terça-feira, 24 de setembro de 2013

Ética e cidadania

Rev. Emerson Arruda

São duas horas da manhã, e é exatamente neste horário que encerro a leitura de duas obras importantes: Pratical Christian Theology, de Floyd H. Barackman e História e Teoria, de José Carlos dos Reis. 

De algum modo, a leitura desses textos me entusiasmaram a escrever mais uma vez sobre ética e cidadania. Talvez, porque daqui alguns meses milhares de brasileiros realizarão uma das ações mais cívicas do universo democrático: a eleição de pessoas que irão conduzir centenas de municípios em nosso País. 

Essa autonomia democrática conjugada com responsabilidade ética e consciência cidadã se estabelece como o melhor caminho para construção de um novo modelo de estado e da própria maneira de se fazer política. De tal modo que autonomia, ética e cidadania não devem se estabelecer apenas como conceitos a serem admirados, mas, vivenciados por todos nós. Neste sentido, a promoção desse ideal democrático deve levar em conta o pressuposto de que cada pessoa é um sujeito ético, constituído de valores e crenças. Tal status exige deste indivíduo uma reflexão moral, que lhe faculte a capacidade de ver o mundo além dos seus interesses pessoais, partidários e de manipulações políticas entre o poder público, a realidade estatal e a própria filosofia do senso comum. 

Não é de hoje que a mídia socializa uma série de informações de vários grupos políticos, religiosos, acadêmicos, e privados que se beneficiam de toda a estrutura administrativa e econômica do setor público como se fosse algo natural. Esse triste comportamento é visível também no modo como alguns cidadãos vendem e/ou trocam os seus votos por um simples “prato de lentilhas”, como fez o personagem bíblico Esaú, ao vender o seu direito de primogenitura ao seu irmão Jacó. 

Tal prática pode ser vista quando vários grupos políticos alimentam um ciclo vicioso de cestas básicas, consultas médicas, viagens permanentes de norte ao sul, e uma série de outras atitudes assistencialistas que escravizam as pessoas ao sistema, e não lhes dão subsídios concretos e/ou ferramentas para que possam ser independentes. Esse tipo escravização não promove de modo algum a edificação do verdadeiro sentido da palavra cidadania, pois, não dignifica e nem cria meios eficazes para que cada ser humano conquiste a sua autonomia, sendo capaz, através de uma formação científica e cultural de garantir a sua sobrevivência com qualidade e senso crítico. Todo cidadão no momento de votar deveria problematizar esse ato democrático, perguntando-se: Por que estou votando? Quais são as motivações que me fazem escolher esse ou aquele candidato? Estou elegendo determinado indivíduo, porque creio que ele tem um projeto que leva em consideração a minha autonomia como sujeito pensante? Ou apenas estou fazendo uma barganha com a minha cidadania na expectativa de ganhar benefícios como: cinquenta reais, remédios, almoço num restaurante, uma camiseta legal, ou a garantia de ser contratado para cargos políticos? 

O nosso desafio como cidadãos é o de compreender que ética e cidadania devem ser os pontos centrais em nossa escolha política. Ao eleger alguém, precisamos esquecer-nos de interesses que beneficiam a nós mesmos. É necessário pensar num projeto político que leve em conta a autonomia e a dignidade das pessoas, a fim de que elas não sejam mais subservientes ao processo de domesticação política, e que, finalmente, saibam promover reflexões críticas da realidade, estabelecendo o verdadeiro sentido da palavra democracia.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

IGREJA DE CRISTO, MINISTRA E HERDEIRA DA JUSTIÇA

Por Gaspar de Souza

            Nesta semana(18 de setembro de 2013), o Brasil assistiu a um impasse entre a Justiça e a Verdade; entre o Legalismo e a Moralidade. Um juiz da mais alta Corte do país, o Supremo Tribunal Federal, num caso de empate num julgamento daqueles que, “formando uma quadrilha”, como o próprio STF havia dito anteriormente, optou pelo Legalismo, dando a chance para um novo julgamento daqueles que ele mesmo, o tal juiz, disse serem eles criminosos. Não deveríamos esperar nada diferente em um ambiente onde os interesses políticos se sobressaem (os Ministros são escolhidos por indicação do Presidente da Nação), as meticulosidades jurídicas, os meandros retóricos e, especialmente, aonde os poderosos costumam apelar, tivesse uma postura diferente.

            Em todo o julgamento, ficou claro que alguns juízes agiram mais como defensores dos criminosos. Ao não ver a luz no fim do túnel, mas apenas um abismo entre a Justiça e a Impunidade  que cada vez mais se distanciam, mas é a Impunidade quem permanece e a Justiça vai embora, há de perguntar: o que a Igreja de Cristo tem a ver com isso?

