sábado, 31 de dezembro de 2011

Alimentando as Ovelhas ou Divertindo os Bodes

C.H. Spurgeon (1834-1892) era pregador, autor e editor britânico. Foi pastor do Tabernáculo Batista Metropolitano, em Londres, desde 1861 até a data de sua morte. Fundou um seminário, um orfanato e editou uma revista mensal chamada “Sword na Trowel”. Conhecido como “Príncipe dos Pregadores”, Spurgeon escreveu muitos livros e artigos, particularmente na área devocional. Deixou um legado de vida piedosa, marcada por um profundo amor ao Senhor Jesus Cristo e por dedicados esforços ara alcançar almas perdidas.

Existe um mal entre os que professam pertencer aos arraiais de Cristo, um mal tão grosseiro em sua imprudência, que a maioria dos que possuem pouca visão espiritual dificilmente deixará de perceber. Durante as últimas décadas, esse mal tem se desenvolvido em proporções anormais. Tem agido como o fermento, até que toda a massa fique levedada. O diabo raramente criou algo mais perspicaz do que sugerir à igreja que sua missão consiste em prover entretenimento para as pessoas, tendo em vista ganhá-las para Cristo. A igreja abandonou a pregação ousada, como a dos puritanos; em seguida, ela gradualmente amenizou seu testemunho; depois, passou a aceitar e justificar as frivolidades que estavam em voga no mundo, e no passo seguinte, começou a tolerá-las em suas fronteiras; agora, a igreja as adotou sob o pretexto de ganhar as multidões.


Minha primeira contenção é esta: as Escrituras não afirmam, em nenhuma de suas passagens, que prover entretenimento para as pessoas é uma função da igreja. Se esta é uma obra cristã, por que o Senhor Jesus não falou sobre ela? .Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. (Mc 16.15) . isso é bastante claro. Se Ele tivesse acrescentado: .E oferecei entretenimento para aqueles que não gostam do evangelho., assim teria acontecido. No entanto, tais palavras não se encontram na Bíblia. Sequer ocorreram à mente do Senhor Jesus. E mais: .Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres. (Ef 4.11). Onde aparecem nesse versículo os que providenciariam entretenimento? O Espírito Santo silenciou a respeito deles. Os profetas foram perseguidos porque divertiam as pessoas ou porque recusavam-se a fazê-lo? Os concertos de música não têm um rol de mártires.

Novamente, prover entretenimento está em direto antagonismo ao ensino e à vida de Cristo e de seus apóstolos. Qual era a atitude da igreja em relação ao mundo? .Vós sois o sal., não o .docinho., algo que o mundo desprezará. Pungente e curta foi a afirmação de nosso Senhor: .Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. (Lc 9.60). Ele estava falando com terrível seriedade!

Se Cristo houvesse introduzido mais elementos brilhantes e agradáveis em seu ministério, teria sido mais popular em seus resultados, porque seus ensinos eram perscrutadores. Não O vejo dizendo: .Pedro, vá atrás do povo e diga-lhe que teremos um culto diferente amanhã, algo atraente e breve, com pouca pregação. Teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que com certeza realizaremos esse tipo de culto. Vá logo, Pedro, temos de ganhar as pessoas de alguma maneira! . Jesus teve compaixão dos pecadores, lamentou e chorou por eles, mas nunca procurou diverti-los. Em vão, pesquisaremos as cartas do Novo Testamento a fim de encontrar qualquer indício de um evangelho de entretenimento. A mensagem das cartas é: .Retirai-vos, separai-vos e purificai-vos!. Qualquer coisa que tinha a aparência de brincadeira evidentemente foi deixado fora das cartas. Os apóstolos tinham confiança irrestrita no evangelho e não utilizavam outros instrumentos. Depois que Pedro e João foram encarcerados por pregarem o evangelho, a igreja se reuniu para orar, mas não suplicaram: .Senhor, concede aos teus servos que, por meio do prudente e discriminado uso da recreação legítima, mostremos a essas pessoas quão felizes nós somos.. Eles não pararam de pregar a Cristo, por isso não tinham tempo para arranjar entretenimento para seus ouvintes. Espalhados por causa da perseguição, foram a muitos lugares pregando o evangelho. Eles .transtornaram o mundo.. Essa é a única diferença! Senhor, limpe a igreja de todo o lixo e baboseira que o diabo impôs sobre ela e traga-nos de volta aos métodos dos apóstolos.

Por último, a missão de prover entretenimento falha em conseguir os resultados desejados. Causa danos entre os novos convertidos. Permitam que falem os negligentes e zombadores, que foram alcançados por um evangelho parcial; que falem os cansados e oprimidos que buscaram paz através de um concerto musical. Levante-se e fale o alcoólatra para quem o entretenimento na forma de drama foi um elo no processo de sua conversão! A resposta é óbvia: a missão de prover entretenimento não produz convertidos verdadeiros. A necessidade atual para o ministro do evangelho é uma instrução bíblica fiel, bem como ardente espiritualidade; uma resulta da outra, assim como o fruto procede da raiz. A necessidade de nossa época é a doutrina bíblica, entendida e experimentada de tal modo, que produz devoção verdadeira no íntimo dos convertidos.

Por último, a missão de prover entretenimento falha em conseguir os resultados desejados. Causa danos entre os novos convertidos. Permitam que falem os negligentes e zombadores, que foram alcançados por um evangelho parcial; que falem os cansados e oprimidos que buscaram paz através de um concerto musical. Levante-se e fale o alcoólatra para quem o entretenimento na forma de drama foi um elo no processo de sua conversão! A resposta é óbvia: a missão de prover entretenimento não produz convertidos verdadeiros. A necessidade atual para o ministro do evangelho é uma instrução bíblica fiel, bem como ardente espiritualidade; uma resulta da outra, assim como o fruto procede da raiz. A necessidade de nossa época é a doutrina bíblica, entendida e experimentada de tal modo, que produz devoção verdadeira no íntimo dos convertidos.


