terça-feira, 4 de agosto de 2009

Diálogo com um Leitor ou "Como pensa um Incrédulo"?


O post abaixo é uma resposta a um e-mail de alguém chamado Sérgio. Ele fez algumas perguntas e críticas ao artigo “Deus e o Jardim das Delicias”. Você poderá encontrar os questionamentos do Sérgio aqui. Não o faço para menosprezá-lo. Para mim, o interlocutor é alguém criado à imagem de Deus, mas que está destituído da glória de Deus. Por isso, suprime a verdade de Deus e tateia no escuro, se bem que o Criador não está longe de se achar.

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Olá, Sérgio. Primeiramente, seja bem-vindo ao blog; só agora pude responder o seu post e o faço para que não pense que os religiosos têm medo da verdade. Também para não fazer do MEU blog um fórum de debates. Mas o seu post pode ser perfeitamente publicado, pois não fere as regras da boa convivência, antes procura estabelecer um diálogo. Isto não quer dizer que você esteja certo. Pelo contrário. As suas perguntas não são intrigantes para um cristão, mas para você, que me parece, é incrédulo. Embora se julgue racional. Mas você não é.


Sérgio, o texto do Hélio põe o “dedo na ferida” dos não-crentes. Vejamos as suas indagações.


Deixe-me, antes de adentrar a estas perguntas, perguntar algo a você: como você SABE DE FATO, que estas coisas não aconteceram? Como você SABE que “isso vai contra a própria natureza humana”? O quanto você CONHECE da natureza humana para fazer uma afirmação desta? Você tem CONHECIMENTO PLENO da própria natureza humana? Acredito que você sofre da SINDROME DA ONISCIÊNCIA CIENTÍFICA. Não seria mais racional dizer que estas coisas NÃO ACONTECEM AGORA, isto é, NESTE MOMENTO, mas que tenham acontecido no passado visando um fim? Quer um exemplo de algo que (supostamente) “aconteceu no passado” (como dizem os Evolucionistas – é este o debate do seu texto, não é? Pois lá aparece a crítica ao Criacionismo!), mas que não acontece agora e que “vai contra a própria natureza humana”? Aconteceu MESMO uma grande explosão que deu origem ao universo? Aconteceu MESMO uma transformação de uma espécie em outra (peixes para anfíbios ou mamíferos; ancestral comum entre homem e símio etc)? Pergunte a uma criança de 5 anos ou a um velho de 100 se estas coisas ACONTECEM. Então, Sérgio, por que você ACREDITA (também?) em algo que “vai contra a própria natureza”?


Ah, não será que o autor (Hélio) usou o texto do jornal como gancho para defender justamente o Evolucionismo, a teoria mais rejeitada por mais de 800 CIENTISTAS, e centenas não são CRIACIONISTAS, do mundo? E o número tende a crescer – já são 18 páginas assinadas! (http://www.dissentfromdarwin.org/ e http://www.discovery.org/scripts/viewDB/filesDB-download.php?command=download&id=660). Puxa, o Evolucionismo deve ser uma teoria MUITO científica para ter um repúdio tão grande de mais de 800 cientistas dos mais diversos países, universidade, institutos e áreas das ciências!


Sérgio, quando você diz “e não me venham dizer que são metáforas bíblicas”, você está mesmo falando do Cristianismo Histórico, que DEFENDE a História destes relatos ou você está falando de racionalistas-liberais como você? O Cristianismo Histórico não dirá que estas coisas são metáforas. Não, Sérgio, estas coisas não são metáforas, mas eventos ocorridos no tempo e no espaço, ainda que você não dê crédito. Afinal, você está comprometido com outras bases epistêmicas que impedirão você de dar crédito, ainda que você visse com seus olhos quaisquer desses eventos. Por exemplo, se você, após TODAS as comprovações, visse um morto ressuscitar, você diria que ele ressuscitou? Claro que não! Você não acreditaria ainda que todas as evidências apontassem o contrário, isto é, um morto ressuscitou. O quanto seria necessário para que você acreditasse que água virou vinho? De fato, você está comprometido a priori como o Naturalismo e Materialismo. Isto não deixa você em posição mais cômoda, mas traz maiores dificuldades pra você.


É possível um milagre? Nas bases epistêmicas do Cristianismo, sim. E isto é perfeitamente justificado e garantido. Quando você diz que estas coisas vão contra a natureza, você deixa transparecer e acha que CONHECE toda a natureza, todos os fenômenos, todas as leis existentes, conhecidas e desconhecidas, todo o Universo, enfim, você se declara onisciente ou, no mínimo, passa a ter os “cientistas” como seus deuses, pois dizem exatamente o que você diz e você CONFIA no que eles dizem.


