quarta-feira, 22 de abril de 2009

Berlim dedica exposição a reformador João Calvino


Do Deutsche Welle uma notícia que não irá para a TV! Leiam abaixo:

Berlim dedica exposição a reformador João Calvino


Diz-se que as ideias de Calvino, reformador da igreja no século 16, inspiraram a democracia moderna e o capitalismo. Hoje, 500 anos após seu nascimento, o Museu Histórico Alemão lhe dedica exposição em Berlim.


Com mais de 360 documentos históricos, obras de arte e objetos litúrgicos, a atual mostra de Berlim é a maior exposição na Europa durante o Ano Calvino, que marca os 500 anos do reformador nascido em 10 de julho de 1509, na cidade francesa de Noyon.

A exposição tem como foco a pessoa de Calvino e sua influência na Europa. A mostra também trata de temas como expulsão, migração e minorias – assuntos problemáticos para o continente durante diferentes épocas. O próprio Calvino foi forçado a fugir da França para a Suíça em 1535, quando a tensão religiosa levou a levantes violentos contra protestantes.
Isso aconteceu numa época em que a Europa estava dominada por monarcas e a Igreja Católica tinha grande influência tanto na política quanto na sociedade civil. E fazia apenas duas décadas que o alemão Martinho Lutero havia pregado suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, defendendo a salvação através da fé e acendendo, inadvertidamente, a centelha da Reforma Protestante.
Foi nesse contexto que Calvino desenvolveu e propagou o movimento protestante que se iniciava. Mais tarde, sua doutrina teológica ficou conhecida como calvinismo.


O nascimento do Estado sem corrupção
Em entrevista à Deutsche Welle, o teólogo católico e professor aposentado Arnold Angenendt declara que "o calvinismo influenciou decididamente a forma moderna de vida". Segundo o teólogo, Calvino é interpretado como aquele que disse que qualquer erro é sinal de que se foi abandonado por Deus.
O calvinismo é conhecido por propagar o trabalho duro, a confiabilidade e o perfeccionismo. Angenendt explica que "a ética calvinista criou o funcionário público responsável e profissional". Para o historiador, isso significou "o nascimento do Estado europeu".
Um funcionário público que se comporta conforme a ética calvinista não está passível de envolvimento com a corrupção. Os países ocidentais mais influenciados por Calvino têm governos menos corruptos que seus vizinhos do Leste, afirma Angenendt.

Responsabilidades individuais
As igrejas calvinistas são caracterizadas não somente pela forte consciência ética, mas também pela organização não-hierárquica, diz em entrevista à Deutsche Welle Achim Detmers, da Igreja Luterana na Alemanha. Esta igualdade "democrática", segundo ele, não traz somente liberdade, mas também responsabilidade.
O calvinismo não prescreve um credo universal para cada situação. Em vez disso, novas situações históricas – como o surgimento do nazismo na Alemanha dos anos de 1930 ou tempos de desigualdade econômica – requerem que fiéis leiam novamente a Bíblia e façam interpretações relevantes, diz Detmers.
A redução da influência política eclesiástica e a ênfase no papel do indivíduo são todos ensinamentos do calvinismo, que têm mais em comum com a moderna democracia europeia do que com as últimas monarquias medievais.
"Calvino defendia um democracia aristocrática. Ele defendia uma separação administrativa da Igreja e do Estado, embora quisesse assegurar que a sociedade estava embasada em princípios cristãos como Os Dez Mandamentos", explica o teólogo alemão.
Detmers comenta que particularmente em comparação com outras doutrinas, que são organizadas mais hierarquicamente e dão menor valor à participação dos fiéis, o calvinismo oferece às sociedades "modernas" um grande potencial de inovação e reflexão.

Uma solução calvinista para a crise financeira?

O clérigo luterano adverte, no entanto, que não deve ser estabelecida uma ligação muito forte entre Calvino e o desenvolvimento da democracia moderna e do capitalismo, chamando a atenção para o papel exercido por uma série de outros fatores sociológicos e históricos neste contexto.

Se os ideais calvinistas – baseados mais no medo do que na misericórdia – tiveram uma maior influência na sociedade atual, já é uma outra questão.
Na abertura da exposição em Berlim nesta semana, o premiê holandês, Jan Peter Balkenende, salientou que a forte ética de trabalho, que é parte importante da teologia calvinista,"se transformou num sistema moral".
À luz da atual crise econômica, seria "bom se os mercados financeiros fossem mais fortemente governados por estes princípios", afirmou Balkenende.