Fonte: Editora Fiel

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Brasil: dos eleitos e seus eleitores


ESCRITO POR EDSON CAMARGO | 29 DEZEMBRO 2011


(1) Começando por algo de mais recente: Carlos Marighella é o novo herói nacional, segundo o PT.Vamos a um trecho da sua obra “intelectual”:

"os modelos de ação que o guerrilheiro urbano pode realizar são os seguintes:

a. assaltos
b. invasões
c. ocupações
d. emboscadas
e. táticas de rua
f. greves e interrupções de trabalho
g. deserções, desvios, tomas, expropriações de armas, munições e explosivos
h. libertação de prisioneiros
i. execuções
j. seqüestros
l. sabotagem
m. terrorismo
n. propaganda armada
o. guerra de nervos"

(do Mini-Manual do Guerrilheiro Urbano, cap. 9)

Alguém aí ainda estranha por que o PCC orienta seus cães a votar no PT?

Quanto às famílias das vítimas da “obra” de Marighella e da sua Aliança Libertadora Nacional, fico esperando (sentado) as honrarias, reparações e indenizações vindas das hostes petistas encalacradas no governo.

Adiante.

(2) A seguida queda de ministros enlameados até o cocoruto – e as desconversas após a demissão, como se a mera perda do cargo os anistiasse diante da Justiça e da opinião pública. Alguém aí sabe se algo de realmente sério, do ponto de vista jurídico, foi aplicado ao caso Palocci, o ministro que enriquece à velocidade da luz?

(3) O governo paralelo do Pajé Dirceu, que visa, sobretudo, manter, compensar, e se possível (e é, infelizmente) “lavar a égua” com os esquemões surgidos desde a chegada de Lula a Brasília.

(4) A tentativa de calar a imprensa, por meio do “controle social” revolucionário, apoiado por todo um bando de jornalistas contrários à liberdade de imprensa, grande invenção brasileira for export.

(5) A doutrinação socialista descarada nas escolas, além do kit-gay (aguarde o kit-Marighella), e as palhaçadas fraudulentas e ideologicamente manipulatórias do ENEM.

(6) A insistência nas políticas pró-aborto e as intervenções na família por meio de leis como a da “palmada” (anticristã, sobretudo), e da proibição do homeschooling.

(7) Nem é necessário falar do histórico e contínuo apoio do PT às FARC, ao ELN, a Chávez, a Fidel, a Evo Morales, vide o papel central do PT nas atividades do Foro de São Paulo. Da desinformação ao narcoterror em toda a América Latina, o PT sempre dá seu empurrãozinho.

(8, 9, 10, 11...) E há mais absurdos, mas é impossível lembrar de tudo. Opa, lembram do Aerolula? Há alguns escândalos que basta a menção de um nome, ou um mero substantivo, e logo se percebe que é impossível reaver tantas investigações nas estranhas do poder político, para tentar, nem digo lavar a roupa suja, mas ao menos manter alguma legitimidade jurídica à permanência do PT no governo. Delúbio. Erenice. Valdomiro. Sarney. Cueca. Rafale. Lulinha. ONG's. Petrobras. Orlando Silva. Aloprados. Francenildo. Cartões Corporativos. Mensalão. A carga tributária. A dívida pública exorbitante: 1,5 trilhão. Fernando Pimentel. Its never ends...

Abomino a ideia do governo se metendo no mercado, na saúde, e na economia. O PT ama, é da essência totalitária. E o grosso do nosso povo também, afinal, para muitos Getúlio Vargas ainda é ícone. E o que o PT prometeu? O de sempre, o paraíso proporcionado pelo Estado. E como estão as coisas após uma década de PT no governo? SUS para um adoentado queridinho da mídia e da elite acadêmica? "Ah, pare, que ofensa."

É difícil listar, num breve artigo, tantos escândalos, tanto golpes, tanta patifaria.

Diante de tudo isso, só se pode concluir que, no Brasil, a impunidade do PT e sua trupe se tornou o fundamento da governabilidade.


E os eleitores, onde entram nessa? Como se comporta nosso típico eleitor "politizado", aspirante a formador de opinião no Facebook (aquele aterro sanitário)?

Bem, ele não sabe quem é Aleksandr Dugin, ou Herman Von Rumpuy, e quer falar do jogo geopolítico no mundo.

Não sabe o que é keynesianismo, nem da estratégia Cloward-Piven, e quer falar da economia mundial.

Confunde gay com gayzista, negro com afronazi, trabalhador rural com militante do MST, e quer não só posar de bem informado, como impor rótulos odiosos a quem discorda.

Louva o saber científico, mas adere a qualquer slogan catastrofista de ongueiro vegan. Só para ficar na moda.

Louva a liberdade, mas, da regulação dos mercados à proibição de certas palavras, ele defende absolutamente tudo. Afinal, ele é “do bem”.

E ele é sempre “crítico”. Mas sua “crítica” não é nada além do que o repeteco do consenso. Afinal, ele é “antenado”. “Antenado” é o novo nome do “maria-vai-com-as-outras”, da vaca que vai ao matadouro seguindo “as novas tendências, as novas ‘demandas sociais’”. Tanto que, veja só, ele acreditou piamente na “primavera árabe”. E na seriedade do Protocolo de Kyoto, afinal, as "mudanças climáticas" estão aí... Pergunta se ele soube do primeiro Climategate? Nunca! E do segundo? Jamais.

E até se diz cristão. Mas diante da foto de um entusiasta do aborto amigo de velhos terroristas, que foi financiado a vida toda pela elite saudita, perseguidora brutal de cristãos, a figura vibra: “Esse Obama é o cara!”

Eis a “pessoa bem informada” dos dias de hoje.

Ele até tem um amigo que pensa bem diferente dele, e o confronta: “Ih, o fulano, o “teórico da conspiração”! (No Brasil, esse é o nome de quem sabe mais do que o Bonner contou, ou, dependendo do ambiente, mais do que saiu nas páginas 2 e 3 da Falha de São Paulo.) Para este cidadão “bem informado”, o amigo “vê coisas”, é “paranóico”, “se acha muito inteligente”, está sempre “revoltado” e “gosta de discordar”. Como Festus ao apóstolo, ele escarnece: “as muitas leituras o deixam louco”.