            O Teólogo Richard Niebuhr constumava falar em Igreja Responsável e Irresponsável. No caso desta última, ela escolhe um caminho polarizado entre ficar do lado dos poderosos, e por isso ela busca a aprovação dos homens; ou ficar do lado dos “revolucionários”, dos radicais. Há ainda aquelas que se isolam de uma coisa ou de outra. São “tão santas” que não vão ao mundo (Jo. 17.18) e estão completamente alheias ao clamor por Justiça.

            A Igreja Responsável entende-se como Apostólica. Ela proclama o Evangelho que se manifesta na Justiça de Deus em Cristo. Ela se vê como uma Igreja Pastora, arrebanhando aqueles que clamam por Justiça. E ela se vê como um Reino de Sacerdotes, intercede pelos homens e, até mesmo, se arrepende por eles “por não saberem o que fazem”. Ela entende o valor da Justiça e, por isso, aplica-o a si mesmo.


            Dito isso, vê-se quão urgente é a questão da Disciplina na Igreja de Cristo. A igreja não é uma justiceira, mas uma promotora da justiça. Ela testifica aos homens que o Evangelho está clamando desde os céus para que se arrependam, pois o Justo Deus está para executar a sua Espada e Ele é o Justo Juiz que julga imparcialmente, e nisso não há acepção de pessoas. Em “abrir e fechar o reino dos céus”, a Igreja dá o exemplo, abrindo os braços para os arrependidos, mas fechando para os impenitentes, de dentro e de fora de suas portas. Ela executa a Justiça em si mesmo, corta na própria carne, ferindo-se pela Lei. Nela, a misericórdia e a verdade se encontram; a justiça e a paz se beijam(Sl 85.10). Ele deve ser a Ministra e Herdeira da Justiça, servindo ao Supremo Juiz. 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

OS DESAFIOS DE PREGAR A PALAVRA DE DEUS COMO SERVOS





Pr. Emerson Arruda [1]

Neste ano completo cerca dez anos de ministério pastoral, sou um dos formandos da Turma Reverendo Boanerges Ribeiro, ano de 2003 do Seminário Teológico Presbiteriano José Manoel da Conceição.  

Como outros pastores, tenho o privilégio e a responsabilidade de pregar a Palavra de Deus a uma pequena parte do seu rebanho no interior de Mato Grosso. Essa tarefa honrosa exige oração, fidelidade, sensibilidade, amor e consciência da minha fraqueza espiritual, dentre outras coisas.

 Reaprendi, nesses últimos dias[2], que a pregação é o principal meio de graça pelo qual o reino de Deus se torna visível de modo salvífico aos olhos humanos, que tocados pelo Espírito Santo começam a enxergar o mundo sob as lentas da eternidade.

Tal perspectiva teológica evoca sobre todos nós pregadores a decisão e o compromisso de sermos servos. Mas, servos de quem?

Na proclamação das verdades eternas somos embaixadores de um reino, em que o Deus Trino governa majestosamente sobre todas as coisas como criador, sustentador e redentor. Deste modo, pregamos como servos do Rei eterno, significando o todo a partir daquele que é Senhor sobre tudo.

De modo gracioso, especial e histórico a Trindade revelou a sua vontade gloriosa estabelecendo preceitos, estatutos, e testemunhos, as Escrituras Sagradas. Nelas encontramos a descrição progressiva do projeto Deus para vida humana; valores normativos que estabelecem a verdade absoluta para todos os seres.

Assim, quando pregamos, devemos nos limitar a Palavra de Deus, tendo como ponto de partida a sua inspiração, infalibilidade e suficiência, e não, os conceitos que regem a lógica de uma humanidade caída, que continua dizendo: somos deuses!

Pregadores devem ser servos do Texto Sagrado, esforçando-se com diligência hermenêutica, exegética, teológica e homilética na compreensão e comunicação apaixonada das Escrituras Sagradas que apontam Cristo como salvador do mundo.

Partimos do pressuposto de que as Escrituras Sagradas são especiais para nossa saúde e de que elas, cumprindo o propósito de Deus santificar diariamente sua igreja, devem ser entregues pelos pregadores com amor servial e não com moralismos vazios.

Todos os domingos estão diante dos nossos olhos pessoas que como nós, precisam de alimento, consolo e instrução para suas almas. Não podemos comunicar a vontade de Deus como se fossemos feitores do pacto. O anúncio deve ser realizado como uma expressão de servialidade e concepção de que somos servos daqueles que pastoreamos.

Muitos são os desafios na pregação da Palavra de Deus, o nosso primeiro passo é o de perceber e crer que ensinamos os desígnios de Deus, como servos dEle mesmo, de sua Palavra e de seu povo. Perdendo essa dinâmica espiritual falaremos apenas dos ídolos de nosso coração.


