quinta-feira, 30 de julho de 2009

O Que é Cosmovisão?


Mais um trabalho lá do Monergismo. Recomendo firmemente os trabalhos deste site por ter informações valiosíssimas em áreas como Teologia, Filosofia Reformada, Apologética etc. O site é uma referência até em livros publicados no Brasil, como a Teologia Sistemática de Franklin Ferreira e Allan Myatt.
Neste novo artigo, o assunto trata de um termo já no cenário intelectual (às vezes, nem tanto assim): Cosmovisão. Escrito por Al Wolther, o assunto, retirado do seu livro traduzido pela Editora Cultura Cristã (Criação Restaurada), é abordado com simplicidade e, ao mesmo tempo, com certa profundidade.
Leiam e comentem.
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Este livro é uma tentativa de esclarecer o conteúdo de uma cosmovisão bíblica e sua importância para nossas vidas, à medida que procuramos ser obedientes às Escrituras. As idéias que constituem esta cosmovisão não se originaram comigo. Elas vieram de uma longa tradição de reflexão Cristã sobre as Escrituras e nossa perspectiva total do mundo, uma tradição enraizada nas próprias Escritu-ras. Ela teve como alguns de seus representantes mais proeminentes os Pais da Igreja Irineu e Agos-tinho, e os Reformadores Tyndale e Calvino.

Esta cosmovisão escriturística mencionada é às vezes chamada de "reformacional" após a Reforma Protestante, que descobriu novamente o ensino bíblico concernente à profundidade e escopo do pe-cado e da redenção. O desejo de viver pelas Escrituras somente, antes do que pelas Escrituras ao lado da tradição, é uma marca dos Reformadores. Nós seguimos seu caminho nesta ênfase bem como em querer uma reforma progressiva, em querer ser reformados pelas Escrituras continuamente (ver Atos 17:11; Romanos 12:2), antes do que viver por tradições não examinadas.

A reflexão reformacional na cosmovisão tem ocupado distintas formas à medida que tem se movido no século vinte, algo que pode ser visto especialmente na obra de líderes holandeses como Abraham Kuyper, Herman Bavinck, Herman Dooyeweerd e D. H. T. Vollenhoven. Suas contribuições a uma compreensão mais profunda e articulada da cosmovisão bíblica vieram através da teologia, filosofia e outras disciplinas acadêmicas, e especialmente através da ação cultural e social que surgiram de um profundo desejo de serem obedientes às Escrituras em todas as áreas da vida e do serviço.

O termo cosmovisão [worldview] veio da língua Inglesa como uma tradução da palavra alemã Wel-tanschauung [percepção (de mundo), ponto-de-vista, concepção (de mundo), cosmovisão]. Este termo tem a vantagem de ser claramente distinto de "filosofia" (ao menos no uso alemão) e de ser menos enfadonho do que a frase "visão do mundo e da vida", que foi preferida pelos neo-Calvinistas alemães (provavelmente seguindo um uso feito popular pelo filósofo Alemão [Wilhem] Dilthey). Um sinônimo aceitável é "perspectiva de vida" ou "visão confessional". Nós podemos também falar mais vagamente sobre o conjunto dos "princípios" ou "ideais" de uma pessoa. Um marxista chamá-lo-ia de uma "ideologia"; a classificação mais prevalecente nas ciências sociais hoje provavelmente é "sistema de valores". Estes termos são menos que aceitáveis porque os pró-prios termos possuem conotações de determinismo e relativismo que revelam uma cosmovisão ina-ceitável.

Para nossas finalidades, cosmovisão será definida como "a estrutura abrangente das crenças básicas de alguém sobre coisas". Façamos um exame mais minucioso dos elementos desta definição.

Primeiramente, "coisas" é um termo deliberadamente vago que se refere a qualquer coisa sobre a qual seja possível ter uma crença. Eu estou tomando-o no sentido mais geral que se possa imaginar, como abrangendo o mundo, a vida humana em geral, o significado do sofrimento, o valor da educa-ção, o social, a moralidade e a importância da família. Neste sentido pode-se dizer que até Deus está incluído entre as "coisas" sobre as quais temos crenças básicas.

Segundo, uma cosmovisão é uma matéria das crenças de determinada pessoa. As crenças são diferentes dos sentimentos ou opiniões porque elas possuem uma "reivindicação cognitiva" - isto é, uma reivindicação a algum tipo de conhecimento. Eu posso dizer, por exemplo, que eu "creio" que a educação é o caminho para a felicidade humana. Isto significa que estou afirmando algo sobre o estado das coisas, o que o caso é. Estou querendo defender aquilo em que creio com argumentos. Os sentimentos não colocam reivindicação ao conhecimento, nem podem ser argumentados.

Crenças não são opiniões, tampouco hipóteses. Para ser exato, nós às vezes usamos a palavra crer com aquele tipo de sentido enfraquecido ("Eu creio que Johnny chegará esta noite novamente tarde em casa"), mas eu estou usando aqui a palavra no sentido de "credo", uma crença comprometida, algo que estou disposto não somente a argumentar, mas também a defender ou promover com o gasto de dinheiro ou a paciência em meio ao sofrimento. Por exemplo, pode ser minha crença que a liberdade de expressão seja um direito inalienável na sociedade humana, ou que ninguém possa impor a sua religião a alguma outra pessoa. Sustentar uma crença pode exigir um sacrifício de mi-nha parte, ou a tolerância ao desprezo ou abuso se ela é uma crença dita não-popular ou não-ortodoxa, que os presídios devem castigar bem como reabilitar, ou que a livre iniciativa é o flagelo de nossa sociedade. Todas estas crenças são exemplos do que entra em uma cosmovisão. Tem a ver com as convicções de uma pessoa.

Terceiro, é importante notar que as cosmovisões têm a ver com crenças básicas sobre coisas. Elas têm a ver com questões fundamentais com as quais somos confrontados; elas envolvem assuntos de princípio geral. Eu posso dizer que eu tenho uma crença segura de que os Yankees venceram o World Series de 1956, seguro a ponto de estar disposto a fazer uma grande aposta sobre isto, mas este tipo de crença não é o tipo que constitui uma cosmovisão. É diferente no caso de assuntos pro-fundos morais: A violência pode alguma vez ser justa? Há normas constantes para a vida humana? Existe um motivo para o sofrimento? Nós sobrevivemos à morte?