E nem desconfia que essa afetação de superioridade não passa de uma variante modernete do velho farisaísmo.

Nem desconfia que conhecer a realidade tem um preço. E que dificilmente são muitos os que querem pagá-lo. E que assistir ao telejornal não basta, e do jeito que as coisas andam, mais atrapalha do que ajuda.

Nem desconfia de que mais importante que o "acesso democrático à informação", é a conquista árdua, solitária e exigente, de uma autêntica formação. Intelectual e moral. Sem ela, não se interpretam os fatos, nem se identificam os nexos entre eles. Sem a formação, não se conhece a história, nem as implicações de se interpretá-la deste ou daquele jeito.

Sim, formação. Que o eleitor médio no Brasil hoje confunde com o seu diploma, com sua especialização, com os cursos que concluiu. Tudo com o carimbo do MEC, é claro. Esse, do Haddad. Das últimas colocações nos exames internacionais.

Faz algum sentido o fato de um povo que tem o “malandro” como ícone seja feito de otário da forma que tem sido, e ainda esbanje uma confiança prepotente em si mesmo, na grande imprensa e nesta classe política delinquente que controla o país?

Fonte: Mídia Sem Máscara

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A DIVISÃO DE QUARENTA E SETE IGREJAS TROUXE PERFEIÇÃO DOUTRINÁRIA


O texto abaixo é uma ficção que tem sido uma boa realidade em nossos dias: Divisão de Igrejas por motivos carnais, doutrinários, briga de liderança etc. É uma sátira de uma triste realidade Infelizmente, a multiplicidade de divisão escandaliza. Em nome de um "ponto da verdade", e não em nome do "Sistema de Verdade", chegam-se aos caos denominacionais visto entre tantos segmentos, inclusive dentro do segmento reformado. Em nosso caso, muito mais, quando irmãos e amigos dividem-se por questões que nem mesmos os grandes reformadores foram adiantes. Já fui alvo de inquirição se em minha igreja tinha ou não "grupo de louvor", se cantávamos apenas os Salmos, se os ministros usam ou não "colarinho clerical" ou paletó, se a gente é a favor ou contra o álcool, tatuagens etc.; gente que saiu da igreja porque não se bate palmas, não se tem "dancinha", não tem músicas ritmadas (para o balanço, claro. Não para reflexão e meditação das letras, mas para o balanço), porque não tem "cultinho para as crianças". Vão ao texto abaixo e vejam se não é assim que tem acontecido.

"E EU, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis, porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?"(1 Coríntios 3.1 -4)

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Centerville, Ga – A pequena comunidade de Centerville tem uma população de pouco mais de 5000 pessoas. Mas com um total de 48 Igrejas Presbiterianas, elas também detêm o recorde de maior número de Igrejas Presbiterianas em uma cidade pequena. O elevado número de igrejas tem a ver com várias divisões que ocorreram ao longo dos anos por causa de um probleminha ou outro. Originalmente, em 1899, apenas uma igreja Presbiteriana existia simplesmente conhecida como “Igreja Presbiteriana de Centerville”. Com cerca de 20 famílias, a igreja era, naquela época, a maior da região de Centerville.

Por volta de 1911, a igreja cresceu para quase 150 membros, uma igreja consideravelmente grande naquele tempo. Mas, uma disputa surgiu dentro da congregação sobre se o ofertório deveria ser feito antes ou depois do sermão. Assim, a primeira divisão ocorreu, com uma congregação dissidente formando a “Igreja Presbiteriana Reformada de Centerville”.

Em 1915, uma disputa surgiu entre os membros da Igreja Presbiteriana Reformada de Centerville (IPRC) sobre a questão do Princípio Regulador do Culto. Parece que alguns membros da IPRC gostavam da ideia de ter flores no santuário, enquanto outros faziam objeções. Como resultado da disputa, a IPRC dividiu-se e a Igreja Presbiteriana Reformada Trinitariana de Centerville (IPRTC).

Mais separações ocorreram entre os anos de 1915 e 1929 por conta de vários outros assuntos. Foi em 1931 que outra disputa surgiu entre os membros da Sétima Igreja Presbiteriana Pactual Reformada de Centerville (SIPPRC) sobre o assunto que nenhum membro parece lembrar, nem qualquer registro ficou sobre o assunto. É suficiente dizer, que aproximadamente metade da congregação se separou e 9 pessoas formaram a Terceira Igreja Presbiteriana Pactual Reformada Trinitariana de Centerville (TIPPRTC)

Novamente, mais divisões aconteceram entre 1931 e 1975 quando a maior divisão ocorreu dentro da IPEU (Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos) sobre uma fusão com a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos das Américas (IPEUA), uma igreja mais liberal. Naquele tempo, a Décima Primeira Igreja Presbiteriana Pactual de Westminster de Centerville (DPIPPWC) votou a favor da fusão na IPEU. Quinze membros romperam e formaram a Igreja Presbiteriana de São João (IPSJ). Uma semana mais tarde, a IPSJ dividiu-se por causa da escolha do nome, pois alguns membros tinham objeção em usar a palavra “Santo” em um nome de uma Igreja Reformada.

Desde 1975, outras separações ocorreram, com a mais recente ocorrida na última semana, quando uma contenda surgiu entre os membros da Nona Igreja da Primeira Presbiteriana Pactual de Second Street (NIPPPSS) sobre a questão da observância do Dia do Senhor. A questão era se era aceitável ou não para alguém acessar o seu e-mail no Dia de Descanso. Aqueles que eram contrários saíram e formaram a “Igreja Presbiteriana Totalmente Reformada Pactual Westminsteriana do Dia do Senhor do Princípio Regulador do Culto da Credo-Comunhão Pressuposicional Amilenista de Centerville”

“Eu creio que temos, finalmente, chegado ao certo”, disse Paul Davis, Presbítero Docente da IPTRPWDSPRCCCPAC. “Agora temos uma igreja com 100% de pureza doutrinária”.