[1] O Pr. Emerson de Arruda, pastoreia a Igreja Presbiteriana de Jaciara (MT). É Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano José Manoel da Conceição. É Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional (FAMA). Licenciado em Filosofia (FAMA e Centro Universitário Clareteano). Mestre em Educação pela UFMT. Doutorando em Ministérios pelo CPAJ.
[2] Módulo: Pregação Reformada, aplicado pelos doutores David Jussely e Valdeci da Silva Santos, no Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Uma adolescente criada na sinagoga sabe mais do que uma garota com um Ipad nas mãos

Por Pr. Emerson Arruda1
Além das várias informações de suma importância nestes últimos dias no Módulo Pregação num Mundo pós-moderno,2 uma das frases do professor Emílio Garofalo ao analisar o conhecimento que Maria tinha das Escrituras Sagradas (Antigo Testamento), me chamou a atenção: “uma adolescente criada na sinagoga sabia mais, do que muitos adolescentes cristãos hoje.”

Essa frase simples, mas ao mesmo tempo tão reveladora nos faz um convite de teor reflexivo: o de investir ainda mais no processo de formação bíblico-reformada de adolescentes que são e estão presentes em nossas comunidades cristãs.

Às vezes, por conta de tantas mudanças paradigmáticas que perfazem e ao mesmo tempo desenham o processo histórico da humanidade, imaginamos que a produção de uma linguagem zen-existencialista, o entretenimento das festas à fantasias da Liga da Justiça à Harry Potter, os encontros de adoração moralista, em que a graça de Deus não conduz os ritmos, melodias e harmonias, dentre outros, são aparentemente os caminhos pedagógicos eficazes para a instrução de meninos e meninas inteligentes que podem guardar em seus corações a história da redenção. 
 
Deste modo, vale a pena lembrar que Daniel, Hananias, Misael, Azarias, Josias, Ester, Samuel, e a jovem escrava que ajudou Naamã, dentre outros jovens tementes a Deus, revelaram conhecimento e consistência espiritual na sua contemporaneidade. 
 
Hoje vivemos numa etapa repleta de fascínios midiáticos e cibernéticos, em que somos capazes de nos comunicar e fazer parte de guetos virtuais, como o facebook, skype e twitter, que por sua vez desaparecem rapidamente. Nesse sentido, não me lembro de ter ido ao culto fúnebre do Orkut e Messenger que se apresentavam tão cheios de vida, talvez, porque neles, sem perceber, eu mesmo celebrei a minha própria morte virtual.

Além disto, não podemos esquecer a presença de várias ferramentas tecnológicas como: Ipad, tablet, notebook, ultrabook, celulares e Iphones, que exigem um exercício racional e dedicação no modo de usá-las. Enquanto, nós, filhos de uma geração de discos de vinil e máquinas datilográficas percorremos esse caminho virtual como se fossem labirintos sem fim, nossos adolescentes fazem download em frações de segundo.

Essa habilidade cognitiva e persistência na apreensão destas informações tecnológicas servem também como elementos motivadores no ensino de conceitos doutrinários presentes nas Escrituras Sagradas e aspectos teológicos motivadores que constituem a tradição reformada. 
 
Não podemos subestimar a inteligência e capacidade emocional de adolescentes cristãos se envolverem prazerosamente com temas confessionais, que para alguns, são aparentemente difíceis, áridos e\ou distantes de suas vidas. Eles são capazes de amar a Palavra de Deus e se motivados corretamente, podem com a força e brilho da juventude ser parceiros prudentes e obedientes à defesa da fé reformada. 
 
Enfim, nossos adolescentes não podem ser apenas consumidores cristãos que caminham apenas com Ipads em suas mãos, eles precisam e são capazes de caminhar com a história da redenção em suas mentes e corações.
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1 O Pr. Emerson de Arruda, pastoreia a Igreja Presbiteriana de Jaciara (MT). É Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano José Manoel da Conceição. É Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional (FAMA). Licenciado em Filosofia (FAMA e Centro Universitário Clareteano). Mestre em Educação pela UFMT. Doutorando em Ministérios pelo CPAJ.


2 O Pr. Emerson refere-se ao Módulo realizado no Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ - Mackenzie), ocorrido nos dias 26 – 30 de agosto de 2013, sob a Orientação dos Prof. Dr. Emílio Garofalo e Prof. Tarcízio Carvalho.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O Problema do Conhecimento Médio [ou do Molinismo] - Por Herman Bavinck

Herman Bavinck[1]

