quinta-feira, 17 de setembro de 2009


Lá do blogão do Reinaldo. Não deixem de ler!
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Até quando vamos engolir - bem, neste blog, como sabem, a gente não aceita nem o cheiro - as barbaridades de Lula? Esse “vamos” refere-se àquele “nós” que designa a coletividade, o Brasil, os brasileiros. E, de forma um pouco mais restrita, a imprensa. Ontem, ao depredar mais uma vez a verdade com suas fantasias, afirmou o presidente sobre os caças:

“Quando eu entrei no governo, em 2003, tinha que tomar uma decisão, eu simplesmente adiei, não tomei decisão, suspendi tudo. Eu não ia pensar em avião se o país estava com fome. Primeiro, vamos cuidar do Brasil para depois cuidar disso. Agora ficou diferente. Agora nós temos a maior riqueza, depois do povo brasileiro, a 7.000 metros de profundidade e a 300 km da costa do Brasil que nós precisamos cuidar com muito carinho. Senão, daqui a pouco, começa a desaparecer o nosso petróleo, e a gente não sabe quem está levando embora. Depois nós temos a Amazônia, que ganha cada vez mais importância no mundo”.

No conjunto, creio ser a mais tola de todas as suas intervenções, a mais fantasiosa. De saída, observe-se que é uma mentira grotesca a história de que o Brasil passava fome quando ele chegou ao poder. Lula insiste nessa tecla porque isso acrescenta mais uma inverdade a sua biografia: a de que matou a fome do brasileiro. Há muitos anos, esse Brasil com fome inexiste. Como sabe qualquer pessoa medianamente informada, quando Lula chegou ao poder, o país já estava mais para obeso do que para famélico. Havia, e ainda há, bolsões de subnutrição.

Tanto é assim, que o programa Fome Zero foi extinto. Em seu lugar, entrou o Bolsa Família, novo apelido dado ao conjunto de programas do governo anterior: Bolsa Escola, vale-gás etc. Assim, JAMAIS HOUVE A SITUAÇÃO EM QUE UM GOVERNO ERA OBRIGADO A OPTAR ENTRE MATAR A FOME E COMPRAR AVIÃO OU ENTRE MATAR A FOME E CUIDAR DA AMAZÔNIA. Até porque, ainda que a realidade fosse como ele diz, seriam coisas com tempos distintos.

A única verdade na sua fala é que ele atrasou a compra dos aviões em quase oito anos. Desnecessariamente. O desembolso não seria imediato. Adiante.

Risível mesmo, patético até, uma verdadeira batatada, é a sua teoria do pirata do perna de pau. Quer dizer que, sem os submarinos e os aviões, há o risco de os “estrangeiros” roubarem o nosso petróleo? Como isso seria feito? Por abdução? Ou eles se instalariam em águas brasileiras, com uma discreta canícula, sem que ninguém percebesse, e sugariam o nosso óleo, como num desenho animado? Ou meteriam uma plataforma em águas internacionais, enfiariam a sonda, fariam um “L” gigantesco a 7 mil Km de profundidade, para tomar o que é nosso?

Trata-se de uma das maiores tolices jamais ditas por um presidente, mas que reforça uma visão de mundo, uma leitura estupidamente distorcida da relação entre os países e da economia. Estamos de volta à tese do imperialismo batedor de carteira, que chega, toma as riquezas dos países conquistados e dá no pé. Essa visão delirante, mágica, de desenho animado, exclui a economia, a organização da produção, a civilização enfim. Ou será que se vai extrair, aqui ou em qualquer lugar, o petróleo do pré-sal sem que se tenha antes criado uma indústria para isso?

É claro que essas batatadas de Lula deveriam nos envergonhar. Mas há quem se orgulhe delas. Lembrem-se que, quando os EUA anunciaram a reativação da Quarta Frota, Lula veio com a história de que o pré-sal corria riscos.

E só para fechar este comentário sobre a bobajada: quer dizer que, se o país continuasse a ter aquela suposta fome (estou admitindo a tolice como hipótese), então seria o caso de entrega nosso petróleo e a Amazônia enquanto o problema não fosse resolvido?

Lula melhorou a gramática da língua portuguesa - tanto é que já está ensinando Tarso Genro a conjugar o verbo “intervir”. Mas a sua gramática política e moral continua a mesma.


Fonte: Reinaldo Azevedo

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