Quando foi apresentado, em pré-estreia, no Recife, em novembro, o filme “Lula, o Filho do Brasil” conseguiu uma proeza: entediou um público ávido por uma história que - sabe-se - é incrível. A trajetória do presidente do Brasil Luis Inácio Lula da Silva é digna de filme mesmo: ele migrou, pobre, do Interior de Pernambuco para São Paulo, estudou, “virou gente”, sindicalista e entrou na vida política.
A gente aqui não está fazendo nenhum tipo de apologia contra o presidente Lula. Não assistir a “Lula, o Filho do Brasil” é uma atitude de repulsa não ao homem Lula, mas ao cinema de Luiz Carlos Barreto - o Barretão, o produtor da obra e pai do diretor Fábio Barreto. Trata-se de uma atitude estética e não política.
1. ... o filme não é “de Lula” - O marketing bem planejado tenta emplacar a história de que trata-se de um filme “de Lula”. Não é. O presidente não tem nada a ver com a obra. Ele é apenas personagem. Trata-se de uma adaptação do livro homônimo da jornalista Denise Paraná.
2. ... é o filme de Fábio Barreto - Diretor de obras medíocres como “Bela Donna” e “Paixão de Jacobina”, o diretor Fábio Barreto é conhecido pela “mão pesada” com que dirige suas obras. A menos ruim é “O Quatrilho”.
3. ... não é filme popular, é filme ruim - Estão argumentando que “Lula, o Filho do Brasil” é cinema popular, por isso, não é refinado e a crítica está falando mal. Balela. A obra não é cinema popular, é cinema ruim. O Brasil assistiu - e a crítica elogiou - um filme típico de cinema popular competente: “2 Filhos de Francisco”, sobre a trajetória de Zezé di Camargo e Luciano.
4. ... há interesses “por trás” dos patrocinadores - Entre os patrocinadores do filme, estão a EBX, de Eike Batista, holding multinacional que tem claros interesses políticos no governo Lula, inclusive nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
5. ... já viu empreiteira patrocinar cinema? - O filme foi patrocinado por diversas empreiteiras, incluindo a Camargo Corrêa, algo extremamente incomum no mercado brasileiro. Ao serem questionadas, as companhias rejeitaram qualquer motivação política ao financiar o longa. Alegam interesse na obra em razão do retorno de imagem para suas marcas. Acredita?
6. ... a história é superficial - Ao contrário de aprofundar a dramaticidade dos personagens, Fábio Barreto conta a história de Lula em episódios, de forma burocrática. Mais uma vez: não é didático, é malfeito.
7. ... a interpretação do pai de Lula é risível - O ator Milhem Cortaz interpreta o pai de Lula no filme. A cena em que ele chega bêbado em casa e ameaça bater em Dona Lindu é constrangedora de tão malfeita. Ele ainda tem outros momentos piores.
8. ... nem Glória Pires salva! - Apesar de ser uma ótima atriz, Glória Pires não pode fazer muita coisa no filme. Sua personagem é unilateral e pouco expressiva. Desperdício.
9. ... o filme traz todos os clichês do Nordeste - Terra rachada, graveto, caminhão com retirantes suados, carcaças de bois no caminho... Já viu essa representação pobre do Nordeste antes, né? Aqui, tudo se repete.
Fonte: Folha de Pernambuco
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