Mas os jesuítas, entrando na discussão [sobre o pré-conhecimento de Deus], fizeram mudança. Com o intuito de articular a onisciência de Deus com a liberdade humana, seguindo a linha semi-pelagiana, eles introduziram o chamado conhecimento médio(media scientia) entre o conhecimento “necessário” e o conhecimento “livre” de Deus. Com esse conhecimento médio eles se referem a um conhecimento divino de eventos contingentes que é logicamente antecedente aos seus decretos. O objeto desse conhecimento ao é o meramente possível que nunca será realizado, nem aquilo que, em virtude de um decreto divino, é certo de acontecer, mas as possibilidades de que dependam, para sua realização, de uma ou outra condição. Ao governar o mundo, Deus faz que muitos resultados possíveis dependam de condições e sabe, com antecedência, o que fará, caso essas condições sejam ou não cumpridas pelos seres humanos. Em todos os casos, portanto, Deus está pronto. Ele antevê e conhece todas as possibilidades e toma suas decisões e providências levando em conta todas essas possibilidades. Ele soube, com antecedência, o que faria se Adão caísse e também se ele não caísse; se Davi fosse ou não até Queila; se Tiro e Sidom se arrependessem ou não. Portanto, o conhecimento que Deus tem de eventos contingentes precede seu decreto a respeito de eventos futuros “absolutos”. Embora os seres humanos, a cada momento, tomem suas decisões livres e independentes, nunca poderão surpreender Deus com as decisões que tomam ou desfazer seus planos, pois, em seu pré-conhecimento, Deus levou em conta todas as possibilidades. Essa teoria do conhecimento mediado foi apoiada por numerosos textos da Escritura que atribuem a Deus conhecimento daquilo que aconteceria em um dado caso se alguma condição fosse ou não fosse cumprida(e.g.,  Gn 11.6; Êx. 3.19; 34.16; Dt. 7.3, 4; 1Sm 23.10 – 13; 25.29ss; 2Sm 12.8; 1Rs 11.2; 2Rs 2.10; 13.19; Sl 81.14 – 16; Jr. 26.2, 3; 38.17 – 20; Ez 2.5 – 7; 3.4 – 6; Mt. 11.21, 23; 24.22; 26.53; Lc. 22.66 – 68; Jo. 4.10; 6.15; At. 22.18; Rm. 9.29; 1Co 2.8).

Embora, de fato, tenha recebido oposição dos tomistas e agostinianos (e.g., Bannez, os salmanticenses [carmelitas de Salamanca, Espanha] e Billuart), essa teoria do conhecimento médio também foi fervorosamente defendida pelos molinistas e congruístas (Suárez, Belarmino, Lessius, etc). O temor do Calvinismo e do jansenismo favoreceu essa teoria na Igreja Católica e, de maniera mais ou menos pronunciada, ganhou aceitação expressa por parte de quase todos os teólogos católicos. Desse modo, a linha de pensamento expressa por Agostinho foi abandonada e a de Orígenes foi recuperada. Ainda que a teologia grega tenha tomado essa posição desde o princípio, a teologia católica romana agora a seguiu. Os luteranos e os remonstrantes também não se mostraram indispostos com essa teoria. Em tempos modernos, muitos teólogos afirmaram, aproximadamente da mesma forma, que, para Deus, também, o mundo é um conhecimento médio. Ele, de fato, pré-conhece os eventos contingentes futuros como possíveis, mas descobre, com o mundo, se eles serão realizados ou não. Para todos os casos, porém, ele conhece “uma ação que se encaixará precisamente na ação da criatura, seja o que for que possa acontecer”. Ele estabeleceu o esboço do plano do mundo, mas deixa o enchimento desse esboço por conta das criaturas”. Em contraste com essa linha de pensamento, seguindo o exemplo de Agostinho, os reformados rejeitaram a teoria de um “pré-conhecimento nu”(nuda praescientia) e o “conhecimento médio”(media scientia).

Ora, com respeito a esse conhecimento médio, a pergunta não é se as coisas [ou eventos] não estão frequentemente relacionadas umas às outras por um tipo de conexão condicional, que é conhecida e desejada pelo próprio Deus. se isso fosso tudo o que ele quer dizer, ele seria aceito sem qualquer dificuldade, assim como Gomarus e Walaeus o entenderam e reconheceram nesse sentido. Entretanto, a teoria do conhecimento tem um objetivo diferente: se propósito é harmonizar a noção pelagiana da liberdade da vontade com a onisciência de Deus. Nessa interpretação, a vontade humana é, por sua natureza, indiferente. Ela tanto pode fazer uma coisa quanto outra. ela não é determinada nem por sua própria natureza nem pelas várias circunstâncias nas quais é colocada. Embora as circunstâncias  possam influenciar a vontade, no fim das contas ela permanece livre e escolhe conforme desejar. É claro que a liberdade da vontade assim concebida não pode se harmonizar com um decreto de Deus, aliás, ela consiste essencialmente em independência do decreto de Deus. Em vez de determinar essa vontade, Deus a deixou livre. Ele não podia determinar a vontade sem destruí-la. Com relação a essa vontade de suas criaturas racionais, deus tem de adotar uma postura de espera vigilante. Ele observa para ver o que elas farão. Ele, porém, é onisciente. Por isso ele conhece todas as possibilidades, todas as contingências e também pré-conhece todos os eventos futuros reais. Nesse contexto e conservando-o, Deus tomou todas as suas decisões e criou seus decretos. Se uma pessoa, em certas circunstâncias, aceitará a graça de Deus, ele escolheu essa pessoa para a vida eterna; se essa pessoa não crer, ela foi rejeitada.