PTRCWSRCCAPCC está aguardando crescimento e ajudar a comunidade.

“Somos 6 pessoas aos Domingo, por enquanto”, disse Davis. “Eu sei que números não são importantes, mas nós estamos esperando crescer um pouco mais.



terça-feira, 27 de dezembro de 2011

DISCURSO DO REV. BOANERGES RIBEIRO EM SUA POSSE COMO PRESIDENTE REELEITO DO SUPREMO CONCÍLIO (1970)

DISCURSO DE POSSE DO PRESIDENTE DO SUPREMO CONCÍLIO, EM NOME DA MESA ELEITA

Rev. Boanerges Ribeiro

Permiti que vos diga uma palavra de fé.

Somos presbíteros desta Igreja. Presbíteros docentes; presbíteros regentes. Somos presbíteros pela vocação divina, na chamada do Espírito Santo, reconhecida pela Igreja do Senhor e estabelecida no ato solene da ordenação, em nome da Santíssima Trindade.

Ao sermos ordenados perguntaram-nos aqueles que constituíam o Presbitério que nos ordenava, fosse Conselho local ou Presbitério regional, se aceitávamos as Sagradas Escrituras como a Palavra de Deus e única regra infalível de fé e prática, ao que respondemos que sim. Aliás, não poderíamos responder que não. Perguntaram-nos, também, se aceitávamos os Símbolos de Fé da Igreja Presbiteriana do Brasil como uma exposição sistemática fiel do ensino das Sagradas Escrituras. Em perfeita e sã consciência respondemos que sim e se assim não tivéssemos respondido não teríamos sido ordenado presbíteros. Em seguida perguntaram-nos se aceitávamos e se poríamos em prática a Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil, havendo também recebido de nós resposta afirmativa. Em meu caso pessoal isso já foi há algum tempo. Eu tinha pouco mais que 22 anos de idade. No caso dos meus companheiros, em circunstâncias variáveis e em lugares diversos.

Esses Presbitérios jogavam em nossa honradês, na seriedade de nossa palavra. Quando aceitavam nossos votos, faziam-no em uma honrada confiança, porque eram integrados por homens honrados também, e não conviria a homens honrados negarem confiança a outros que de boa fé compareciam perante eles para proferirem os votos sagrados da ordenação.

A Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil não é a Palavra de Deus, infalível. Ela é trabalho humano que pode ser alterado, desde que o seja pelos meios estabelecidos na própria Constituição.

A Confissão de Fé e os Catecismos não são Palavra de Deus. Eles podem ser reformulados pelos meios estabelecidos na Constituição da Igreja. Contudo, aqueles Presbitérios aceitaram nossos votos de que nós os subscrevíamos e os praticaríamos, entendendo, evidentemente, que só admitiríamos a sua alteração pelos processos constitucionais vigentes. Aqui assumimos a Presidência do Supremo Concílio; meus companheiros assumem a Vice-Presidência e as Secretarias, na força e na segurança daqueles votos de ordenação.

Os senhores têm diante dos senhores os mesmos homens honrados que foram ordenados presbíteros há dez, vinte e trinta anos atrás e declararam aceitar a Palavra de Deus como única regra de fé e prática, e não entendem uma Igreja Presbiteriana do Brasil que apostate dos ensinos das Escrituras Sagradas.

Os senhores têm diante dos senhores um grupo de homens que aceita os Símbolos de Fé da Igreja Presbiteriana, acata a Constituição, pratica-a e a praticará. Nós jamais fomos infensos à compreensão e ao entendimento com nossos irmãos, ainda aqueles que de nós divergissem em qualquer ponto. Não fomos atingidos, em ocasião alguma, por ofensa pessoal alguma. De maneira alguma, em nenhuma ocasião dominou-nos ressentimento pessoal, seja da parte do Presidente ou de qualquer de seus companheiros de Mesa.

Contudo, meus irmãos, (não creio que fosse necessário dizê-lo, mas perdoai se o repito), a Mesa que elegestes, vós a elegestes porque a conheceis e conheceis os seus compromissos e a segurança com que está disposta a cumpri-los. Ela os cumprirá com toda certeza.

Não há, na Igreja Presbiteriana do Brasil, lugar para insubordinação que desborde daqueles planos de lei que nós aceitamos com liberdade. Ninguém nos obriga a ser Presbiterianos. Mas, se queremos sê-lo, sejamo-lo honradamente. Ninguém nos obriga a aceitar a Constituição da Igreja. Mas, se prometemos aceitá-la e acatá-la, sejamos honrados e cumpramos esses votos da ordenação. Ninguém nos obriga a aceitar esses Símbolos de Fé. Mas, se os aceitamos; se, ao ser ordenados declaramos aceitá-los, sejamos honestos.

Sejamos, além de homens de Deus, simplesmente homens e cumpramos esses votos de ordenação.

Esta Igreja é uma Igreja aberta, na qual entram todas as pessoas que estão dispostas a assumir os compromissos da iniciação. Na qual, uma vez eleitos, são ordenados todos os oficiais que proferem os votos de ordenação.

Contudo, é uma Igreja aberta a pessoas que saibam cumprir os seus votos. Esta Igreja não é horda. Esta Igreja não é caterva. Ela é povo: Povo de Deus, organizado. Ela tem lei. Não é Legalista, mas tem lei. Não lei imposta por alguém, mas, lei que nós livremente aceitamos em sã consciência, sem que ninguém a isso nos obrigasse.

Essa lei é uma das expressões da graça de Deus. Não nos é imposta por poder arbitrário e estranho, mas nós mesmos, para que possamos ser povo, para que possamos viver juntos e juntos servir a Deus e somar nossas forças, nós mesmos é que a aceitamos e a praticamos com liberdade.

Esta Mesa não tem poderes, exceto os poderes da Constituição. Não tem autoridade, exceto aquela que vem da persuasão, que se dirige a homens livres como nós, e que apresenta argumentos razoáveis, que possam ser aceitos.

