hume, o homem sábio sempre rejeitará a proposta de milagre[3]
RESPOSTA A SPINOZASpinoza diz que milagres são impossíveis. Diversas coisas deveriam ser mencionadas em refutação à argumentação de Spinoza. Embora seja verdade que um deus panteístico não possa escolher realizar um milagre (um deus panteístico é impessoal e, por isso, não pode escolher qualquer coisa), existe uma forte evidência de que um deus panteístico não exista [4]. Como o Argumento Cosmológico tem demonstrado, existe um Deus Teístico [5]. Um Deus Teístico é um Deus pessoal, e um Deus pessoal pode escolher realizar milagres.
Segundo, a premissa de Spinoza de que as leis da natureza nunca podem ser violadas é suspeita. As leis da natureza são descritivas; elas não são prescritivas. Em outras palavras, as leis descrevem a maneira que a natureza geralmente age. As leis da natureza não prescrevem como a natureza deve agir.[6]
Terceiro, a definição de Spinoza de milagre como violação das leis da natureza é questionável. É possível que milagres não violem as leis da natureza; eles simplesmente substituem as leis da natureza. C.S Lewis argumentou nestas linhas [7].
Quarto, se Deus criou o universo, então as leis da natureza são sujeitas a ele. Deus pode escolher suspender ou violar (dependendo de como alguém defina um milagre) as leis da natureza em qualquer momento que ele desejar. Resumindo, Spinoza falha em mostrar que milagres são impossíveis.
RESPOSTA A HUMEHume, diferente de Spinoza, não argumenta pela impossibilidade dos milagres. Em vez disso, ele argumentou que os milagres são tão improváveis que as evidências contra eles sempre será maior do que a evidência a favor deles. Hume argumenta que milagres são impossíveis, e que um homem inteligente apenas crerá no que é provável. Então, o homem inteligente nunca aceitará evidência para um milagre[8]
O apologista cristão pode responder ao argumento de Hume da seguinte maneira. Só porque eventos habituais (as leis da natureza) ocorrem com mais freqüência, não significa que o homem inteligente nunca acreditará que um evento incomum (um milagre) não tenha ocorrido [9]. Um homem inteligente não deveria excluir, a priori, a possibilidade de milagres. Ele examinará a evidência pró ou contra a reivindicação de um milagre e baseará seu julgamento sobre a evidência. Desde que havia mais de 500 testemunhas que reivindicam ter visto Jesus ressuscitado dentre os mortos (1 Coríntios 15.3 – 8), alguém inteligente não rejeitaria o milagre da ressurreição simplesmente porque outras pessoas permanecem mortas. Parece-me que alguém inteligente examinaria a questão do milagre se as testemunhas são confiáveis. Se não existem boas razões para rejeitar o testemunho de testemunhas confiáveis, não haveria motivos para alguém inteligente aceitar os testemunhos de que um milagre aconteceu.
CONCLUSÃOAlgumas pessoas não aceitarão qualquer evento a menos que tenha uma causa natural. Porém, eles rejeitam os milagres porque eles têm uma causa sobrenatural (Deus)[10]. Mas, o Argumento Cosmológico tem mostrado que o universo em si precisa de uma causa sobrenatural (Deus). Então, se existe um Deus que criou o universo, então Ele não teria nenhum problema em intervir em seu universo por operar milagres sobrenaturalmente dentro de seu universo. Uma pessoa não pode excluir os milagres simplesmente porque sua Cosmovisão não os permite. Se sua cosmovisão é fraca (tal como o panteísmo e o deísmo), então ele tem fracas razões para rejeitar os milagres. Se, por outro lado, uma pessoa tem forte evidência para sua cosmovisão (tal como o Teísmo), e esta cosmovisão é consistente com a realidade dos milagres, então ele tem forte razão para acreditar que milagres são possíveis.
Este texto tem apenas mostrado que milagres são possíveis. Outros trabalhos meus tratam com a apologética histórica. Neles examino as evidências para ver se milagres têm ocorrido ou não. Argumentação filosófica pode apenas mostrar que milagres são possíveis. Evidências históricas devem ser utilizadas para determinar se um alegado milagre (tal como a ressurreição de Jesus dentre os mortos) tem ocorrido de fato.
NOTAS FINAIS1 Norman L. Geisler, Miracles and the Modern Mind (Grand Rapids: Baker Book House, 1992), 18.
2 Ibid., 15.
3 David Hume, An Inquiry Concerning Human Understanding (New York: The Liberal Arts Press, 1955), 117-141.
4 see article on Failure of Other Non-Theistic Worldviews.
5 see article on the Cosmological Argument.
6 Terry L. Miethe, ed. Did Jesus Rise From the Dead? (San Francisco: Harper and Row, 1987), 18.
7 C. S. Lewis, Miracles, 59-60.
8 Geisler, 23-28.
9 Ibid., 27-31.
10 Ibid., 50-51.
Fonte: Institute of Biblical Defense
Traduzido e adaptado por Gaspar de Souza
2 comentários:
Eu creio em milagres! A minha cosmovisão me permite asseverar tal crença. O que eu gostaria de comentar é a forma como Dr. Phil Fernandes argumenta contra Hume. Ele usa a prática do argumentum ad hominem onde não se contesta os pormenores do testemunho, mas se opõe as testemunhas. O Dr. Phil diz: "Parece-me que alguém inteligente examinaria a questão do milagre se as testemunhas são confiáveis...". Independentemente se uma testemunha é confiável ou não, isso não invalida o seu testemunho. Alguém que tem a fama de contar vantagem, pode, com toda a certeza, dar um testemunho verdadeiro. Uma testemunha duvidosa pode levantar suspeita sobre o seu testemunho, mas não comprova, de modo algum, que o seu testemunho é falso.
Um abraço e haja paz em ti
Rev. Rogerio Mattos
I.P. ROÇADINHO - BA
Olá! Me chamo Fabiano e sou estudante de Biblioteconomia na UNIRIO.
Achei muito boa esta postagem.
Aliás todo o blog é muito interessante!Parabens!
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