Finalmente, as crenças básicas que uma determinada pessoa sustenta sobre coisas tendem a formar uma estrutura ou padrão; elas se unem de um certo modo. Eis a razão por que os humanistas freqüentemente falam de um "sistema de valores". Todos nós reconhecemos, em algum grau pelo menos, que devemos ser consistentes em nossas visões, se quisermos tomá-las com seriedade. Nós não adotamos uma posição arbitrária de crenças básicas que não possuam coerência ou não pareçam consistentes. Certas crenças básicas se chocam com outras. Por exemplo, a crença no matrimônio como uma ordenança de Deus não se comporta com a idéia de divórcio fácil. Uma convicção que filmes e teatros são essencialmente "divertimentos mundanos" não é muito consoante com o ideal de uma reforma cristã das artes. Uma crença otimista no progresso histórico é difícil de se harmoni-zar com a crença na depravação do homem.

Isto não é dizer que cosmovisões nunca ou sejam internamente inconsistentes - muitas são (de fato, uma inconsistência pode ser uma das coisas mais interessantes sobre uma cosmovisão) - mas conti-nua sendo verdade que a característica mais significativa da cosmovisão é sua tendência voltada para o padrão e coerência; até suas inconsistências tendem a cair em padrões claramente reconhecí-veis. Além disso, a maioria das pessoas não admite uma inconsistência em sua própria cosmovisão, mesmo quando esta é muito óbvia a muitos outros.

Tem sido assumido em nossa discussão até aqui que todos possuem uma cosmovisão de algum tipo. É este o caso, na realidade? Certamente é verdade que a maioria das pessoas não possui uma respos-ta se elas forem inquiridas de qual é sua cosmovisão, e os assuntos piorariam se eles fossem inquiri-dos sobre a estrutura de suas crenças básicas sobre as coisas. Contudo, suas crenças básicas emer-gem suficientemente depressa quando eles são enfrentados com questões práticas que se levantam, assuntos políticos atuais ou convicções que se confrontam com as suas. Como eles reagem ao servi-ço militar obrigatório, por exemplo? Qual é sua resposta ao evangelismo ou à contracultura, ao pacifismo ou comunismo? Que palavras de condolências podem oferecer ao lado da tumba? Quem eles responsabilizam pela inflação? Qual é a visão deles sobre aborto, pena de morte, disciplina na educação de crianças, homossexualidade, segregação racial, inseminação artificial, censura de fil-mes, sexo extra-conjugal e questões desse tipo? Todos estes assuntos despertam respostas que fornecem indicações da cosmovisão de uma pessoa pela sugestão de certos padrões ("conservador" ou "progressivo", sendo muito rudes e não confiáveis os padrões que a maioria das pessoas reconhece). Em geral, conseqüentemente, todos possuem uma cosmovisão; embora inarticulada, ele ou ela pode expressá-la. Ter uma cosmovisão é simplesmente parte de ser um ser humano adulto.

Qual o papel da cosmovisão em nossas vidas? A resposta a isto, creio, é que nossa cosmovisão funciona como um guia para nossa vida. Uma cosmovisão, até quando ela é meio inconsciente e desar-ticulada, funciona como um compasso ou um mapa de estrada. Ela nos orienta no mundo de forma geral, dando-nos um senso do que é alto e do que é baixo, do que é certo e do que é errado na con-fusão de eventos e fenômenos que nos confrontam. Nossa cosmovisão forma, em um grau significa-tivo, o modo pelo qual avaliamos os eventos, assuntos e estruturas de nossa civilização e de nossa época. Ela nos permite "colocar" ou "situar" os vários fenômenos que estão ao nosso alcance. De fato, outros fatores têm uma função neste processo de orientação (interesse próprio psicológico ou econômico, por exemplo), mas estes outros fatores não eliminam a função orientadora da cosmovi-são de alguém; eles freqüentemente influenciam através de nossa perspectiva de vida.

Uma das características exclusivas dos seres humanos é que nós não podemos fazer nada sem um tipo de orientação ou condução que uma cosmovisão dá. Nós necessitamos ser guiados porque so-mos inescapavelmente criaturas com responsabilidade, que por natureza são incapazes de sustentar opiniões puramente arbitrárias ou fazer decisões inteiramente sem princípios. Nós necessitamos de algum credo para viver por ele, algum mapa pelo qual tracemos nosso curso. A necessidade de uma perspectiva condutora é básica para a vida humana, talvez mais básica do que alimento ou sexo.

Não somente nossas visões e argumentos são decididamente afetados pela nossa cosmovisão, mas também todas as decisões específicas que somos levados a fazer. Quando o relacionamento matri-monial começa a ficar áspero, o divórcio é uma opção? Quando a cobrança de impostos é injusta, você trapaceia em seus formulários de impostos? Os crimes devem ser punidos?". Você demitirá um empregado tão logo isto se torne economicamente vantajoso? Você começará a se envolver em políticas? Você desencorajará seu filho ou filha de ser tornar um artista? As decisões que você faz nestes e muitos outros assuntos são guiadas pela sua cosmovisão. As disputas sobre elas envolvem freqüentemente um conflito de perspectivas de vida básicas.

Novamente, temos de admitir que pode haver inconsistência aqui: não somente podemos sustentar crenças conflitantes, mas às vezes podemos falhar em agir em harmonia com as crenças que susten-tamos. Este é um fato de nossa experiência diária que todos devemos reconhecer. Mas, isto significa que nossa cosmovisão conseqüentemente não tem o papel guiador que estamos atribuindo a ela? Não necessariamente. Um navio pode ser desviado de seu curso por uma tempestade e ainda estar se dirigindo ao seu destino. É o padrão em geral que conta, o fato que o timoneiro faz tudo que for possível para permanecer no curso. Se sua ação está fora de sintonia com suas crenças, você tende a mudar suas ações ou suas crenças. Você não pode manter sua integridade (ou sua saúde mental) por muito tempo se não fizer nenhum esforço para resolver o conflito.

Esta visão da relação de nossa cosmovisão com a nossa conduta é disputada por muitos pensadores. Os marxistas, por exemplo, sustentam que o que realmente guia nosso comportamento não são nos-sas crenças, mas os interesses de classes. Muitos psicólogos olham para as cosmovisões mais como guiadas do que como guiando, como racionalizações para comportamentos que são realmente con-trolados pelas dinâmicas de nossa vida emocional. Outros psicólogos sustentam que nossas ações são basicamente condicionadas pelos estímulos físicos vindos de nosso meio. Seria tolice desconsi-derar a evidência que esses pensadores apresentam para reforçar seus pontos de vista. Na realidade, é verdade que o comportamento humano é muito complexo e inclui tais assuntos como interesses de classes, o condicionamento e a influência de desejos reprimidos. A questão é o que constitui o fator decisivo e dominante que conta para o padrão da ação humana. O modo como respondemos esta questão depende de nossa visão da natureza essencial da humanidade: isto é em si mesmo um assunto de nossa cosmovisão.

Do ponto de vista cristão, devemos dizer que nossa crença é um fator decisivo em nossas vidas, embora as crenças que professamos possam estar em desacordo com as crenças que estão atualmen-te operando em nossas vidas.