Ora, é claro que essa teoria diverge, em princípio, do ensino de Agostinho e de Tomás de Aquino. Certamente, em sua mente, o pré-conhecimento de Deus precede os eventos e nada pode acontecer se não for pela vontade de Deus. “Nada, portanto, acontece, a não ser pela vontade do Onipotente”. Não o mundo, mas os decretos são o meio pelo qual Deus conhece todas as coisas. Portanto, os eventos contingentes e as ações livres podem ser conhecidos infalivelmente em seu contexto e ordem. O escolasticismo, reconhecidamente, às vezes já expressava, nesse ponto, de um modo que diferia de Agostinho. Anselmo, por exemplo, afirmou que o pré-conhecimento não implicava uma “necessidade interna e antecedente”, mas apenas uma “necessidade externa e consequente”. E Tomás de Aquino, de fato, acreditava que Deus eterna e certamente conhece os eventos futuros contingentes de acordo com o estado no qual eles realmente estão, isto é, de acordo com sua própria imediação, mas que, em suas “causas  imediatas”, eles são contingentes e indeterminados. Isso, porém, não altera o fato de que, com relação à sua “causa primária”, esses eventos futuros contingentes são absolutamente certos e, portanto, não podem ser chamados de contingentes. E, em outro ponto, ele novamente afirma que “tudo que existe foi destinado a existir antes que viesse à existência, porque existia por sua própria causa para que pudesse vir à existência”.

A doutrina do conhecimento médio, porém, representa os eventos futuros contingentes como contingentes e livres também em relação a Deus. Isso é feito não somente com relação à predestinação de Deus, mas também com relação ao seu pré-conhecimento, como em Orígenes, em que as coisas não acontecem porque Deus as conhece, mas Deus as conhece porque elas acontecerão. Portanto, a sequência não é conhecimento necessário, conhecimento de visão, o decreto de criar (etc), mas, em vez disso, é conhecimento necessário, conhecimento médio, decreto de criar (etc), e o conhecimento de visão deus não deriva seu conhecimento dos livres atos dos seres humanos de seu próprio ser, de seus decretos, mas da vontade das criaturas.

Deus, portanto, torna-se dependente do mundo, extrai do mundo conhecimento que ele não tinha e não pode obter por si mesmo e, portanto, em seu conhecimento, deixa de ser um, simples, independente – isto é, deixa de ser Deus. Inversamente, a criatura, em grande parte, torna-se independente diante de Deus. Ela, de fato, em um momento, recebe o “ser”(esse) e o “ser capaz”(posse) de Deus, mas, agora, tem a “volição”(velle) completamente em suas próprias mãos. Ela soberanamente toma suas próprias decisões, realiza ou não realiza alguma coisa de forma totalmente independente de um decreto divino anterior. Uma coisa pode, portanto, vir à existência totalmente à parte da vontade de Deus. A criatura é, agora, criadora, autônoma, soberana: toda a história do mundo é tirada das mãos de Deus e colocada em suas mãos. Primeiro os seres humanos decidem, depois Deus responde com um plano que corresponde a essa decisão. Ora, se essa decisão ocorreu – como no caso de Adão – somos capazes de concebê-la. Mas decisões de maior ou menor importância ocorrem milhares de vezes em toda vida humana. O que podemos pensar, então de um Deus que sempre espera todas essas decisões e mantém à mão um estoque de todos os planos possíveis para todas as possibilidades? O que, então, resta até mesmo de um esboço de um plano mundial quando sua execução é deixada nas mãos dos seres humanos? E de que vale um governo cujo executivo é o escravo de seus próprios subordinados?

Na teoria do conhecimento médio, é exatamente isso o que acontece com Deus. Deus é um mero espectador, enquanto os seres humanos decidem. Não é Deus que faz distinção entre as pessoas, mas as pessoas é que se distinguem. A graça é concedida de acordo com o mérito e a predestinação depende das boas obras. As ideias às quais a Escritura, em toda parte, opõe-se e que Agostinho rejeitou em sua polêmica contra Pelágio são transformadas na doutrina católica romana padrão pelo ensino dos jesuítas. Os proponentes do conhecimento médio, de fato, recorrem a muitos textos da Escritura, mas totalmente sem fundamento. Não há dúvida de que a Escritura reconhece o fato de que Deus inseriu as coisas (eventos, etc) em uma rede variada de conexões umas com as outras, e que essas conexões são, frequentemente, de natureza condicional, de modo que uma coisa não pode acontecer se outra coisa não acontecer primeiro. [Por exemplo], sem a fé não há salvação, sem o trabalho não há sustento, etc.

