A exposição tem como foco a pessoa de Calvino e sua influência na Europa. A mostra também trata de temas como expulsão, migração e minorias – assuntos problemáticos para o continente durante diferentes épocas. O próprio Calvino foi forçado a fugir da França para a Suíça em 1535, quando a tensão religiosa levou a levantes violentos contra protestantes.
Isso aconteceu numa época em que a Europa estava dominada por monarcas e a Igreja Católica tinha grande influência tanto na política quanto na sociedade civil. E fazia apenas duas décadas que o alemão Martinho Lutero havia pregado suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, defendendo a salvação através da fé e acendendo, inadvertidamente, a centelha da Reforma Protestante.
Foi nesse contexto que Calvino desenvolveu e propagou o movimento protestante que se iniciava. Mais tarde, sua doutrina teológica ficou conhecida como calvinismo.
O nascimento do Estado sem corrupção
O calvinismo é conhecido por propagar o trabalho duro, a confiabilidade e o perfeccionismo. Angenendt explica que "a ética calvinista criou o funcionário público responsável e profissional". Para o historiador, isso significou "o nascimento do Estado europeu".
Um funcionário público que se comporta conforme a ética calvinista não está passível de envolvimento com a corrupção. Os países ocidentais mais influenciados por Calvino têm governos menos corruptos que seus vizinhos do Leste, afirma Angenendt.
O calvinismo não prescreve um credo universal para cada situação. Em vez disso, novas situações históricas – como o surgimento do nazismo na Alemanha dos anos de 1930 ou tempos de desigualdade econômica – requerem que fiéis leiam novamente a Bíblia e façam interpretações relevantes, diz Detmers.
A redução da influência política eclesiástica e a ênfase no papel do indivíduo são todos ensinamentos do calvinismo, que têm mais em comum com a moderna democracia europeia do que com as últimas monarquias medievais.
"Calvino defendia um democracia aristocrática. Ele defendia uma separação administrativa da Igreja e do Estado, embora quisesse assegurar que a sociedade estava embasada em princípios cristãos como Os Dez Mandamentos", explica o teólogo alemão.
Detmers comenta que particularmente em comparação com outras doutrinas, que são organizadas mais hierarquicamente e dão menor valor à participação dos fiéis, o calvinismo oferece às sociedades "modernas" um grande potencial de inovação e reflexão.
Uma solução calvinista para a crise financeira?
Se os ideais calvinistas – baseados mais no medo do que na misericórdia – tiveram uma maior influência na sociedade atual, já é uma outra questão.
Na abertura da exposição em Berlim nesta semana, o premiê holandês, Jan Peter Balkenende, salientou que a forte ética de trabalho, que é parte importante da teologia calvinista,"se transformou num sistema moral".
À luz da atual crise econômica, seria "bom se os mercados financeiros fossem mais fortemente governados por estes princípios", afirmou Balkenende.
Bastiões da teologia reformista
Mais de 25 milhões de pessoas fazem parte da Igreja Luterana na Alemanha, de acordo com informações da própria Igreja. Desses, dois milhões pertencem às igrejas protestantes reformadas. Outros bastiões da teologia reformista na Europa são a Suíça, a Holanda, a Hungria, a Escócia e a França.
Na Alemanha, os membros das igrejas reconhecidas pelo Estado pagam uma dízimo mensal às Igrejas Católica e Protestante. No país, a Igreja Católica conta oficialmente com 25 milhões de fiéis.
A exposição Calvinismo fica aberta até 19 de julho próximo no Museu Histórico Alemão, em Berlim.
Autora: Kate Bowen
Revisão: Soraia Vilela
Fonte:http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4159790,00.html?maca=bra-newsletter_br_Destaques-2362-html-nl
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Comento:
Bom, tirando algumas coisas aqui e ali, como por exemplo: Cadê a entrevistas com Calvinistas? Os Luteranos e Católicos entendem mais de Calvinismo do que os Calvinistas? Uma leitura do calvinismo feita pelos olhos luteranos e católicos deixa informações preciosíssimas de fora. Acima diz que "os ideias calvinistas" são baseados "mais no medo do que na misericórdia", mas como, se a palavra mais forte na teologia calvinista é "Graça"? Enfim, tirando as rebarbas do artigo, é um bom sinal de que o Calvinismo pode voltar a ser uma influência nos lugares aonde chegaram. Abaixo ponho algumas literaturas escritos por Calvinistas. Desta forma, você poderá ouvir um calvinista falando.
Escrito pelo antigo primeiro-ministro da Holanda (1900) e criador da Universidade Livre de Amsterdã (1880), Kuyper é, de fato, um bastião do Calvinismo. O livro acima é leitura obrigatória para os que desejam conhecer o movimento que transformou a Europa e os Países que o abraçaram. Aproveitem e leia aqui um relato histórico do Abraham Kuyper
O Pensamento Econômico e Social de João Calvino
Este livro de Biéler revelará como o pensamento de Calvino influenciou a economia e a política em Genebra. Não deixe de consultá-lo.
Muitíssimas outras fontes escritas por Calvinistas podem ser localizadas na Editora Cultura Cristã, ed. Fiel, Ed. Mackenzie etc. São temas diversos da influência de Calvino nas Artes, Política, Ciências, Desenvolvimento Social, Economia, Direito, Religião etc. Então, por que não dar ouvidos a estes?
Postado por Gaspar de Souza
2 comentários:
Realmente, é de deixar qualquer ateu com inveja o inegável alcance da vida e da obra de João Calvino, mesmo depois de 500 anos. Isso já é uma condição necessária e sufuciente para ele ser merecedor de tal exposição em Berlin. Contudo, seria muito bom que aqueles que se dizem calvinistas tivesse consciência disso e, pelo menos, pensessem seriamente antes de carregar tal adjetivo.
Em Cristo,
Gerson.
Gerson, meu amigo. É sempre bom tem os teus comentários. Sem dúvida que usar o adjetivo "calvinista" está carregado de peso. Creio, minha opinião, de que o Calvinismo interpretou melhor o Cristianismo, vivendo "para glória de Deus".
Forte abraço, mano.
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