É um mandamento do evangelho que vivamos nossas vidas em conformidade com as crenças ensi-nadas nas Escrituras. O fato de freqüentemente falharmos em viver este mandamento, não invalida o fato de que podemos e devemos viver de acordo com nossas crenças.

Qual é, então, o relacionamento da cosmovisão com as Escrituras? A resposta cristã a esta questão é: nossa cosmovisão deve ser formada e testada pelas Escrituras. Ela pode legitimamente guiar nos-sas vidas somente se ela for escriturística. Isto significa que, no assunto da cosmovisão, há um abismo significativo entre aqueles que aceitam estas Escrituras como sendo a Palavra de Deus e a-queles que não aceitam. Isto significa que os cristãos devem constantemente verificar suas crenças da cosmovisão à luz das Escrituras, porque se não o fizerem haverá uma poderosa inclinação a re-ceber muitas de nossas crenças, até as básicas, de uma cultura que tem sido secularizada em ritmo acelerado por gerações. Uma boa parte da finalidade deste livro é oferecer ajuda no processo de reformar nossa cosmovisão, para conformá-la mais estreitamente ao ensino das Escrituras.

Como cristãos, confessamos que as Escrituras têm a autoridade de Deus, que é superior a tudo mais - acima da opinião pública, da educação, da criação de crianças, da mídia, e em resumo, acima de todas as poderosas interferências em nossa cultura pela qual a cosmovisão está constantemente sen-do formada. Contudo, uma vez que estas interferências em nossa cultura deliberadamente ignoram, e de fato usualmente rejeitam por completo a suprema autoridade das Escrituras, há considerável pressão sobre os cristãos para restringirem seu reconhecimento da autoridade das Escrituras à área da Igreja, da teologia e da moralidade pessoal - uma área que tem se tornado basicamente irrelevan-te no rumo tomado pela cultura e pela sociedade como um todo. Esta pressão, contudo, é em si mesma o fruto de uma cosmovisão secular, e deve ser resistida pelos cristãos com todos os recursos de que dispõem. Os recursos fundamentais são as próprias Escrituras.

As Escrituras representam muitas coisas para o cristão, mas a principal é a instrução. Não há passa-gem nas Escrituras que não possa nos ensinar algo sobre Deus e Seu relacionamento conosco. Nós devemos nos aproximar das Escrituras como estudantes, particularmente quando começamos a pen-sar criticamente sobre nossa própria cosmovisão. "Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nos-so ensino foi escrito", diz Paulo sobre o Velho Testamento (Romanos 15:4), e o mesmo se aplica ao Novo Testamento. Eis por que o conceito de "sã doutrina" é tão central no testemunho apostólico - não doutrina no sentido de teologia acadêmica, mas como instrução prática nas realidades de vida e morte de nosso andar em compromisso com Deus. É por meio deste tipo de ensino que a constância e encorajamento provenientes das Escrituras nos capacitam, como Paulo apontou na mesma passa-gem, não para nos desesperarmos, mas para estabelecermos nossa esperança em Cristo. Isto está envolvido também no que Paulo chama a "renovação de nossas mentes" (Romanos 12:2). Nós ne-cessitamos deste renovo se formos discernir qual é a vontade de Deus em toda a sua extensão para nossas vidas - "sua boa, agradável e perfeita vontade". Testar nossa cosmovisão à luz das Escritu-ras e revisá-la de acordo com ela é parte do renovo da mente.

Esta ênfase no ensino escriturístico é claramente um aspecto fundamental da religião cristã. Todas as variedades de cristãos, apesar de todas suas diferenças, concordam sobre este ponto de uma for-ma ou de outra. Contudo é necessário enfatizá-la novamente com referência à questão de nossa cosmovisão, porque quase todos os ramos da Igreja Cristã também concordam que o ensino das Escrituras é basicamente um assunto de teologia e moralidade pessoal, um setor privado rotulado de "sagrado" e "religioso", separado dos amplos assuntos do ser humano, rotulados de "seculares". As Escrituras, de acordo com esta visão, precisam certamente formar nossa teologia (incluindo nossas "éticas teológicas"), mas são, na melhor das hipóteses, somente indiretamente e tangencialmente relacionadas a assuntos seculares tais como política, arte e conhecimento: a Bíblia nos ensina uma visão de Igreja e uma visão de Deus, não uma cosmovisão.

Este é um erro perigoso. Sem dúvida, nós devemos ser ensinados pelas Escrituras em assuntos tais como batismo, oração, eleição e igreja, mas as Escrituras falam centralmente a tudo em nossa vida e mundo, incluindo tecnologia, economia e ciência. O escopo do ensino bíblico inclui assuntos ordi-nários "seculares" como labor, grupos sociais e educação. A menos que tais assuntos estejam apro-ximados em termos de uma cosmovisão baseada honestamente em categorias escriturísticas centrais como criação, pecado e redenção, nossa avaliação destas dimensões supostamente não-religiosas de nossas vidas será provavelmente dominada por uma das competitivas cosmovisões do Ocidente secularizado.

Conseqüentemente, é essencial relacionar os conceitos básicos de "teologia bíblica" à nossa cosmovisão - ou melhor, entender estes conceitos básicos como constituindo uma cosmovi-são. Em certo sentido, o apelo que está sendo feito aqui para uma cosmovisão bíblica é simples-mente um apelo para o crente levar a sério a Bíblia e seu ensino para a totalidade de nossa civiliza-ção agora mesmo, e não para relegá-la a alguma área opcional chamada "religião".

Tudo isto levanta a questão do relacionamento do que eu tenho chamado de "cosmovisão" com a teologia e a filosofia. Este é um assunto que causa certa confusão, uma vez que na conversação co-mum quaisquer perspectivas abrangentes sobre as coisas que apela à autoridade da Bíblia são cha-madas de "teologia", e qualquer perspectiva que apela à autoridade da razão é chamada de "filosofi-a". O problema com este modo de falar é que ele falha em fazer uma distinção entre a perspectiva de vida que todo ser humano tem pelo fato de ser humano e as disciplinas acadêmicas especializa-das que são ensinadas pelos professores de teologia e filosofia. Além disso, ela faz uma suposição equivocada que a teologia não pode ser pagã ou humanística e que a filosofia não pode ser bíblica. A diferença entre cristão e não-cristão não pode ser tão facilmente dividida entre duas disciplinas acadêmicas.

Teologia e filosofia são campos especializados de investigação que nem todos podem adentrar. Elas requerem habilidades especiais, um certo tipo de inteligência e uma quantia considerável de melhor: "conhecimento" ou "instrução". Eles são campos para especialistas treinados. Isto não é dizer que elas estão fechadas ao leigo inteligente; simplesmente significa que os leigos têm uma desvantagem melhor: "definida" em si, pelo simples fato de estarem nas ciências médicas, econômicas e em campos não-acadêmicos específicos como altas finanças e diplomacia internacional. Em todos estes campos há homens e mulheres profissionais, que são especializados na área. Teologia e filosofia não são exceção.