Esses elementos, contudo, sempre são usados. Porque, meus irmãos, durante o presente quadriênio esta Igreja continuará a ser Igreja e não se transformará em horda solta, desbordando pelos quatro cantos ao furor das paixões desaçaimadas.

Ela tem governo. Esse governo é a presença do Senhor entre nós. Ele se expressa na Palavra do Senhor que todos abrimos e acatamos. Ele se expressa em nossos Símbolos de Fé e nossa Constituição, nas deliberações de nosso Concílio Superior e dos Concílios Inferiores.

Nossa Igreja se encontra na voragem de um mundo em que organizações muito mais antigas, estáveis, se desfazem ou ameaçam desfazer-se com grande rapidez, ou começam a desfazer-se com grande rapidez.

Não possuímos meios de coação. A Igreja, graças a Deus, não tem poder de polícia. A única coisa que mantém a coesão da Igreja de Deus é a presença do Santo Espírito, e a honestidade daqueles que integram seu Ministério e seu Presbiterato.

Nesta reunião do Supremo Concílio, como neste quadriênio, serviremos a Igreja com alegria, com segurança; com a dedicação que o Senhor colocar em nós, nós a serviremos cada dia, todos nós da Mesa.

Mas não desejamos que haja ilusão em alguém, imaginando que o fato de estarmos sempre abertos à compreensão, à exposição do que ocorre, significa que haverá concessões doutrinárias e que haverá concessões à insubordinação e à desordem.

Não houve e não haverá.

Muito obrigado, meus irmãos, pelo seu voto, pela sua presença e pelo trabalho que, juntos, aqui faremos.

FONTE: Jornal Brasil Presbiteriano, Ano XIII, nº 08, agosto de 1970, p. 3.

Fonte Online: Cristão Reformado

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Qual o Problema com o Teatro? Por que a Proclamação é o Método Bíblico?


Dr. Peter Master

Certamente a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus (1 Coríntios 1:18).

O meio escolhido e indicado por Deus de comunicar o evangelho glorioso é a proclamação, ou seja, por meio de palavras. Toda a evangelização do Novo Testamento foi através de palavras, seja pela pregação, testemunho pessoal, ou por escritos. O mundo daqueles dias era cheio de arte dramática e simbolismo cultual, mas os mensageiros do Calvário se mantiveram indiferentes a tudo isso e trabalharam com palavras.

“Como ouvirão”, pergunta o apóstolo Paulo em Romanos 10, “se não há quem pregue?” Ele não diz: “Como ouvirão” se não há um ator, ou uma banda de músicos, ou um grupo de debate? A comunicação do evangelho deve ser com palavras dirigidas à mente. Isto requer um discurso racional, quer seja proferido em um grande auditório ou numa reunião doméstica.

O método da proclamação – particularmente a pregação – está sob ataque hoje nos círculos evangélicos. Quase todos os últimos livros a respeito de crescimento da igreja lançam para longe a primazia da pregação, e quando é usada fazem um uso tênue da Palavra de Deus, como modelo e fonte providos por Ele. Os promotores dos assim chamados “cultos de libertação”, embora usem certa medida de pregação, tendem a vê-la apenas como um componente dentro de uma elaborada mistura de métodos.

Alguns escritores têm preparado listas de métodos a fim de mostrar a eficiência comparativa de diferentes meios, e a pregação sempre aparece em último lugar ou próximo dele. Eles dizem que, quando as pessoas são testadas a fim de se saber o quanto elas lembram da pregação, de um debate, de uma representação dramática, de peças, de uma apresentação de vídeo, a pregação recebe a menor pontuação no grau de eficiência. É dito que ela vem em último lugar em termos de compreensão, apreensão e força persuasiva. Esses “testes”, contudo, nunca são científicos e são realizados em circunstâncias onde a pregação é uma experiência pobre, e feita por autores que já têm resultados pré-concebidos. Todavia, a lama jogada na pregação tende a aderir.

A ruína da proclamação direta é extremamente perigosa num momento em que os servos de Deus lutam com resultados tão pequenos, devido à predominância do ateísmo e materialismo. Num tempo assim, é tentador achar que alguma outra coisa além da pregação possa ser feita. O que há de bom, podemos pensar, em pregar semana após semana quando não estamos atingindo as massas?
Estamos vulneráveis àqueles que dizem: “Vocês têm enfatizado demais a pregação. Vocês deveriam fazer outras coisas. Deveriam se juntar ao movimento contemporâneo de culto. Vocês deveriam trazer as baterias para a plataforma durante o culto evangelístico, introduzir dramatizações, usar jeans, reduzir o discurso a dez minutos e separarem-se em grupos de debate. Vocês deveriam fazer alguma coisa além de proclamar”.

A resistência ao evangelho é tão grande que a natureza humana começa a esmorecer, e os métodos tradicionais estão em perigo. Homens de boa vontade e totalmente comprometidos têm se dobrado ao clamor por métodos contemporâneos para alcançar os perdidos, por causa da dureza de nossos dias.

Um tempo para esclarecer

Este é um tempo para fortalecer nossa confiança nos métodos apontados por Deus. Se um método de propagar o evangelho não é através da proclamação, não é o que o Senhor ordena e deseja. Isso simplesmente não é bíblico e, certamente, obediência é o dever maior e mais sábio dos servos de Deus (I Sm 15:23) em qualquer época e, especialmente, numa época de crescente apostasia.

Por que deveríamos pensar que o discurso é relativamente inútil e inadequado, quando ele tem sido tão poderosamente usado e comprovado por vinte séculos de história da igreja? (Rm 10:17). Por que os advogados do rock e drama cristãos têm tal visão preconceituosa da palavra falada? Será, talvez (em muitos casos), porque eles não podem pregar – e não estão realmente equipados nem são chamados por Deus? Ou porque eles têm seguido um estilo de pregação impróprio? Ou será que estão revelando seus verdadeiros gostos como “cristãos” mundanos? Ou eles carecem de fé no poder da Palavra de Deus quando assistida pelo Espírito Santo? Eles não percebem que atrair as multidões e ensiná-las através de material utilizado para diversão acoplado a um arrependimento “light” apenas encherá as igrejas com pessoas que fazem profissão de fé superficiais e enganosas – a “madeira, feno e palha” da famosa advertência de Paulo aos edificadores de igrejas? (1 Co 3:12).