No entanto, os textos citados pelos jesuítas para fundamentar a teoria do conhecimento médio não provam o que precisa ser provado. Reconhecidamente, eles falam sobre condição e cumprimento, obediência e promessa, aceitação e consequência daquilo que acontecerá se um ou outro caminho for escolhido. No entanto, nenhum desses textos nega que, em todos os casos, Deus – embora fale aos seres humanos e lide com eles em termos humanos – conhecia e determinou aquilo que será realizado – presente em Deus somente como uma ideia – e aquilo que é certo e foi decretado por Deus não há uma área que possa ser controlada pela vontade dos seres humanos. Uma coisa sempre pertence a uma área ou a outra. se ela é somente uma possibilidade e nunca será realizada, ela é objeto do conhecimento “necessário” de Deus e se, um dia, ela realmente será realizada, ela é conteúdo de seu conhecimento “livre”. Não há um terreno médio entre os dois, não há conhecimento “médio”.

As teorias do conhecimento médio, além disso, não alcançam seu objetivo. Elas têm o objetivo de colocar a liberdade da vontade humana – no sentido de indiferença – em harmonia com o pré-conhecimento divino. Ora, elas alegam que esse pré-conhecimento concebido como conhecimento médio deixa a conduta humana totalmente livre, não-necessária. De fato, isso está correto, a não ser que, nesse caso, ele deixe de ser pré-conhecimento. Se Deus conhece infalivelmente com antecedência o que uma pessoa fará em determinado caso, ele só pode pré-conhecer isso se os motivos da pessoa determinarem sua vontade em uma direção específica, e isso, portanto, não consistiria indiferença. Inversamente, se essa vontade fosse indiferente, o pré-conhecimento seria impossível, e só existiria um conhecimento post-factum. O pré-conhecimento de Deus a vontade concebida como arbitrariedade são mutuamente excludentes. Pois, como Cícero já dizia, “se ele conhece, isso certamente acontecerá, mas, se isso obrigatoriamente deve acontecer, não existe algo como o acaso”. Portanto, juntamente com Agostinho, devemos procurar a solução do problema em outra direção. A liberdade da vontade não consiste, como descobriremos adiante, em indiferença, arbitrariedade ou acaso, mas em “prazer racional”. Esse prazer racional, em vez de estar em conflito com o pré-conhecimento de Deusa, é implicado e sustentado por ele. A vontade humana – juntamente com sua natureza, antecedentes e motivos, suas decisões e consequências – está integrada à “ordem de causas que é certa para Deus e abrangida por seu pré-conhecimento”. No conhecimento de Deus, as coisas estão relacionadas na mesma rede de conexões nas quais ocorrem na realidade. Não é pré-conhecimento nem predestinação aquilo que intervém, vindo de cima, com força de imposição. Toda decisão humana, todo ato humano é motivado, em vez disso, por aquilo que o precede, e, nessa rede de conexões, está incluído no conhecimento de Deus. conservando sua própria natureza conhecida e ordenada por Deus, os eventos contingentes e as ações livres estão ligados na ordem de causas que, pouco a pouco, nos é revelada na história do mundo.



[1] BAVINCK, Herman. Dogmática Reformada. Vol. 2. São Paulo: Cultura Cristã, 2012, p. 204 - 209

Sobre Herman Bavinck

Herman Bavinck
Herman Bavinck (1854-1921) tornou-se sucessor de Abraham Kuyper na cadeira de Teologia Sistemática da Universidade Livre da Holanda, em 1902. 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

MOLINISMO – PROBLEMAS, PROBLEMAS E PROBLEMAS.




Molinistas e Calvinistas concordam sobre a validade do argumento a seguir, onde X é uma escolha pessoal.

1. Necessariamente, se Deus conhece X de antemão, então X acontecerá;
2. Deus conhece X de antemão
3. Então, X acontecerá.

Molinistas e Calvinistas até concordam que o seguinte argumento, como escrito, é falacioso:

1. Necessariamente, se Deus conhece X de antemão, então X acontecerá
2. Deus conhece X de antemão.
3. Então, X acontecerá necessariamente.

A falácia em vista é aquela de transferir a necessidade da inferência para a conclusão. Todavia, o Molinista não aceitará que a falácia possa desaparecer em um número de modos diferentes. Um modo é por estabelecer que uma condição necessária para a presciência de Deus sobre X é a necessidade de X. Os Molinistas afirmam que X ocorrerá, não necessariamente, mas contingentemente. Claro, um X contingente, por definição, possivelmente pode não ocorrer.  Então, os Molinistas são deixados com Deus conhecendo que X pode não ocorrer enquanto sabe que X ocorrerá – mas estas são verdades contraditórias e, então, impossível para Deus conhecer. Assim, a presciência de Deus de X pressupõe a necessidade de X pela simples razão que pode e será semanticamente antitético e é verdade que X ocorrerá. Conseqüentemente, se X ocorrerá, então é falso de que [talvez] possa ocorrer.