Mas a cosmovisão é um assunto totalmente diferente. Você não necessita de títulos ou habilidades especiais para ter uma perspectiva na vida. Sabedoria bíblica ou sã doutrina não aumentam com o avanço do treinamento teológico. Se aumentasse, os profetas e apóstolos, para não mencionar o próprio Jesus, teriam sido totalmente deficientes comparados com os brilhantes e jovens teólogos de hoje que acabam de sair de uma faculdade. Brilhantismo acadêmico é algo totalmente diferente de sabedoria e de senso comum - e uma cosmovisão é uma questão de sabedoria e senso comum, seja bíblico ou não.

Sem tentar definir precisamente a natureza de "ciência" e "teoria" (que neste contexto podemos considerar sinônimos), podemos dizer que filosofia e teologia, como disciplinas acadêmicas, são cientificas e teóricas, enquanto que uma cosmovisão não é. Uma cosmovisão é uma questão da ex-periência diária da humanidade compartilhada, um componente inescapável de todo saber humano, ou melhor, (desde que o conhecimento cientifico é sempre dependente do conhecimento intuitivo de nossa experiência diária) pré-científico, por natureza. Ela pertence a uma ordem de cognição mais básica do que a da ciência ou teoria. Da mesma forma que a estética pressupõe algum senso inato de beleza, e a teoria legal pressupõe uma noção fundamental de justiça, assim a teologia e filosofia pressupõem uma perspectiva pré-teórica sobre o mundo. Elas dão uma elaboração cientifica de uma cosmovisão.

No geral, então, podemos dizer que cosmovisão, filosofia e teologia são semelhantes no sentido de serem abrangentes em escopo, mas que elas são diferentes no que uma cosmovisão é pré-científica, ao passo que a filosofia e teologia são científicas. A distinção entre filosofia e teologia pode talvez se tornar mais clara se introduzirmos dois conceitos chaves: "estrutura" e "rumo". A filosofia pode ser descrita como aquela disciplina científica abrangente (totalmente orientada) que se foca na estrutura das coisas - isto é, na unidade e diversidade daquilo que é dado nas coisas criadas. Teo-logia (isto é, teologia sistemática cristã), por outro lado, pode ser considerada aquela disciplina cientifica abrangente (totalmente orientada) que se foca no rumo das coisas - isto é, no mal que contagia o mundo e a cura que pode salvá-lo. A filosofia cristã olha para a criação à luz das categorias básicas da Bíblia; a teologia cristã olha para a Bíblia à luz das categorias básicas da criação. Uma cosmovisão, ao contrário, é igualmente relacionada tanto com as questões estruturais como direcionais. Ela não tem contudo a diferenciação de foco característica das disciplinas científicas abrangentes (ou amplas).

Há muito que se pode dizer sobre estas distinções, especialmente sobre a distinção entre estrutura e direção, mas que terá de esperar até um ponto posterior em nossa discussão. No momento estamos somente tocando nele resumidamente para esclarecer o relacionamento entre os três modos abran-gentes de entender o mundo.

Agora que temos uma idéia geral do que uma cosmovisão é, resta-nos falar o que é diferente na cosmovisão reformacional. Que características peculiares a distinguem de outras cosmovisões, tanto da pagã ou humanista como daquelas cristãs.

Devemos começar aceitando o fato que há diferentes cosmovisões cristãs, até dentro da corrente principal da ortodoxia cristã histórica. Há um sentido, naturalmente, em que todas as igrejas cristãs ortodoxas (que iremos entender neste contexto como sendo aquelas igrejas cristãs que aceitam os assim chamados credos ecumênicos da igreja primitiva) compartilham uma boa quantidade do ensi-no bíblico básico. Todas elas aceitam a Bíblia como a Palavra de Deus, crêem em um Criador trans-cendental que fez todas as coisas, que a desgraça humana é devida ao pecado e que Jesus Cristo veio para expiar este pecado e redimir a humanidade de sua maldição, afirmam que Deus é pessoal e triúno, que Cristo é tanto divino como humano, e assim por diante. Nós não devemos minimizar a extensão na qual a Igreja Ortodoxa Oriental, a Católica Romana e vários tipos de tradições protes-tantes compartilham a mesma herança e confissão bíblica.

Não obstante, estamos bem cientes das profundas divisões dentro da igreja cristã. Estas divisões refletem diferenças de cosmovisão bem como diferenças de teologia no sentido estrito da palavra. Gostaria de brevemente identificar as diferenças básicas entre a cosmovisão reformacional e outras cosmovisões cristãs.

Um modo de ver esta diferença é usar a definição básica de fé cristã dada por Herman Bavinck: "Deus o Pai reconciliou o mundo criado por Ele porém caído, através da morte de Seu Filho, e re-nova-o em um Reino de Deus pelo Seu Espírito". A cosmovisão reformacional toma todos os ter-mos chaves nesta confissão trinitariana ecumênica num sentido universal e todo-abrangente. Os termos "reconciliado", "criado", "caído", "mundo", "renova" e "reino de Deus" são tidos por cós-micos no escopo. Em principio, nada à parte do próprio Deus fica fora da extensão destas realidades fundamentais da religião bíblica.

Todas as outras cosmovisões cristãs, ao contrário, restringem o escopo de cada um destes termos de um ou outro modo. Compreende-se que cada um se aplica somente a uma área delimitada do uni-verso de nossa experiência, usualmente chamado de a esfera "religiosa" ou "sagrada". Tudo que esteja fora desta área delimitada é chamado de a esfera "mundana", ou "secular", ou "natural" ou "profana". Todas estas teorias das "duas esferas", como são chamadas, são talvez melhor "varian-tes" de uma cosmovisão basicamente dualística, em oposição à perspectiva integral da cosmovisão reformacional, que não aceita uma distinção entre as esferas sagrada e secular no cosmo.

Esta é uma maneira de explicar a distinção da cosmovisão reformacional. Outra maneira é dizer que suas características distintivas são organizadas ao redor da visão central de que "a graça restaura a natureza" - isto é, a redenção em Jesus Cristo significa a restauração de uma criação originalmente boa. (Naturalmente quero dizer "realidade criada" nestes contextos). Em outras palavras, redenção é re-criação. Se olharmos para isto mais atentamente, podemos ver que esta afirmação básica real-mente envolve três dimensões fundamentais: a criação originalmente boa, a perversão da criação através do pecado e a restauração da criação em Cristo. Isto mostra quão central a doutrina da cria-ção se torna em tal visão, visto que o propósito completo da salvação é, então, o de salvar uma cria-ção corrompida pelo pecado. Nas cosmovisões não-reformacionais, contudo, a graça inclui algo além da natureza, com o resultado que a salvação é algo basicamente "não-criacional", super-criacional, ou até mesmo anti-criacional. Em tais perspectivas, seja o que for que Cristo traga além da criação pertence à esfera sagrada, enquanto que a criação original constitui a esfera secular.