Palavras são tudo no evangelismo. Tome a Palavra de Deus. São palavras! É Deus falando a nós. O Velho Testamento certamente usa símbolos, e tem uma ou duas representações dramáticas em miniatura, mas o roteiro era todo escrito por Deus, as “representações” extremamente curtas, e pretendiam ser nada mais que ilustrações aos sermões ou profecias. Mesmo assim eram tremendamente sérias, nunca o tipo de esquete-comédia adotada pela brigada “seeker-sensitive”[1] de hoje, destinada a alcançar as pessoas pelo riso (fazendo-as morrer de rir).

É claro que nós acreditamos no uso de ilustrações em nossas mensagens e recursos visuais para os jovens, mas o veículo supremo da comunicação é a palavra dirigida de forma direta, pois este é o método exclusivo de Deus para fazer conhecida Sua graça (1 Co 2:4).

Por que não ter drama? O que há de errado com ele? Nós já enfatizamos que ele não faz parte do projeto do Novo Testamento e não é difícil ver por quê (Mt 28:20).

Conquanto o drama pode ser poderosamente cativante e influente no mundo secular, ele é, infelizmente um veículo inadequado e impróprio para a apresentação da verdade do evangelho, sendo primariamente entretenimento, e não um desafio direto e claro à mente. Ele apela principalmente às emoções e raramente por um longo período de tempo. Na mente do espectador ele está mais intimamente associado à ficção, ou faz-de-conta e esta característica prevalece quando é aplicado à obra do evangelho, flutuando como uma névoa perante os olhos de um auditório.

Se o drama apresenta um caso ou argumentação, deve fazê-lo numa situação artificialmente imaginada. Não pode facilmente comparar e contrastar pontos de vista ou discutir a questão e, tão logo tente fazê-lo, tornar-se-á mais enfadonho do que o falar direto jamais o será.

Acima de tudo, ele distorce a realidade. A variedade de personagens inevitavelmente obscurece qualquer mensagem, pois suas próprias personalidades e habilidades agradarão ou repelirão os espectadores (At 1:8). Se estes forem atraídos pelos personagens, inconscientemente estarão dispostos a aprovar seu ponto de vista ou “mensagem”, o que é meramente uma forma sutil de manipulação emocional e não um apelo verdadeiro à mente (Rm 12:1).

Apenas um mínimo de informação real pode ser transmitido pelo drama, talvez no máximo dois ou três pontos significantes e simples. É ineficiente, inapropriado, corre-se o risco de fraude emocional, não pode efetivamente discutir a questão e não é o método que foi designado. Ele com certeza falha em direcionar o espectador, tanto em atraí-lo para Deus quanto em mantê-lo diante d’Ele em juízo (2Co 2:15-17).

O drama inevitavelmente esvaziará a mensagem da real convicção moral. Algumas pessoas vão ao cinema ou ao teatro para um bom choro e são impressionados visualmente por minutos, talvez mesmo uma ou duas horas, mas é a nível emocional e geralmente não tem nenhum efeito duradouro. Na Bíblia as “ilustrações” estão sempre à serviço da proclamação, e este é o método que devemos manter (2 Sm 12:1-7; Jo 10:11,14).

Ilustrações do Senhor

Quanto às representações dramáticas que incluem ilustrações de Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus, alguém pode pensar que algum crente bíblico poderia prontamente entender que isso não pode ser feito sem desfigurar o Senhor. Como se pode ilustrar dignamente, senão com palavras, a Pessoa, a vida e o coração do Salvador do mundo? (Cl 1:15).

Alguém pode dizer: “Mas um filme sobre Jesus não é cheio de palavras?” Certamente tem palavras, mas também tem atores, espetáculo e impacto dramático, prendendo a atenção do espectador e suscitando solidariedade humana acima do entendimento espiritual. Um ator toma o lugar do Senhor (muito provavelmente violando o segundo mandamento) e os pontos vitais das doutrinas do evangelho não são ampliados, explicados e aplicados – sendo este o trabalho verdadeiramente representativo da comunicação compreensiva.

Vamos rever algumas das qualidades superiores da proclamação direta contrastando-a com alguns dos novos métodos e inovações.

Primeiro, com palavras diretas na pregação ou testemunho, o Deus Todo-Poderoso está sempre à vista. Ele está sempre lá. Há sempre referência a Ele. A mensagem é claramente sua, pois ela é trazida de sua Palavra, enquanto que nos métodos não-proclamativos de apresentação Deus é um tanto obscurecido, sejam discussões que se desviam tropeçando nos fragmentos da opinião humana, sejam músicas de estilo-entretenimento, seja o drama. Apenas com a proclamação direta Deus é sempre o objetivo e propósito supremo e a fonte inerrante da mensagem (Rm 1:16).

Este é o ponto por trás da tradição de se ter uma enorme Bíblia no púlpito. Nossos ancestrais tinham grandes Bíblias por princípio, para que todos pudessem ver a fonte da mensagem e a autoridade por trás dela. Nos tempos antigos o evangelista viajante alcançava o mesmo efeito ao segurar a Bíblia firmemente em sua mão, apontando seu dedo e dizendo: “A Bíblia diz! ... A Bíblia diz!”

Se o proclamador faz seu trabalho a partir de um púlpito grande ou de uma Bíblia de bolso, Deus é sempre a fonte, autoridade e objetivo.