Pelo que dá pra ver, suas bases epistemológicas são:


1) vivemos em um sistema fechado (causa e efeito – se um efeito não pode ser explicado por uma causa natural então aquele efeito não aconteceu);


2) não existe o sobrenatural e;


3) milagres não são possíveis.


Enfim, são suas pressuposições que estão influenciando os seus pensamentos e você não está disposto a mudar, ainda que um morto (e já aconteceu!) ressuscitasse. Você desejará ad infinitum, outra, e outra, e outra, e outra explicação. Você se encaixa bem nas palavras do salmista (10.4 - tradução minha) – “o ímpio, conforme a soberba do seu rosto, não está investigando. "Não há Deus" são todas as suas considerações”. Agora minha paráfrase: “por causa do seu nariz empinado, o incrédulo não está investigando de verdade e não leva Deus em consideração”.


Vou contar uma ilustração que li antigamente: um homem acreditava que estava plenamente morto. Por mais que sua esposa, filhas e amigos demonstrassem o contrário. Por fim, levaram-no para um médico que apresentou a aquele homem um morto de verdade: “veja como está frio, rígido, não há fôlego etc”. Ele respondia que era o condicionador de ar, que a temperatura estava baixa, que o corpo estava rígido por causa do frio, que o morto segurava a respiração, que o coração desacelerou etc. etc. etc. O amigo médico o mandou ler manuais, ver autópsias. Nada dava certo. Então, resolveu mostrar que mortos não sangravam e aquele homem “convenceu-se” daquilo. “Tudo bem, os mortos não sangram!” Então o médico o espetou no braço e o sangue começou a sair. O homem, espantado, olhou seu braço sangrando, temeroso com aquela descoberta e atônito disse: “Meu Deus! MORTOS SANGRAM!!!!”. Você é assim, Sérgio.


Se aqueles eventos acontecessem no curso comum da natureza, Sérgio, não seriam considerados milagres. Se você quisesse ser mais investigador, consideraria esta hipótese, e não a descartaria a priori.


Por que você não acredita que eles aconteceram? Porque você não acredita que Deus existe. Simples, não e? Sua primeira afirmação, inconsciente, mas enraizada em seu pensamento é: “Milagres não são possíveis porque Deus não existe. Deus não existe; por isso milagres não são possíveis”. A não ser que você seja um deísta, para quem Deus existe, mas não se envolve com este mundo. Dá no mesmo. Você pensa que está discutindo ciência, quando está, na verdade, discutindo filosofia. Sérgio, “a experiência nos fala o que está acontecendo; ela não nos fala o que é ou não é possível, ou que sempre acontece”. Faço minhas as palavras de um filósofo:



“Dada a zombaria comum dos incrédulos sobre a incredibilidade dos milagres, o suposto problema com tais eventos se reduz a nada mais que os preconceitos pessoais do incrédulo, disfarçados de “racionalidade moderna”. O incrédulo que ousada e retoricamente pergunta ‘como alguém com uma educação moderna poderia crer em milagres’, repudiando por isso a respeitabilidade intelectual do Cristianismo tem, em análise, afirmado nada mais que isso: ‘A menos que a cosmovisão Cristã seja verdadeira, a presença de alegações de milagres na Bíblia é evidência de que a cosmovisão cristã não é verdadeira’. Como é banal!”(BAHNSEN, Greg. Always Read. Atlanta – Georgia: American Vision, 1996, p. 226, 227).



Permita-me ainda algumas palavras. O Novo Testamento relata um caso interessantíssimo. Por favor, deixe o preconceito de lado e leia. Certa vez, Jesus curou um cego de nascença e eles perguntaram: “como ele te abriu os olhos?”. Cego, anteriormente cético, afirmou: “Nisto, pois, está o extraordinário! [...] desde as eras passadas, não se ouviu que alguém abrira os olhos de um cego de nascença”(Jo 9. 30 – 32). Veja (desculpe o trocadilho), Sérgio. Aquele cego agia igualzinho a você. Ele dizia: “Nunca ouvi que um cego tivesse os olhos abertos. Isso nunca aconteceu. É contrário à natureza humana. Isso vai contra a própria natureza...nheim, nheim, nheim....”.



Sérgio, o seu erro, como de qualquer outro incrédulo racionalista, é pensar que “o presente é igual ao passado”. Por que aqueles eventos não foram possíveis? Porque VOCÊ não quer que tenham sido possíveis. Você SABE, intuitivamente, que se eles acontceram, você terá que responder a uma série de questionamentos pessoais, morais e religiosos. Você é um bom discípulo de Hume, Sérgio. Você CRÊ nas doutrinas filosóficas de Hume e CRÊ nos dogmas do Naturalismo.