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Nota
Fonte: O Que é Cosmovisão? (www.monergismo.net)

Albert M. Wolters é Professor Adjunto de Religião e Teologia no Classical Languages at Redeemer College, Hamilton, Ontário.

Postado e adaptado por Gaspar de Souza

É BARACK HUSSEIN OBAMA UM AMERICANO NATO?

Já de tempos que venho lendo acerca da nacionalidade do presidente do EUA Barack Hussein Obama. Norte-americanos têm solicitado a comprovação da nacionalidade estadunidense de Barack Hussein. O Jornalista Joseph Farrah oferece 10 mil dólares para quem comprovar que estava presente no nascimento de Obama. Este mesmo jornalista lançou a campanha "Onde está a certidão de nascimento?" e já tem cerca de 400 mil assinaturas e já arrecadou 85 mil dólares!

Por não apresentar a verdadeira certidão de nascimento, Obama foi processado no estado da Pensilvânia


O Prof. Olavo, desde cedo, também confronta os dados e, até agora, não fica claro se Obama é nascido em solo pátrio(clique também aqui). Obama já gastou mais de $ 1 milhão com advogados para esconder este segredo à sete chaves. Caso não seja, ele é inelegível. Mas, cá prá nós, você acredita mesmo que é mais fácil gastar um milhão de dólares do que mostrar a certidão original de nascimento? Como diz certo apresentador do Recife: Durma com uma bronca dessa!
Fiquem com a análise e refutação feita pelo Prof. Olavo de Carvalho ao Jornalista da Reuters que nega que Obama não seja americano nato.
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A arrogância da mentira

Os maiores jornais brasileiros vivem da exploração da boa-fé popular e não vão parar com isso enquanto não se sentirem ameaçados por uma onda de queixas à Delegacia do Consumidor. O único atenuante que podem alegar é que a maior parte das mentiras que sai nas suas páginas vem pronta do exterior. A contribuição nacional aí consiste apenas na abstenção de qualquer exame crítico das fontes, isto é, na recusa obstinada de praticar o dever número um do jornalismo.

Isso é precisamente o que sucede no caso da matéria “Irritada, Casa Branca garante que Obama é cidadão americano”, publicada no Globo dia 27. Assinada por Ross Colvin, da Reuters, a agência mais pró-comunista do mundo Ocidental, não resiste ao mais mínimo confronto com os documentos originais que cita. É mentira do começo ao fim, coisa de um cinismo criminoso que nenhuma inépcia ou distração poderia explicar. Vejam:

1) Um estridente grupo de teóricos da conspiração conhecido como ‘birthers’ (‘nascimentistas’) está transtornando a Casa Branca com sua persistente alegação de que Barack Obama não é cidadão norte-americano nato, e portanto seria inelegível para a Presidência.”

Ninguém está transtornando a Casa Branca. A pergunta sobre a certidão de nascimento de Obama surgiu uma única vez nas conferências de imprensa da presidência, e mesmo assim não foi feita diretamente a Barack Obama, mas a seu porta-voz Robert Gibbs. Se a presidência americana se sente “transtornada” por isso, não é pelo assédio de cobranças, mas pelo conteúdo mesmo da pergunta, à qual não tem podido dar uma resposta satisfatória.

A campanha não alega que Obama não é cidadão americano, mas apenas que ele não apresentou provas de sê-lo. Em vez disto, ele já gastou aproximadamente um milhão de dólares com advogados para esquivar-se de apresentá-las, conduta que seria inexplicável se ele tivesse as provas para apresentar.

Aliás, por que rotular os membros da campanha logo de cara com expressões pejorativas, “birthers” e “teóricos da conspiração”, assumindo a rotulação como adequada, em vez de designá-los de maneira neutra e em seguida informar que seus adversários os chamam por esses pejorativos, como seria a prática normal do jornalismo? Colvin não age como jornalista, mas como relações públicas, mostrando que não está interessado em averiguar os fatos mas em atemorizar quem deseje investigá-los.

2) Desde a campanha eleitoral de 2008 havia quem lançasse a suspeita de que Obama, primeiro presidente negro do país, teria nascido no Quênia, e não no Havaí.

Ninguém “lançou” essa suspeita. O que houve foi que a avó de Obama afirmou ter assistido pessoalmente ao nascimento dele num hospital de Mombasa. O repórter do WorldNetDaily, Jerome Corsi, enviado ao Quênia para averiguar o assunto, foi preso pelo governo local e deportado para os EUA. Diante disso, nenhuma suspeita precisa ser “lançada”: ela surge espontaneamente em qualquer cérebro normal. Mas a grande mídia assumiu como cláusula pétrea abster-se de noticiar ou investigar esses dois fatos, preferindo, em vez disso, chamar de “teóricos da conspiração” quem quer que os mencionasse mesmo sem tirar deles qualquer conclusão quanto à nacionalidade de Obama.

3) A ‘certidão de nascido vivo’ de Obama, conforme a cópia divulgada na Internet, mostra que ele nasceu em Honolulu às 19h24 de 4 de agosto de 1961.

Colvin omite a informação básica de que a “certification of live birth” publicada no site de campanha de Obama não é um xerox, um arquivo computadorizado ou mesmo um traslado da sua certidão de nascimento original (‘birth certificate’), mas apenas um resumo enviado por internet, no qual faltam informações essenciais da certidão original, como o hospital de nascimento – dado que se torna tanto mais importante porque os mais fanáticos defensores de Obama se desmentem uns aos outros, citando dois hospitais diferentes.

Durante a campanha eleitoral, o Congresso investigou minuciosamente a nacionalidade de John McCain, recusando-se a fazer o mesmo com Obama. McCain teve de apresentar a certidão de nascimento original (‘birth certificate’), enquanto Obama, livre de constrangimentos, se contentava com publicar o resumo eletrônico no seu site de campanha.

4) A entidade apartidária FactCheck.org, ligada à Universidade da Pensilvânia, examinou, manipulou e fotografou a certidão original e concluiu que ‘atende a todos os requisitos do Departamento de Estado para conceder cidadania dos EUA’.

Mentira grossa. FactCheck não fotografou a certidão original, mas apenas a versão impressa do resumo eletrônico.