Segundo, a proclamação, como nada mais, nos capacita a transmitir o espírito no qual Deus dá esta mensagem. Ele pode ser expresso com paixão, com comiseração, e com súplica urgente. O drama transmite e evoca sentimentos, mas o sentimento expresso entre os personagens ou evocado pelo impacto de uma situação, não a atitude e o coração de Deus para com pecadores. Apenas o discurso direto em Seu nome pode transmitir algum sentido disso. Não deixe ninguém denegrir a pregação direta ou o ensino da escola dominical, pois somente eles trazem o coração de Deus aos ouvintes.

Terceiro, apenas a proclamação direta persuade a mente livre, racional (2 Tm 3:16). É verdade que a pregação pode explorar a manipulação emocional. O orador pode contar dramalhões e fazer sua voz variar dos tons trêmulos a explosões de sons, agitando os sentimentos. Mas, se os truques teatrais excessivos forem evitados, o discurso direto direciona a responsável (embora decaída) faculdade pensante ao desafiá-la e persuadi-la.

O ouvinte não é influenciado por coisas estranhas. Ele não é hipnotizado sob o poder da coerção, de músicas rítmicas, ou projetado em um transe emocional por algo que o move a nível carnal. Ele ouve palavras claras e sua mente (do ponto de vista humano) não está sob qualquer coerção. Ele ouve uma mensagem clara, expressa com paixão mas sem manipulação e, conforme o mover do Espírito, sua resposta será genuína. Se ele rejeita essa mensagem direta, Deus será justo em julgá-lo.

Quarto, a proclamação permite para que o “tom” da comunicação seja correto de uma outra forma. Esta mensagem é séria. É uma questão de vida ou morte. Tem a ver com a eternidade. Como nada mais, a pregação pode conseguir o tom certo. A proclamação direta, embora possa ter momentos de humor, fornece autoridade intrínseca, reverência a Deus e seriedade (Hb 12:29).

Nós já observamos que o drama está associado com divertimento, e por isso não pode obter o tom certo. Com o drama o auditório é transportado à região da irrealidade desde o princípio. Com música estilo-entretenimento o ouvinte é o “consumidor”, e os cantores e instrumentistas os artistas cujo trabalho é agradar (Gl 1:10). No caso dos grupos de debate, a todo membro é erroneamente conferido o direito de determinar o que é Verdade pois eles são reunidos para ensinar uns aos outros, e para chegar à Verdade entre si. Eles são a fonte da Verdade. Eles estão todo-importantes. Onde está, aqui, a humildade necessária para ouvir o evangelho, e onde estão a autoridade e seriedade da Verdade? Apenas a proclamação possui a capacidade de nos preservá-las.

Quinto, (estendendo a questão anterior), nada tem poder convincente como a proclamação direta. Esta mensagem é acerca dos grandes assuntos da alma. Diz respeito ao reto juízo de Deus e a possibilidade de uma chance de escape através do Seu amor maravilhoso e perdão surpreendente. É sobre grande culpa e profunda necessidade. A proclamação direta, abençoada pelo Espírito, é o veículo exclusivo para prender e convencer a alma (1 Co 1:21). A metodologia de entretenimento, do tipo “pega leve”, e os círculos de cultos de libertação, jamais conhecem algo assim. No fim, eles têm que voltar aos truques carismáticos, tais como desabar no Espírito, induzidas por primitivas hipnoses de massa, como substituto para a convicção do coração.


APRENDENDO COM OS ARAUTOS DOS TEMPOS BÍBLICOS

Paulo diz duas vezes que ele foi ordenado um pregador, e isto é de grande importância.[2] No grego ele usa a palavra arauto. As características de um arauto nos tempos bíblicos são de um significado imenso. No mundo antigo não era permitido que um arauto fizesse qualquer coisa por sua própria iniciativa. Ele devia se manter estritamente no seu texto.

Os arautos eram freqüentemente enviados como mensageiros numa guerra a uma capital ou a um campo inimigo, mas eles nunca eram negociadores. Eles cumpriam suas ordens entregando sua mensagem e retornando com a resposta.

Paulo usa o termo “arauto” porque estes deveres refletem perfeitamente o ofício verdadeiramente limitado de um pregador cristão que não é chamado para inventar novos métodos de comunicação para cada época, mas para honrar e pôr em prática aqueles que foram estabelecidos no Novo Testamento (2 Co 5:20).

O termo arauto também descreve aquele que proclamava nas cidades qualquer mensagem que lhe fosse dada. Ele não podia mudar o anúncio nem a data. Similarmente, não é da nossa competência modificar a mensagem ou o método. Nós devemos trabalhar dentro dos limites que nos são indicados e é isto que está sendo esquecido hoje. Nossa energia e iniciativa devem ser empregados para levar as pessoas e os jovens da escola dominical a ouvir a proclamação, e não substituí-la com divertimento.

Paulo diz que ele não pregava o evangelho – “com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo” (1 Co 1:17). Ele não quer dizer que os pregadores não podem usar argumentos, pois ele mesmo os usava. Sua própria pregação era sabiamente dirigida, expondo a tolice de se dedicar a este mundo e estabelecendo a necessidade de se voltar para Cristo a fim de ser salvo. Contudo, ele nunca misturou evangelismo com sabedoria humana, empregando filosofia grega para deleitar os ouvidos dos intelectuais numa tentativa de fazer sua mensagem mais atrativa a eles. Ele nunca misturou a mensagem com o que eles queriam ouvir (2 Tm 4:3).

É inconcebível que o apóstolo, se estivesse vivo hoje, dissesse: “A proclamação do evangelho não é popular, por isso eu irei misturá-la não com filosofia grega, mas com a apresentação de uma banda de rock que recomendará a si mesma às pessoas. Então eu reduzirei a mensagem drasticamente para dar lugar às peças de drama, pois eles não querem ouvir nada sério”.

Se for filosofia grega ou som de bateria, é tudo a mesma coisa: a mistura da mensagem da Palavra com algo preferido pela sociedade perdida, de modo que possamos evitar a ofensa da cruz. Isto é o que Paulo, inspirado pelo Espírito, claramente condena (Cl 2:23).