1. Necessariamente, se Deus conhece X de antemão, então X acontecerá
2. Necessariamente, Deus conhece X de antemão
3. Então, X necessariamente acontecerá.



Os Molinistas negam que Deus necessariamente conhece X de antemão. De fato, o papa do Molinismo, Willian Lane Craig, afirma que “a Teologia Cristã sempre tem mantido que a criação do mundo é um ato livre de Deus, que Deus poderia ter criado um mundo diferente – no qual X não ocorre – ou até nem [criado] um mundo. Dizer que Deus necessariamente conhece um evento X de antemão implica que este é o único mundo que Deus poderia ter criado e, assim, nega-se a liberdade divina”


Apenas de passagem, observe que os Molinistas não são tipicamente bem vistos nas áreas de Teologia Reformada Sistemática e Histórica, do Protestantismo Reformado. Na parte IV, seção VII do Clássico de Jonathan Edwards, The Freedom of the Will, Edwards tem muito a dizer sobre este assunto sob o título “Acerca da Necessidade da Vontade Divina”.[1] Edwards, eloqüentemente, afirma que “ninguém discute qualquer dependência da vontade de Deus, que sua suprema sábia volição é necessária, que isto infere uma dependência de seu ser, que sua existência é necessária. Se for alguma coisa muito insignificante para o Supremo Ser ter sua vontade determinada pela necessidade moral, assim [será] tão necessária em todo caso a vontade santa e ditosa em mais alto grau. Então, por que também não é insignificante para ele ter sua existência, e a perfeição infinita de sua natureza, e sua infinita felicidade, determinada por necessidade. Não é mais desonra para Deus ser necessariamente sábio do que ser necessariamente santo... e, em todo caso, agir mais sabiamente ou fazer as coisas mais sábias de todas; pois a sabedoria é, também, em si mesmo excelente e honorável... mais uma coisa a ser observada antes de concluir esta seção. Que, se isto em nada invalida da glória de Deus necessariamente determinada pela condição superior em alguma coisa; então, também não deve ser assim determinada em todas as coisas

Meu apelo a Edwards como um representante da Teologia Reformada Ortodoxa é simplesmente mostrar que a observação de Craig é, no mínimo, injustificável. Pensadores reformados consideram as escolhas livres libertárias uma irracionalidade filosófica, da mesma forma que a noção metafísica boba pertencente ao homem, mas como também pertencente a Deus. Não apenas Molinistas como Craig não percebem que a necessidade da vontade divina é sustentada por um vasto número de Calvinista, [mas] observam também a imprecisão das observações de Craig onde ele fala de liberdade. Molinistas não fazem distinção alguma entre a liberdade (ou seja, a capacidade de escolher como se quer) e o poder de escolha contrária, que é a alegada capacidade de agir de forma contrária à forma como se queria (livre-arbítrio libertário). Os dois [tipos] são os mesmos para o Molinista; no entanto, a primeira ideia é pertencente à responsabilidade moral, enquanto a última é uma noção metafísica que no fim destrói a responsabilidade moral. É triste ter que perguntar, mas alguém já leu um Molinista que tenha interagido como a noção de liberdade, que é a própria sede da responsabilidade moral? Por que a habilidade de escolher como se quer não é uma condição suficiente para responsabilidade moral? O Molinista nos diz por que a liberdade é insuficiente? Não, eles simplesmente ignoram a questão da liberdade e fazem afirmações brutas de que nós somos capazes de escolher contrário ao que nós queríamos, a fim de ser agentes moralmente responsáveis. O que é, afinal, ser capaz de escolher X, quando nós pretendemos escolher não-X? Se isto é uma caricatura da liberdade libertária, então [como] um Molinista explicará esta noção metafísica à luz do problema do regresso infinito que é inerente à noção?

Insistente, deveríamos ver que a premissa menor, que “necessariamente, Deus conhece de antemão  X” é, de fato, verdadeira. Se a presciência de Deus sobre X não era necessária, então ela era contingente. Esqueça por um momento que os futuros contingentes – sendo verdadeiramente contingentes – desafiam os verdadeiros valores eternos com respeito ao seu resultado, (como os Teístas Abertos têm demonstrado). Qual a simples verdade de que todas as coisas eternas (Deus e seus pensamentos) devem ser necessárias? Afinal, Deus deliberou? Ele moveu-se do não-saber para o saber? Além disso, onde está fundamentado “X acontecerá” se não na determinação eterna de Deus? E caso contrário, o que significa determinar X sem determinar a causa de X? Será que causas contingentes determinam o decreto eterno de Deus, o que inclui a noção arminiana de “certezas contingentes”?

Uma terceira maneira de se livrar da falácia é utilizar fatos que estão gramaticalmente no passado [e] contemplá-los como no futuro. A progressão abaixo não toma atalhos, então pode parecer um pouco entediante, mas cada passo é apropriado.

