Por James
Anderson
Traduzido
por Gaspar de Souza
Poucos meses atrás eu
escrevi uma postagem intitulada “O
Deus Falível do Molinismo” motivado pelo bate-papo entre William Lane Craig
e Paul Helm. Algumas pessoas alertaram-me para o fato do Dr. Craig resumidamente
respondeu meu argumento em um recente podcast.
Isto é o que
ele disse:
Eu penso que ele pisou em falso em seu argumento aqui. Certamente é
verdadeiro que em qualquer circunstância particular de liberdade-permitida, um
agente é livro para fazer outra coisa que Deus sabe que ele fará. Mas, naquele
mundo em que o agente faz algo diferente, o plano de Deus não seria o mesmo. O que
o colega parece não lembrar é que naquele mundo Deus teria diferentes planos. Deus
saberia naquele mundo que S faria alguma coisa diferente em C e, então, naquele
mundo ele teria planos para que isto aconteça. Então, o que ele está tentando
fazer é manter os planos de Deus firmes e fixados de mundo a outro, mas em
seguida variar o valor dos contrafactuais, e você não pode fazer isso. Se você
alternar para um mundo no qual S não faz
A em C, então você não pode dizer: “bem, neste mundo os planos de Deus são que
S faria A em C”. Não, não, naquele mundo Deus teria planos
diferentes.
Então, quando você alternar o valor-verdade dos
Contrafactuais, você também tem de alternar os planos providenciais, porque os
planos providenciais são baseados em contrafactuais que são verdadeiros
naqueles mundos. Então, dado que os planos de Deus são baseados no que
ele conhece que os agentes livres fariam, os planos mudarão de mundo
para mundo junto com as decisões dos agentes. Assim, não existe qualquer problema
aqui. Os planos de Deus nunca falham, e ele não é falível.
Primeiro deixe-me dizer que estou
honrando em o Dr. Craig considerar meu comentário digno de nota. Mas tenho umas poucas coisas a dizer em resposta.
Craig está correto ao
dizer que cometi um equívoco no argumento original, como eu reconheci em
réplica ao comentário
do Greg
Welty. Eu disse no início [do
artigo] que não relevante se o decreto de Deus (ou “plano providencial”, para
usar a terminologia de Craig) está incluído em C, isto é, as circunstâncias nas
quais Deus coloca o agente livre S, sabendo que S fará A em C. Mas isto é um equívoco,
porque os Molinistas dirão que C não inclui o decreto de Deus, de tal
modo que nesses mundos possíveis em que S não faz A em C, enquanto C é o
mesmo, o decrete de Deus é diferente. (Como Craig coloca a questão, o plano
providencial de Deus não é “firme e fixado” através dos mundos nos quais S
escolhe C, embora C seja fixado). Os contrafactuais são diferentes
naqueles mundos alternativos e, portanto, o decreto de deus também será
diferente naqueles mundos, desde que ele é baseado naqueles contrafactuais.
Bastante justo, mas
como argumentei nos comentários da postagem original, eu não penso que a observação
deixa o Molinista não supera as dificuldades. Em primeiro lugar, parece-me uma alegação
especial excluir o decreto de Deus – que é uma decisão ativa com consequências causais,
não um simples conhecimento passivo – das circunstâncias em que S faz sua
escolha livre. O Molinista tem que dizer, de fato, “Não se preocupe, é
possível para S não fazer A em C desde que não incluamos o decreto de Deus em
C, pois então seria possível para S fazer outra coisa contrária ao que Deus
decretou”. Em outras palavras, o Molinista tem que restringir C às
circunstâncias intramundanas.
Mas, por que deveria ser permitido ao Molinista fazer esse movimento? Afinal, as circunstâncias são casualmente
vinculadas ao Decreto de Deus (e, necessariamente assim no sistema
molinista). As circunstâncias se obtêm apenas porque Deus decidiu que
elas deveriam ser obtidas e as causou ser obtidas. Se você pode traçar a
linha limite de C de modo a excluir o decreto de Deus e suas ações para
implementar esse decreto (ou seja, sua manipulação de circunstâncias
intramundanas), por que não traçar limite ainda mais restritiva, de modo a
excluir, digamos, todas as circunstâncias de mais de cinco anos antes da
escolha de S, ou todas as circunstâncias de mais de cinquenta milhas da região de
S? Existe algum princípio racional para traçar a linha limite de C onde
o Molinista quer traça-la além de salvar o sistema? Por que pensar que está
quente e ensolarado em Charlotte hoje é um elemento relevante de minhas
circunstâncias, mas Deus fazer [um dia] quente e ensolarado em Charlotte
(parcialmente a fim de direcionar as escolhas dos habitantes da cidade) não é um elemento relevante?
Acerca do ponto
relacionado, eu penso que o Molinista preserva a infalibilidade divina apenas por
seu compromisso com o livre-arbítrio libertariano (LAL). Um entendimento
central por trás do LAL é que as escolhas de S são livres apenas se elas não forem
determinadas pelos fatores (especialmente as ações de outros agentes) além do
controle de S. Como eu demonstrei em minha postagem original e nos comentários
subsequentes, existe um sentido claro no qual, do ponto de vista Molinista,
Deus determina as escolhas de S. Isso não é um determinismo causal,
mas ainda é determinismo no sentido que o decreto de Deus é que S fará A (que é
fixado antes de quaisquer das escolhas de S) assegurando que S
fará A. Dado que Deus tem decretado que S fará A, S não pode
fazer outra coisa senão A.
Então, o Molinista tem
de dizer que “Dado apenas que S está em C (que exclui o decreto de
Deus), S pode fazer outra coisa além de A, mas dado que Deus tem
arranjado C precisamente a fim de que S faça A, S não pode fazer outra
coisa senão A”. Agora, por que não deveríamos considerar que uma noção desvirtuada
do LAL? Por que alguém que está comprometido com a ideia de LAL se contentaria
com a visão de que suas escolhas são apenas livres com respeito à
circunstâncias intramundana e não livre com respeito à circunstâncias
extramundanos(isto é, o decreto de Deus e a ação ativa das circunstâncias
intramundanas)? Se você pode viver com tal forma diluída de LAL, por que
insistir nisso tudo?
Eu penso que isto é uma
das razões porque muitos Arminianos (esqueça os Teístas Abertos) não querem
entrar na linha Molinista. Eles sentem que o Molinismo ainda é uma forma de
determinismo e não está completamente
comprometido com LAL. Em resumo, ainda dá a Deus controle de mais(Embora
eu pense, da perspectiva Calvinista, que o Molinismo não dê a Deus controle suficiente)
Assim, continuo com as observações
que fiz no final de minha postagem original, que eu reproduzo aqui:
Como se percebe, essa tensão no centro do Molinismo surge porque ele ambiciona ser deterministicamente indeterminista. “Indeterminismo” por causa de seu compromisso com o livre-arbítrio libertário. “Determinista” porque o decreto de Deus, de alguma forma (não sabemos como) determina de antemão que suas criaturas farão certas escolhas. Isso pode não ser um determinismo causal, mas, apesar de tudo, é determinismo (como muitos Arminianos não-Molinistas, tais como Roger Olson, podem ver claramente). Se preordenar que S escolhe A não significa predeterminar que S escolha A, então o que significa?
Para mais discussão, verifique os diálogos nos comentários
da postagem original.
Fonte: http://www.proginosko.com/2014/05/a-brief-response-to-william-lane-craig-on-molinism/
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