segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Dez motivos para não assistir ao “filme de Lula”

Recusar a obra de Fábio Barreto é uma atitude estética e não política

Quando foi apresentado, em pré-estreia, no Recife, em novembro, o filme “Lula, o Filho do Brasil” conseguiu uma proeza: entediou um público ávido por uma história que - sabe-se - é incrível. A trajetória do presidente do Brasil Luis Inácio Lula da Silva é digna de filme mesmo: ele migrou, pobre, do Interior de Pernambuco para São Paulo, estudou, “virou gente”, sindicalista e entrou na vida política.

A gente aqui não está fazendo nenhum tipo de apologia contra o presidente Lula. Não assistir a “Lula, o Filho do Brasil” é uma atitude de repulsa não ao homem Lula, mas ao cinema de Luiz Carlos Barreto - o Barretão, o produtor da obra e pai do diretor Fábio Barreto. Trata-se de uma atitude estética e não política.

1. ... o filme não é “de Lula” - O marketing bem planejado tenta emplacar a história de que trata-se de um filme “de Lula”. Não é. O presidente não tem nada a ver com a obra. Ele é apenas personagem. Trata-se de uma adaptação do livro homônimo da jornalista Denise Paraná.

2. ... é o filme de Fábio Barreto - Diretor de obras medíocres como “Bela Donna” e “Paixão de Jacobina”, o diretor Fábio Barreto é conhecido pela “mão pesada” com que dirige suas obras. A menos ruim é “O Quatrilho”.

3. ... não é filme popular, é filme ruim - Estão argumentando que “Lula, o Filho do Brasil” é cinema popular, por isso, não é refinado e a crítica está falando mal. Balela. A obra não é cinema popular, é cinema ruim. O Brasil assistiu - e a crítica elogiou - um filme típico de cinema popular competente: “2 Filhos de Francisco”, sobre a trajetória de Zezé di Camargo e Luciano.

4. ... há interesses “por trás” dos patrocinadores - Entre os patrocinadores do filme, estão a EBX, de Eike Batista, holding multinacional que tem claros interesses políticos no governo Lula, inclusive nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

5. ... já viu empreiteira patrocinar cinema? - O filme foi patrocinado por diversas empreiteiras, incluindo a Camargo Corrêa, algo extremamente incomum no mercado brasileiro. Ao serem questionadas, as companhias rejeitaram qualquer motivação política ao financiar o longa. Alegam interesse na obra em razão do retorno de imagem para suas marcas. Acredita?

6. ... a história é superficial - Ao contrário de aprofundar a dramaticidade dos personagens, Fábio Barreto conta a história de Lula em episódios, de forma burocrática. Mais uma vez: não é didático, é malfeito.

7. ... a interpretação do pai de Lula é risível - O ator Milhem Cortaz interpreta o pai de Lula no filme. A cena em que ele chega bêbado em casa e ameaça bater em Dona Lindu é constrangedora de tão malfeita. Ele ainda tem outros momentos piores.

8. ... nem Glória Pires salva! - Apesar de ser uma ótima atriz, Glória Pires não pode fazer muita coisa no filme. Sua personagem é unilateral e pouco expressiva. Desperdício.

9. ... o filme traz todos os clichês do Nordeste - Terra rachada, graveto, caminhão com retirantes suados, carcaças de bois no caminho... Já viu essa representação pobre do Nordeste antes, né? Aqui, tudo se repete.

10. ... se você for ao filme, vai instigar outros a irem - “Lula, o Filho do Brasil” já captou muito dinheiro com patrocínios. Não precisa do seu dinheiro de bilheteria. Não dê cartaz ao filme.

Fonte: Folha de Pernambuco

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