Estabelecer a necessidade de crença de Deus sobre a escolha de Tom:
1. 100 anos atrás, Deus sabia que Tom escolheria X amanhã
2. Se X é crido no passado, então agora é necessário que X seja crido então.
3. Então, agora é necessário que 100 anos atrás Deus acreditava que Tom fará X amanhã.

Estabelecer a necessidade da escolha de Tom, dada a necessidade da crença de Deus
4.  Necessariamente, se 100 anos atrás, Deus sabia que Tom faria X amanhã, então Tom fará X amanhã.
5. Se p (i.e, a crença histórica de Deus sobre a escolha de Tom) agora é necessária (3), também necessariamente se p, então q; então q (i.e, a escolha de Tom de X amanhã;[consequente de 4]) agora é necessário [transferido do princípio da necessidade].
6. Então, agora é necessário que Tom fará X amanhã [3, 4 e 5]

Estabelecer que Tom não agiu livremente, dado a necessidade da escolha de Tom.
7. Se agora é necessário que Tom fará X amanhã, então Tom não pode fazer outra coisa.
8. Então, Tom não pode fazer outra coisa que não X amanhã.
9. Se [Tom] não pode fazer outra coisa, então [Tom] não age livremente.
10. Então, quando Tom fizer X amanhã, ele não fará livremente.

Molinistas novamente aceitarão a validade do argumento, mas terão problemas com algumas premissas, ou seja, 5 e, possivelmente também 2. Com respeito a 2, um Molinista pode querer afirmar que a necessidade do passado não se aplica ao passado todo, mas isso é uma censura arbitrária. Um Molinista pode também objetar a premissa 5, onde uma mudança de modalidade ocorre segundo necessidades acidentais (necessidades sobre o passado) são mescladas com necessidades metafísicas que têm a ver com as ações de escolher. Isso, no entanto, representa um caso clássico de distinção sem diferença relevante. A objeção Molinista é a transferência do princípio da necessidade, ainda que eles permitam o mesmo princípio da lógica quando tratam com a validade do argumento 3. Realmente, suas objeções deveriam ser apenas às premissas 2 do argumento 4, mas eles estão preparados para argumentar que o passado é contingente e não necessário?

Dado a objeção de transferência do princípio da necessidade, a posição Molinista reduz-se a: a escolha de Tom de X necessariamente ocorrerá, mas contingentemente. O que significa X ocorrer necessariamente por meios contingentes? Em outras palavras, o que significa uma ocorrência necessária ocorrer contingentemente!? (novamente, “vontade=poder” para o Molinista)

Em suma, o lamento de Craig com o argumento 3 é que ninguém pode provar a necessidade do conhecimento de Deus. Se alguém puder provar a necessidade, então sou conduzido a crer por sua palavra que ele aceitaria a conclusão do argumento 3 acima, que afirma a natureza não-contingente da escolha. Consequentemente, o problema com Craig e seus discípulos durante a prova de 10-passos não deveria ser superior a qualquer alteração na modalidade no passo-5, desde que o mesmo tipo de mudança na modalidade ocorre no argumento 3 sem objeção! A objeção de Craig ao argumento 3 não é uma objeção de mudança de modalidade, mas sim, estritamente uma objeção metafísica pertencente à liberdade de Deus. Não tendo nenhuma objeção modal ali, os Craiguitas não deveriam encontrar nenhum argumento em 4 também. Consequentemente, Craig e seus discípulos deveriam ao menos começar a conceder que, com o tempo, o pré-conhecimento de Deus torna-se necessário (passo 3 – argumento 4), que os conduziriam a abraçar todos os argumentos válidos como sendo sólido dado que não há objeção modal para o argumento 3. Então, por que eles não fazem? Porque o assunto é ético, não intelectual. Essa é a razão. Deus ocultou dos Arminianos as gloriosas doutrinas da graça e é por isso que eles dizem coisas tais como “como Deus pode encontrar culpa, pois quem pode resistir à sua vontade?”. Temo que os Arminianos não reconheçam que Romanos 9 está falando a eles.[2]

Traduzido por Gaspar de Souza





[2] A objeção ao Dr. Craig, bem como a crítica ao Arminianismo, em nada diminui as contribuições que ambos têm prestado ao Cristianismo, nem tampouco venho a considerá-los como “não-Cristãos”. Mantenho meu respeito e admiração pela irmão Dr. Craig e pelos irmãos Arminianos. As palavras do Dr. Cornelius Van Til são-me úteis e diretivas: "Somos gratos e nos alega o trabalho feito por arminianos no testemunho do evangelho. Alegres, por causa do fato de que, a despeito da inconsistência de sua apresentação o testemunho cristão, algo, com muita frequência, da verdade do evangelho brilha para os homens, e eles são salvos"(VAN TIL, Cornelius. O Pastor Reformado e o Pensamento Moderno. São Paulo: Cultura Cristã, 2010. p.55)[Nota do Tradutor]