Por fim, sugiro que você abandone a sua soberba (“o nariz empinado”, lembra?) e a raiz de sua incredulidade, também chamada de rebeldia. Você não QUER que Deus exista; que uma virgem tenha dado à luz a Jesus Cristo, Deus encarnado; que Ele tenha ressuscitado dentre os mortos; você QUER que estas coisas sejam metáforas etc. Você SABE que se estas coisas forem verdadeiramente reais, históricas, eventos reais então você é responsável perante o Criador, a quem você, como criança que bate no pai, inutilmente esbofeteia. Sérgio, você é rebelde. Só isso. Mas, as boas novas (evangelho!) é que o mesmo Jesus, a quem você está negando, veio para livrar você desta rebeldia. Confesse isso a ele, Sérgio, e tenha uma nova vida, uma nova maneira de pensar, mais coerente, de acordo com a realidade desta Criação. Enquanto isso não acontecer, você continuará a procurar os esqueletos de Adão e Eva. Mas, não vale achar um dente e reconstruir um homem, uma mulher, filhos inteiros, ok?


O Senhor te abençoe, Sérgio.


Postado por Gaspar de Souza

6 comentários:

Roberto Vargas Jr. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Roberto Vargas Jr. disse...

Caríssimo Gaspar,

Acho que você bateu demais em galinha morta! Mas tudo bem, a galinha mereceu. Assim como um determinado pavão que falou comigo certa vez. Mas meu ponto nem é esse. Deixarei as aves contigo.


A questão é que é impossível discutir com pessoas como Dawkins e Hélio (talvez o Sérgio também). Não é só que eles são intelectualmente inconsistentes, irracionais em sua racionalidade. Não é só que sua base epistêmica, sua cosmovisão não dá conta da realidade... Não é só isso e nem precisamos nos aprofundar muito. É que o deus sobre o qual eles falam simplesmente não é o Deus do teísmo.
Darei dois exemplos: Dawkins, em seu desespero, sugere uma origem para a Origem (o tal projetista que projete o Projetista). Para um cristão isso é risível de tão infantil! O Hélio diz que o Deus católico e o Deus calvinista "não podem estar certos ao mesmo tempo". Não passou pela mente dele que o erro está na mente dos pensadores, e não em Deus? Claro que foi uma provocação, querendo fazer de Deus, e não dos pensadores, múltiplo. Porém, obviamente ele também ignora os efeitos noéticos do pecado e por essa razão mesma é capaz de fazer tão estapafúrdia afirmação. Ah, e é claro, provavelmente ele siga algum tipo de kantismo e prefira ler "O Segredo" ao invés da Bíblia (exceto, talvez, para achar ocasião de criticá-la)!
De todo modo, Deus é muito maior do que o que um cristão pode pensar dEle, mas se é para pensar num deus como o dos ateus, o cristão é mais ateu do que os ateus! E este é meu ponto.

Grande abraço, na graça da Eterna Origem,
Roberto
(reenviei para fins de clareza)

Gaspar de Souza disse...

Olá, Roberto. É sempre bom receber teus comentários. É verdade que os incrédulo são como os pavões: acham bonito suas penas intelectuais, mas possuem os pés feios de doer...rsss.
É impossível discutir com eles por uma única razão: eles, de fato, não têm a mente aberta! O ceticismo deles serve apenas para os outros. Eles criam um deus qualquer (homem de palha) e batem, batem, batem. Mas não conseguem organizar o todo da cosmovisão cristã bíblica. É como Van Til afirmava: "Para defendermos o Teísmo Cristão, como uma unidade, devemos mostrar que suas partes estão realmente relacionadas entre si".
Continue a postar, caro amigo.

Deus te abençoe e forte abraço.

Roberto Vargas Jr. disse...

Caríssimo Gaspar,

Eu é que agradeço. E certamente continuarei a comentar!

No meu caso pavão não era apenas ilustração, mas o sobrenome do indivíduo! rsrs
Gosta das Crônicas de Nárnia? Fiz uma provocação a ele em meu blog, aproveitando a fantasia de Lewis: Um conto (nada) fantasioso. Não é necessário conhecer a pendenga, basta saber que os absurdos do Pavão do conto estão bem próximos dos desatinos do Pavão humano.
Nesta época eu ainda estava iniciando na blogosfera e ainda achava possível dialogar com qualquer oponente não-cristão em termos amigáveis. Hoje estou com Cheung: nada de aliviar para os caras!

NEle,
Roberto

Gaspar de Souza disse...

Roberto, peço a sua autorização para publicar a crônica aqui no bloguinho. Achei muito, muito boa mesmo esta alegoria.

Em Cristo Jesus,

Gaspar

Roberto Vargas Jr. disse...

Claro, meu irmão, fique à vontade!
No Senhor,
Roberto