Apenas as palavras podem confrontar

Quando nós proclamamos a cruz de Cristo, temos muito a fazer. Nós devemos apresentar a necessidade da cruz, a santidade de Deus, a Queda do homem, a Pessoa de Cristo e o que realmente aconteceu naquela cruz. Devemos também expor o vazio e a futilidade de uma vida sem Deus, os benefícios da salvação, os méritos salvíficos exclusivos da cruz e a tragédia de uma eternidade perdida (At 20:27). Mas apenas as palavras podem adequadamente explicar estes assuntos à mentes racionais, informando-as dos detalhes e atitudes desafiantes de modo que o Espírito Santo pode usar. Unicamente palavras podem comunicar, persuadir e advertir de um modo convincente, desafiador e que apela. Apenas as palavras têm o suporte das promessas das Escrituras de serem instrumento. Não é possível este trabalho tão elevado ser feito por meio de diversão musical ou através de peças teatrais (por intermédio da ficção).

Nós apelamos aos pregadores e líderes das igrejas que não se rendam às novas experiências da comunicação (1 Tm 4:6). Lembrem-se que as pessoas que começaram essas tendências são pessoas que apresentam uma noção mais fraca de conversão e da vida cristã a fim de reter um grau considerável de mundanismo.

Esses “evangelistas” buscam apenas um estilo de vida mediocremente são. O que eles promovem é um novo sincretismo (1 Re 12:28-33) – Deus e as riquezas; Cristo e o mundo – e eles têm provado que isto é extremamente popular. São essas pessoas que inventaram a síndrome da novidade, os métodos e inventos não-proclamativos.

Não imagine que isso é meramente uma coisa de geração. As tendências de hoje marcam uma divisão deliberada do cristianismo que chama as pessoas do pecado e mundanismo para uma conversão radical, forjada pelo Espírito Santo. Obreiros cristãos genuínos não devem cair num sistema projetado por obreiros duvidosos (1 Tm 4:16).

Encontramos, primeiro, essas alternativas para a proclamação (em grande escala) no fim dos anos 60, quando a Cruzada do Campo lançou seu original “Quatro Leis Espirituais”. Certamente, havia obreiros do Campo que eram pessoas piedosas e cujos esforços evangelísticos foram bem maiores do que seu roteiro oficial, mas o roteiro que eles deviam seguir encurtou lamentavelmente a mensagem do evangelho.

Divertimento com grandes bandas de música brigava com testemunhos do tipo “show-bizz” e mensagens ultra-curtas apontando para um desafio a um evangelho tragicamente diminuído. Os leitores podem lembrar a linha geral: “Deus tem um plano maravilhoso para sua vida”. “Deus está cheio de sorrisos e pronto para abençoar, mas”, diz o roteiro (de fato), “há apenas um pequeno problema no caminho. Antes que você possa ser abençoado, você precisa tirar do caminho esta pequena questão do arrependimento. Felizmente, isto pode ser feito com uma frase curta, e então você pode seguir adiante para o passo seguinte, que é mais legal” (1 Re 22:5-8).

Nós estamos, claro, parodiando a fórmula do Campo, mas ele certamente minimizava as questões, não alcançando qualquer convicção real. Isto é precisamente o que está acontecendo com a maioria daqueles que agora promovem o drama e o divertimento como uma alternativa para o desafio direto da proclamação. Eles não querem o caráter convincente e o poder da mensagem autêntica.

Apesar de tudo o que temos dito sobre a superioridade da proclamação direta, o poder não é inerente, mas é obra do Espírito. O fato de pregarmos não é garantia de bênção e o apóstolo expressa isso francamente: “A palavra da cruz é loucura para os que perecem” (1 Co 1:18). Incontáveis pessoas irão reagir com escárnio. Elas entenderão, mas acharão que é ridículo e loucura fazer-lhes essas propostas.

Eles dirão a si mesmos: “Eu não aceito que eu seja um pecador condenado. E se eu me voltar para este Salvador, eu vou perder meu direito de dirigir minha própria vida e fazer o que eu quero. Terei que me conformar a novos padrões, e muitas coisas com as quais estou comprometido e gosto, terão que ser abandonadas. É ridículo me pedir que faça isso” (Mt 19:22).

Uma resposta não-autêntica

Adoçar o remédio diluindo o evangelho e disfarçando-o com divertimento não o fará mais aceitável, apenas menos compreensível. As pessoas ouvirão um evangelho modificado, enfraquecido, e suas respostas não serão autênticas.

O apóstolo adverte que a proclamação funciona apenas porque Deus a faz operar nos corações do seu povo.

Quando as pessoas nos dizem: “Vocês são apenas tradicionalistas, firmemente presos ao passado e querem que tudo seja feito como se fazia no século dezenove”, eles nos entendem de forma errada. Nós queremos usar a proclamação direta porque é o que Deus nos diz exclusivamente para fazer. Seja no ensino da escola dominical, testemunho pessoal, pregação no púlpito ou livros e folhetos impressos, o método das Escrituras é apresentar o evangelho em palavras racionais, a mentes racionais, apoiadas por oração fervorosa.

Muitos evangélicos hoje entendem que o público quer grupos de rock, informalidade, convivência, teatro e outros divertimentos e, enquanto o apóstolo Paulo não tinha qualquer intenção de condescender com os desejos da carne, seja de gregos ou judeus, os “modernosos” de hoje saem para dar aos profanos exatamente aquilo que pensam que irá agradá-los.

Vamos focalizar toda a nossa energia nas formas da proclamação direta e atividades que mantenham as pessoas sob esta influência. Estes são os dois únicos aspectos legítimos do evangelismo: proclamação e esforços para apoiá-la.

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Dr. Peter Master é o editor da revista Sword & Trowel, The Metropolitan Tabernacle, Londres

[1] Culto que procura satisfazer aos desejos das pessoas que adoram.
[2] 1 Tm 2:7 e 2 Tm.1:11

Fonte: Revista Os Puritanos. Ano XI, n.01, Jan/Fev/Mar, 2003, p. 3 - 7
Postado com Autorização do Dr. Pb. Manoel Canuto.