quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

UM ESPÍRITO NOVO PARA SE TER UM ANO NOVO!


A cada fim de ano e início de um novo, receitas não faltam para que se tenha um “Feliz Ano Novo”. O poeta Carlos Drummond, em sua “Receita de Ano Novo”, já havia percebido que muitas das intenções para ano novo tendem a ficar na gaveta! Diz ele que para se ganhar um “belíssimo Ano Novo [...] não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta”.

O poeta quer que seja um ano novo de verdade, não apenas “pintado de novo”, como costumamos fazer em nossas velhas casas. É isso! São apenas “velhas casas” com pinturas novas, o que dá a impressão de renascimento ou que alguma coisa, de fato, mudou. Os bons votos de “próspero ano novo” são sempre os mesmos. Por exemplo, desejamos paz, saúde, prosperidade, felicidade, etc.

Agora, se pergunte: como encontramos estas coisas? Certo que estes desejos são legítimos, mas a fonte para a realização destes desejos não é encontrada no Ser Humano. Já está fartamente comprovado que, como diria Charles Colson, estas coisas não passam de uma visão utópica em um mundo como o nosso. Utopia é idéia que “os humanos são intrinsecamente bons e que sob a condição social correta sua boa natureza emergirá”. É não reconhecer francamente a “disposição humana de fazer escolhas morais erradas e infligir dano e sofrimento aos outros”. A Raça Humana está fartamente corrompida.

Mas, de onde brota o desejo por paz, saúde, prosperidade, felicidade etc? Ora, estas coisas são bons frutos, mas, disse Jesus, nós somos maus e não pode uma árvore má dar frutos bons. O Criador nos fez seres bons, justos e santos. Isto é chamado de “imagem de Deus”. Porém, por um ato de rebelião contra o Criador, esta imagem foi quebrada, tal como um espelho que fica todo trincado. É possível, ainda, ver-se nele, mas imperfeitamente. A imagem no espelho está comprometida, distorcida, mas a imagem ainda está lá. O desejo e votos por estas coisas são frutos da imagem de Deus em nós, o desejo por uma solução para a guerra, a doença, a pobreza e a infelicidade. E isto nos põe num dilema: somos maus, mas desejamos para os outros coisas boas que nós mesmos não conseguimos cumprir.

Não, não sou pessimista em relação ao ano que nasce. Antes, crente na Providência Divina e numa perspectiva linear da História, História do Deus que atua neste palco chamado “história humana”, sei, à luz das Escrituras e sua filosofia da história, que não importa o que venha no Ano Novo, este Mundo está sendo dirigido pela potente mão de Deus, e que “tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos”(Sl 135.6) e “e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?”(Dn 4. 35).

Por isso não haverá um “Ano Novo”, enquanto não houver um “coração novo” e “espírito novo”(Ez 18.31; 11.19; 36.26). Enquanto isto não acontecer, teremos receitas que não são possíveis de serem seguidas. A receita é boa; os ingredientes é que estão estragados.

Por isso, nosso desejo para o próximo ano não é prosperidade, saúde, paz etc, mas que o Senhor conceda “coração e espírito novo” aos homens, para que os valores do Seu Reino sejam por todos percebidos.

Postado por Gaspar de Souza

Um comentário:

Unknown disse...

Apreciado irmão e amigo quero agradecer-te por tão importante mensagem. De fato não se pode camuflar o velho pensando que é novo. Infelizmente nossa sociedade anda desprovida de uma hierarquia de valores, e por isso põe o secundário em primeiro plano e as prioridades em último. Como cristãos precisamos entender que prosperidade, saúde, paz, etc, representam importantes bênçãos para nossa vida quando o “coração e espírito”, como dizes, são novos. Assim, a verdadeira bênção não é possuir os bens desta vida, ainda que proporcionados por Deus, mas ter o coração transformado. Na verdade, somente podemos pensar em fazer valer os valores do Reino quando a vida é transformada pela “renovação da mente” (Rm 12:2). Isto indica que só com a mente transformada se pode estabeler uma nova hieraquia de valores centrado no Reino de Deus, onde o mais importante são as coisas espirituais, e os bens materias assumem seu lugar como frutos (secundários) das bençãos de Deus. FELIZ ANO NOVO COM UM ESPÍRITO NOVO!
Pr. Augustinho Santana