Bastiões da teologia reformista

Mais de 25 milhões de pessoas fazem parte da Igreja Luterana na Alemanha, de acordo com informações da própria Igreja. Desses, dois milhões pertencem às igrejas protestantes reformadas. Outros bastiões da teologia reformista na Europa são a Suíça, a Holanda, a Hungria, a Escócia e a França.
Na Alemanha, os membros das igrejas reconhecidas pelo Estado pagam uma dízimo mensal às Igrejas Católica e Protestante. No país, a Igreja Católica conta oficialmente com 25 milhões de fiéis.
A exposição Calvinismo fica aberta até 19 de julho próximo no Museu Histórico Alemão, em Berlim.

Autora: Kate Bowen
Revisão: Soraia Vilela


Fonte:http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4159790,00.html?maca=bra-newsletter_br_Destaques-2362-html-nl

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Comento:

Bom, tirando algumas coisas aqui e ali, como por exemplo: Cadê a entrevistas com Calvinistas? Os Luteranos e Católicos entendem mais de Calvinismo do que os Calvinistas? Uma leitura do calvinismo feita pelos olhos luteranos e católicos deixa informações preciosíssimas de fora. Acima diz que "os ideias calvinistas" são baseados "mais no medo do que na misericórdia", mas como, se a palavra mais forte na teologia calvinista é "Graça"? Enfim, tirando as rebarbas do artigo, é um bom sinal de que o Calvinismo pode voltar a ser uma influência nos lugares aonde chegaram. Abaixo ponho algumas literaturas escritos por Calvinistas. Desta forma, você poderá ouvir um calvinista falando.



Excelente livro contendo as Cartas do Reformador Genebrino. Traduzido pelo meu irmão e amigão Marcos Vasconcelos, é uma leitura para todos aqueles que desejam conhecer a João Calvino. Do site da Editora Cultura Cristã (Presbiteriana) encontramos o seguinte:

"Calvino pregava em média cinco vezes por semana e escreveu material suficiente para preencher 48 volumes. Suas cartas foram destinadas a reis e príncipes, reformadores, nobres e pessoas do povo. Elas abordam questões de Estado, mas também problemas do dia-a-dia, revelando interesse pastoral, zelo evangelístico e senso de autoridade final de Deus e de sua Palavra. Esta seleção contém cartas referindo-se à Reforma na Inglaterra, uma seção da correspondência de Calvino com seus amigos mais próximos, especialmente Guilherme Farel, Lutero e Melanchthon. Também há cartas de encorajamento pastoral e, talvez as mais tocantes de todas, conselhos de Calvino a cinco jovens aprisionados em Lyon, na França, aguardando o dia de seu martírio. Todas essas cartas são de interesse histórico. Mas seu significado permanente repousa na lembrança de que elas provêem da grande obra de Deus, no exemplo do compadecido cuidado cristão e em um profundo interesse pelo avanço do evangelho onde quer que ele seja proclamado. A ambição pessoal de Calvino está presente em cada carta: “É suficiente que eu viva e morra por Cristo que, para seus discípulos, é lucro tanto na vida quanto na morte”."



Escrito pelo antigo primeiro-ministro da Holanda (1900) e criador da Universidade Livre de Amsterdã (1880), Kuyper é, de fato, um bastião do Calvinismo. O livro acima é leitura obrigatória para os que desejam conhecer o movimento que transformou a Europa e os Países que o abraçaram. Aproveitem e leia aqui um relato histórico do Abraham Kuyper

O Pensamento Econômico e Social de João Calvino


Este livro de Biéler revelará como o pensamento de Calvino influenciou a economia e a política em Genebra. Não deixe de consultá-lo.

Muitíssimas outras fontes escritas por Calvinistas podem ser localizadas na Editora Cultura Cristã, ed. Fiel, Ed. Mackenzie etc. São temas diversos da influência de Calvino nas Artes, Política, Ciências, Desenvolvimento Social, Economia, Direito, Religião etc. Então, por que não dar ouvidos a estes?


Postado por Gaspar de Souza

2 comentários:

Anônimo disse...

Realmente, é de deixar qualquer ateu com inveja o inegável alcance da vida e da obra de João Calvino, mesmo depois de 500 anos. Isso já é uma condição necessária e sufuciente para ele ser merecedor de tal exposição em Berlin. Contudo, seria muito bom que aqueles que se dizem calvinistas tivesse consciência disso e, pelo menos, pensessem seriamente antes de carregar tal adjetivo.
Em Cristo,
Gerson.

Gaspar de Souza disse...

Gerson, meu amigo. É sempre bom tem os teus comentários. Sem dúvida que usar o adjetivo "calvinista" está carregado de peso. Creio, minha opinião, de que o Calvinismo interpretou melhor o Cristianismo, vivendo "para glória de Deus".

Forte abraço, mano.