A segunda parte da frase é pura desconversa. A Constituição Americana estabelece uma diferença entre “cidadão”, que é qualquer um nascido em território americano ou aceito como imigrante, e “cidadão nativo”, nascido em território americano de pai e mãe americanos, o que com toda a evidência não é o caso de Obama (seu pai, nascido no Quênia, era súdito britânico). A mesma Constituição determina que só os “cidadãos nativos” podem ocupar a Presidência. Há controvérsias quanto à interpretação deste ponto e elas podem ser usadas como argumento em favor de Obama, mas não tem sentido alegar ao mesmo tempo que há controvérsias e que a elegibilidade de Obama não é controvertida.

5) O FactCheck.org também cita o fato de que os pais de Obama (ele queniano; ela norte-americana) colocaram um anúncio em um jornal local, em 13 de agosto de 1961, anunciando o nascimento do filho.

O anúncio não diz onde nasceu o menino; só informa que os Obamas tiveram um filho e que sua residência era na rua tal, número tanto, em Honolulu – informação que por si já é mentirosa porque na data do parto mamãe Obama morava e estudava em Seattle, a duas mil milhas de Honolulu.

Colvin nem de longe menciona que a certidão original não é o único documento de Obama que continua inacessível. Desde o tempo em que era candidato, o atual presidente mantém sob estrito sigilo todos os papéis equivalentes aos que seu adversário teve de exibir ao Congresso: registros escolares, teses acadêmicas, exames médicos, passaportes (inclusive o misterioso passaporte, provavelmente indonésio, com que ele conseguiu entrar no Paquistão quando ali era proibida a entrada de americanos), etc. O único documento que veio à tona, além da malfadada “certification of live birth” e da matrícula numa escola indonésia, foi um alistamento militar obviamente forjado ou então miraculoso: assinado em 1988 num formulário que só veio a ser impresso em 2008.

O que torna os documentos faltantes ainda mais necessários, e a sua ocultação ainda mais inaceitável, é o fato de que Obama tem mentido sobre sua biografia com a constância de um mitômano. Ele disse que nunca recebeu educação islâmica (os papéis da escola indonésia provam que recebeu), que nunca militou num partido socialista (logo apareceu a carteirinha), que seu pai foi pastor de cabras (nunca foi), que seu tio participou da libertação de Auschwitz (só se fosse soldado russo), etc. etc. Sua mais recente e primorosa lorota foi pronunciada na homenagem aos astronautas da Apolo-11: com a maior cara de pau, o homem disse que, como tantos outros havaianos emocionados, havia assistido pessoalmente à descida da cápsula espacial nas praias de Honolulu. O problema é que, nesse dia, ele estava na Indonésia.

Para completar, a tropa-de-choque obamista, no desespero de desviar-se de perguntas irrespondíveis, tem recorrido aos argumentos mais incongruentes para dissuadir os curiosos. Por exemplo: funcionários do Registro Civil do Havaí asseguram que têm nos seus arquivos a certidão original de Obama (não a mostram nem informam o que está escrito lá), enquanto o presidente da CNN, tentando calar as perguntas do seu âncora Lou Dobbs, afirma que a questão está superada porque não existe mais certidão original – todos os arquivos do Registro Civil Havaiano foram destruídos em 2001.

Tanto o nascimento de Obama quanto sua vida inteira são histórias mal contadas, repletas de absurdidades e contradições. O autoritarismo arrogante e cego com que o governo e a grande mídia exigem que um povo inteiro aceite essas histórias sem fazer perguntas, sob ameaça de ser acusado de extremismo de direita, já basta para mostrar que algo de muito grave – seja a nacionalidade, seja lá o que for – está sendo deliberadamente escondido.

Que a mídia nacional faça eco servilmente a essa exigência arrogante, como se cada jornalista brasileiro fosse assessor de imprensa do presidente de uma nação estrangeira, é decerto um dos episódios mais deprimentes na vida de profissionais que já mostraram, no caso do Foro de São Paulo, sua disposição solícita de vender-se barato aos interesses políticos mais vis, a um conluio abjeto de ladrões, traficantes e assassinos.

P. S. Tão logo enviei este artigo ao DC, chegou a notícia de que a Sra. Chiome Fukino, a alta funcionária do Registro Civil havaiano que afirmara ter visto a certidão original de Obama nos arquivos da repartição, agora assegura que ele nasceu mesmo em Honolulu. Como antes ela se esquivava de dar essa informação porque a lei a proibia de revelar dados do documento sem autorização do próprio Obama, não se sabe se ela decidiu violar a lei ou se recebeu o sinal verde de Obama para falar. Nesta última hipótese, o caso fica mais nebuloso ainda: por que autorizar uma entrevista sobre o documento e continuar mantendo oculto o próprio documento? Quem, ao solicitar uma carteira de motorista, apresenta, em vez da certidão de nascimento, o testemunho de alguém que jura tê-la visto?

Veja com seus próprios olhos a diferença entre uma certidão de nascimento original e o resumo publicado por Obama.




Fonte: Olavo de Carvalho
Postado por Gaspar de Souza

Antiga Leitura das Escrituras - Parte II

A Mente Moderna e a Leitura das Escrituras (clique aqui para a Parte 1)

Durante o século XIX, com a chegada da Era Científica Moderna, influenciada pelo que ficou conhecido como Racionalismo, em que todas as coisas, religiosas ou não, mas principalmente as religiosas, deveriam ser julgadas pela Razão, julgou-se que a Razão Humana substituiria a confiança no sobrenatural, isto é, em Deus e em Sua Palavra.

Desde a reviravolta científica do século XIX, as Escrituras passaram, então, a ser alvo de críticas pesadas por parte das novas ciências que surgiam.

Moisés Silva (1985) comenta que a Fil
osofia, a História, a Ciência, a Lingüística, Crítica Literária e da própria Teologia passaram a questionar as reivindicações das Escrituras quanto a assunto como Inspiração, Inerrância, dados Históricos.

Livros bíblicos com o de Gênesis foram submetidos aos escrutínios da Teoria da Evolução, gerando debate entre Criação x Evolução.

A estrutura reducionista da Ciência (HALL, 2002, p. 25) fez com fossem buscadas novas formas de se Ler a Bíblia. Não era mais possível se crer nos milagres ou em qualquer outro dado registrado nas Escrituras que não se adequassem a Razão humana. O resultado é um ser humano secularizado.
Neste primeiro momento a Bíblia passou a ser lida como um livro de historinhas ou lendas que contavam como a religião de um povo, os judeus, haviam se desenvolvido. Não havia diferenças entre a Bíblia e os outros livros de Religião dos Povos. Julgavam que as Escrituras estavam cheias de erros ou mitologias. Separam a Fé da História. As Escrituras foram olhadas como um livro de Fé e não de História. Ela era investigada dentro das categorias racionalistas devendo ser lidas como um texto científico. As conseqüências foram o abandono da Revelação Divina nas Escrituras para se adotar um Humanismo, isto é, o homem como a medida de todas as coisas. Nos lugares onde as Escrituras foram assim tratadas, as Igreja pereceram, se resumindo a encontros sociais de fins de semana.A Leitura das Escrituras passou agora a ser atrelada a aqueles que possuíam os “cânones da Razão”.

No entanto, esqueceram-se de que o homem é um ser natural
mente religioso. Na busca de respostas para os porquês da vida, ele procura as respostas em qualquer lugar que lhe ofereça uma “tábua de salvação” no “oceano de uma vida sem sentido”.

A Ciência não pôde dar respostas aos anseios do Ser Humano. A Modernidade não trouxe confiança ao Ser Humano. Pelo contrário, gerou desconfiança no progresso dele. A autoridade da Igreja foi transferida para Razão. Em quem confiar? A Modernidade gerou o seu maior inimigo: A Pós-Modernidade. Mas o que Pós-Modernidade?


Continua nos próximos posts....
Postado por Gaspar de Souza

terça-feira, 28 de julho de 2009

Antiga Leitura das Escrituras - Parte 1

"NÃO TENHO FÉ SUFICIENTE PARA SER ATEU" - É PRECISO FÉ PARA SER ATEU?

Gentilmente cedido pelo colega Felipe Sabino, o artigo abaixo desmonta o falso argumento de que é preciso fé para ser ateu. Aliás, tal é o título do livro de Geisler que, embora o conteúdo seja bom, o título é pessímo. Quanta fé é preciso para ser Ateu? Quer dizer que o Ateu tem mais fé do que o Cristão? Se eu tivesse "Fé Suficiente", então eu seria um Ateu? Deixo para os leitores a excelente exposição do Vicent Cheung sobre este assunto. Depois, deixe seus comentários e impressões.
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Sem “Fé” Suficiente para ser um Ateu?

No contexto de defesa do Cristianismo, crentes algumas vezes diriam algo como, “Eu não tenho suficiente para ser um ateu”. Até mesmo alguns pressupocionalistas abusam da palavra dizendo que toda cosmovisão deve começar estabelecendo seus princípios sobre “fé”.

Contudo, isto é tanto biblicamente falso como estrategicamente tolo.

Quando não-cristãos fazem a acusação de que nós afirmamos o Cristianismo baseados somente na “fé”, eles não estão usando a definição bíblica da palavra, mas por ela eles querem dizer algo como, “crença por mera suposição sem qualquer justificativa racional”. Alguns cristãos então, fazem um caso racional para o Cristianismo, e concluem, “É necessário mais fé para ser um ateu, e eu não tenho fé suficiente para ser um ateu”.

Quando usada desta forma, fé significa mera credulidade, e isto implica que o Cristianismo é afirmado por credulidade, sendo que a única diferença é que é necessário mais credulidade para ser um ateu. Este uso anti-bíblico da palavra encoraja nossa audiência a ter uma pequena credulidade, para que nos tornemos um cristão, mas não tanta, a fim de que não nos tornemos um ateu. Mas se isto é o que fé significa, então por que não renunciar toda a credulidade e não ter fé alguma?

O problema é agravado ainda mais quando os cristãos afirmam no mesmo contexto que fé não é mera credulidade, mas que ela é racional. Mas se adicionarmos isto à declaração anterior, “Eu não tenho fé suficiente para ser um ateu”, então, ela torna-se uma admissão de que o ateísmo é mais racional, a qual é exatamente o que negamos quando primeiramente dissemos, “Eu não tenho fé suficiente para ser um ateu”

No contexto bíblico, fé é sempre uma coisa boa, e é sempre bom ter mais fé. Mas repentinamente, no próprio contexto da defesa da “fé”, afirmamos que o ateísmo deve começar também com “fé”, e que os ateus de fato têm mais “fé”, visto que é necessário mais “fé” para ser um ateu.

Então, na mesma discussão ou debate, dizemos também que “fé” é racional, e que os ateus não têm fé de forma alguma, pois ela é um dom de Deus. Ou estamos dizemos que um pouco deste dom divino nos faria cristãos, mas que muito dele nos faria ateus?

Se estivermos usando a definição bíblica se estivermos falando sobre o tipo de fé que temos e que queremos que os nossos ouvintes tenham então, a verdade é que se eu tiver alguma fé, mesmo tão pequena como um grão de mostarda, eu não serei um ateu. O ateu não tem nenhuma fé, nem mais fé. Se estivermos usando a definição bíblica da palavra, então se você tiver alguma fé, você já é um cristão.

Assim, este uso da palavra fé pode parecer esperto para alguns, mas ele é de fato anti-bíblico, tolo, confuso e auto-destrutível. Pelo menos no contexto de uma discussão bíblica, não deveríamos nunca usar a palavra desta forma, isto é, para denotar credulidade.

Ao invés de dizer, “Eu não tenho o suficiente de uma coisa boa para ser um ateu”, deveríamos dizer, “Eu não tenho o suficiente de uma coisa ruim para ser um ateu”. Assim, é muito mais apropriado dizer, “Eu não sou estúpido o suficiente para ser um ateu”.

Segue-se também que nunca deveríamos dizer, “Todos nós temos que começar à partir da fé”. Não, não temos. Todos nós começamos à partir de alguns primeiros princípios como o ponto lógico de partida de todo o nosso pensamento. Os cristãos afirmam a Escritura como o seu ponto de partida pela fé-razão (um dom divino de assentir à verdade, que é eminentemente racional), mas os não-cristãos afirmam seus vários primeiros princípios, que são falsos e irracionais, por sua impiedade e credulidade.

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Nota sobre o autor: Vincent Cheung é o presidente da Reformation Ministries International [Ministério Reformado Internacional]. Ele é o autor de mais de vinte livros e centenas de palestras sobre uma vasta gama de tópicos na teologia, filosofia, apologética e espiritualidade. Através dos seus livros e palestras, ele está treinando cristãos para entender, proclamar, defender e praticar a cosmovisão bíblica como um sistema de pensamento compreensivo e coerente, revelado por Deus na Escritura. Ele e sua esposa, Denise, residem em Boston, Massachusetts. http://www.rmiweb.org/


Fonte: Monergismo

Postado por Gaspar de Souza

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Um Pouco de Apologética Pressuposicional

A COSMOVISÃO CRISTÃ, A COSMOVISÃO ATEÍSTA E A LÓGICA

Pode uma ateísta apresentar uma razão lógica de como sua cosmovisão pode dar satisfações para as abstratas leis da lógica? Eu penso que não. Mas, a cosmovisão Cristã pode. A cosmovisão cristã declara que Deus é o autor da verdade, lógica, leis físicas etc. Ateístas mantêm que leis físicas são propriedades da matéria, e que a verdade e lógica são convenções relativas (princípios consentidos). Isto é logicamente defensável? Apresento este esboço na esperança de esclarecer o assunto e apresentar, o que eu considero, um problema insuperável da cosmovisão ateísta. Eu hesito declarar que isto seja uma prova que Deus existe, mas eu creio isto seja uma evidência da absoluta natureza de Deus. Este argumento é adaptado do Argumento Transcendental defendido por Greg Bahnsen.


  1. COMO OS CRISTÃOS DESCREVEM AS LEIS DA LÓGICA?
    1. A cosmovisão cristã declara que Deus é absoluto e o padrão da verdade.
    2. Então, as leis absolutas da lógica existem porque refletem a natureza absoluta de Deus.
      1. Deus não criou as leis da lógica. Elas não foram trazidas à existência, desde que elas refletem os pensamentos de Deus. Desde que Deus é eterno, as leis da lógica também são.[1]
    3. O Homem, ser criado à imagem de Deus, é capaz de descobrir essas leis da lógica. Ele não as inventou.
    4. Então, o Cristão pode declarar a existência das leis da lógica por reconhecer sua origem em Deus e que o Homem é único capaz de descobri-las.
    5. Apesar disso, o Ateísta pode dizer que esta resposta é simplista e conveniente. Pode ser, porém, pelo menos a cosmovisão cristã pode explicar a existência da lógica e si mesma.
  2. EXEMPLO DAS LEIS DA LÓGICA
    1. Lei da Identidade – algo é o que é. As coisas que existem tem uma natureza definida.
    2. Lei da Não Contradição – algo não pode ser e não ser ao mesmo tempo, na mesma forma e no mesmo sentido.
    3. Lei do Terceiro Excluído – uma proposição ou é verdadeira ou falsa. Assim, a declaração “uma proposição ou é verdadeira ou falsa” é verdadeira ou falsa.
  3. Como o Ateísta descreve as Leis da Lógica.
    1. Se o Ateísta declara que as leis da lógica são convenções (mutuamente combinada sob conclusão), então as leis da lógica não são absolutas porque elas são sujeitas ao “voto”
    2. As leis da Lógica não são dependentes das mentes de pessoas diferentes, desde que pessoas são diferentes. Então, elas não podem ser baseadas no pensamento do homem, pois os pensamentos dos homens são frequentemente contraditórios.
    3. Se o Ateísta declara que as leis da lógica são derivadas por observar princípios naturais encontrados na natureza, então ele está confundindo a mente com o universo.
      1. Nós descobrimos leis da física por observar e analisar o comportamento das coisas em nosso redor. As leis da lógicas não são resultados de comportamento observável dos objetos ou ações.
        1. Por exemplo, na natureza não se ver nada que seja e não-seja ao mesmo tempo.
        2. Por que? Porque nós só podemos observar fenômenos que existem, não um que não existe. Se algo não é, então não existe. Como pode, então, as características de algo não existente serem observadas? Elas não podem.
        3. Então, nós não descobrimos a lei da lógica pela observação, mas pelo pensamento.
      2. Ou, onde na natureza nós observamos que alguma não pode trazer em si mesma à existência se ela não já existe?
        1. Você não pode fazer observações sobre como alguma coisa que não ocorre se ela não existe. Você não deveria, principalmente, observar coisa alguma, e, como pode qualquer lei da lógica ser aplicada ou derivada, nada observando?
      3. As leis da lógica são realidades conceituais. Elas apenas existem na mente e elas não descrevem o comportamento físico das coisas porque comportamento é ação, e leis da lógica não são descrições de ação, mas de verdade.
        1. Em outras palavras, leis da lógica não são ações. Elas não são declarações sobre conceituais de pensamentos padrão. Embora alguém pudesse dizer que a lei da física (i.e, o anglo da reflexão é igual ao anglo da incidência) é uma declaração que seja conceitual, isto é uma declaração que descreve um ato físico e comportamento observável. Mas, lógica absoluta não é observável e não descreve comportamento ou ação das coisas, desde que ela reside completamente na mente.
        2. Nós não observamos as leis da lógica ocorrerem na matéria. Você não observa um objeto trazendo à existência se ele não existe. Então, nenhuma lei da lógica pode ser observável por não vê-las.
      4. Se o Ateísta apela para o método cientifico para explicar as leis da lógica, então ele está usando uma argumentação circular porque o método científico é dependente da lógica; ou seja, raciocinou pensando aplicar a observação.
      5. Se a lógica não é absoluta, então nenhum argumento lógico para ou contra a existência de Deus pode ser levantado, e o Ateísta não tem nada a fazer com isso.
      6. Se a lógica não é absoluta, então a lógica não pode ser usada para provar ou negar o que quer que seja.
      7. Ateístas usarão a lógica para negar a existência de Deus, mas fazendo isto eles estão assumindo o absoluto das leis absolutas e emprestando da Cosmovisão Cristã.
        1. A cosmovisão cristã mantém que as leis da lógica são absolutas porque elas vêm de Deus, que é absoluto em si mesmo.
        2. Mas a cosmovisão ateísta não tem um Deus absoluto.
        3. Então, perguntamos, “como pode leis absolutas, conceituais, abstratas serem derivadas de um universo de matéria, energia e movimento?
        4. Em outras palavras, “como pode um ateísta com uma pressuposição naturalista explicar a existência da lógica absoluta quando lógica absoluta é conceitual por natureza e não física, energia ou ação?
  1. Conclusão
    1. A cosmovisão teísta cristã pode explicar as leis da lógica por afirmar que elas foram criadas por Deus.
      1. Deus é transcendente; quer dizer, Ele está além do universo material, sendo seu criador.
      2. Deus deu origem às leis da Lógica porque elas refletem sua natureza.
      3. As leis da lógica são absolutas.
      4. Elas são absolutas porque existe um Deus absoluto.
  2. A cosmovisão ateísta não pode explicar as leis da lógica/absolutas, e deve pegar emprestado da cosmovisão cristã a fim de argumentar racionalmente.



Fonte: www.carm.org


Traduzido e postado por Gaspar de Souza


[1] Há, entre os Apologetas e Filósofos Reformados, divergências quanto a esta questão. Alguns, de fato, acreditam que as Leis da Lógica são criadas por Deus(p.e. Herman Dooyeweerd). Aguarde a tradução do artigo do Richard Pratt “Does God Observe the Law of Contradiction? . . . Should We?(Third Millenium Ministries). Também é preciso afirmar que há, entre os estudiosos da lógica, divergência acerca da Lei da Não-Contradição. Como demonstra Pratt, a visão de Aristóteles tem sido desafiada por inúmeros pensadores modernos como Frege, Ayers, Russell, Einstein, Whitehead, Heisenberg, Lukasiewicz, Zadeh e Kosko. Veja o post anterior.(Nota do tradutor)