Vern Poythress
Traduzido por Gaspar de Souza
Traduzido por Gaspar de Souza
O VOO DE UMA FLECHA
O
Primeiro Livro dos Reis, capítulo 22, contém um caso impressionante. Micaías,
falando como profeta do Senhor, prediz que Acabe, o rei de Israel, cairia na
batalha de Ramate-Gileade (1Rs 22. 20 – 22). Acabe disfarça-se na batalha par
evitar ser um alvo especial para o ataque inimigo (v. 3). Mas o plano de Deus não
pode ser frustrado. A narrativa descreve o evento crucial:
Então um homem armou o arco, e
atirou a esmo, e feriu o rei de Israel por entre as fivelas e as
couraças; então ele [o rei] disse ao seu carreteiro: Dá volta, e tira-me do
exército, porque estou gravemente ferido.(v. 34)
“Um
homem armou o arco, e atirou a esmo”. Ou seja, ele não mirou em qualquer alvo
em particular. Uma tradução alternativa seria que ele puxou seu arco “em sua inocência”(ESV[1], leitura à margem). Uma tradução alternativa
poderia ser que um homem acertou Acabe, mas ele não sabia que havia feito (ele
era “inocente” de saber que era o rei). Qualquer que seja a interpretação que
tomemos deste detalhe, devemos observar que a flecha atingiu o lugar correto.
Acabe estava vestido de armadura. Se a flecha tivesse atingido a couraça de
Acabe, simplesmente ele poderia ter ricocheteado. Se tivesse atingido as
fivelas da armadura, a flecha não o teria ferido. Mas, aconteceu haver um
pequeno espaço entre as fivelas e a couraça. Talvez, por apenas um momento,
Acabe virou ou dobrou de tal modo que uma fina abertura apareceu. A flecha foi
certeira, exatamente no lugar certo. Ela o feriu fatalmente. Ele morreu no
mesmo dia (1Rs 22.35), tal como Deus o tinha dito.
Deus mostrou naquele dia que ele estava no comando dos
eventos aparentemente aleatórios. Ele controlou quando o homem tirou o seu
arco. Ele controlava a direção de seu alvo. Ele controlou o momento em que a
flecha foi lançada. Ele controlou o voo da flecha. Ele controlou a maneira que
Acabe colocou sua armadura no início do dia e a posição que Acabe ficou quando
a flecha se aproximava. Ele controlou a flecha quando ela atingiu o exato lugar
e entrou fundo o suficiente para produzir dano fatal os órgãos. Ele trouxa
Acabe para sua morte.
Para não se sentir muito triste por Acabe, devemos
lembrar que ele era um rei perverso (1Rs 21. 25, 26). Além disso, ao ir para a
batalha, ele desobedeceu diretamente o aviso que o profeta Micaías dera em nome
de Deus. Deus, que é Deus de justiça, executou justo juízo sobre Acabe. A partir
deste julgamento deveríamos aprender a reverenciar e honrar a Deus.
A morte de Acabe era um evento de significado especial. Ele
tinha sido profetizado de antemão, e o próprio Acabe era uma pessoa especial. Ele
foi rei em Israel, um líder proeminente, uma pessoa importante em conexão com a
história do povo de Deus no Reino do Norte de Israel. Mas, o evento ilustra um
princípio geral: Deus controla os eventos aparentemente aleatórios. Um evento excepcionalmente
único, como uma flecha voar em direção a Acabe, não foi narrado como uma exceção,
mas como um peso particularmente importante do princípio geral, que a Bíblia
ilustra em passagens onde ensinam o controle universal de Deus.
COINCIDÊNCIAS
Nós
podemos encontrar outros eventos na Bíblia onde o resultado depende de uma
aparente coincidência ou causalidade.
Em
Gênesis 24, Rebeca, que pertencia ao grupo de parentes de Abraão, aconteceu de
ela sair [para buscar água ] justamente depois que o servo de Abraão chegou [ao
local]. O servo estava orando e esperando, procurando uma esposa para Isaque,
filho de Abraão (Gn. 24.15). O fato é que Rebeca veio justamente no momento
certo era claramente a resposta de Deus à oração do servo. Rebeca, mais tarde,
casou-se com Isaque e deu à luz a Jacó, um ancestral de Jesus Cristo.
Anos
mais tarde, Raquel, que pertencia à mesma família, aconteceu de sair [para
levar as ovelhas] exatamente depois que Jacó chegou(Gen. 29.6). Jacó a
encontrou, caiu de amor por ela e casou-se com ela. Ela se tornou a mãe de
José, a quem Deus mais tarde levantou para preservar a família inteira de Jacó
durante os sete anos de fome (Gen. 41 – 46). Quando Deus preparou Raquel para
Jacó, ele estava cumprindo sua promessa que ele cuidaria de Jacó e o traria de
volta a Canaã(28.15). Além disso, ele estava cumprindo sua promessa de longo
alcance que ele abençoaria os descendentes de Abraão (vv. 13, 14)
Na
vida de José, depois que os seus irmãos o tinham jogado em um poço, aconteceu
de passar uma caravana de Ismaelitas que estava viajando para o Egito (Gen.
37.25)
A
falsa acusação da esposa de Potifar levou José a ser jogado em uma prisão (Gen.
39.20). Aconteceu de Faraó ter se irado com seu copeiro-chefe e seu padeiro-chefe,
e aconteceu de eles serem lançados na prisão onde José agora tinha uma posição
de responsabilidade (40.1 – 4). Enquanto eles estavam repousavam, aconteceu de
o copeiro-chefe e o padeiro-chefe terem um sonho especial. A interpretação de
seus sonhos por parte de José o levou, mais tarde, à oportunidade de
interpretar os sonhos de Faraó (Gen 41). Esses eventos conduziram ao
cumprimento o antigo sonho profético que Deus tinha dado a José em sua mocidade
(37.5 – 10; 42.9)
Depois
que Moisés nasceu, sua mãe o pôs em um cesto feito de junco e o colocou entre
os juncos à margem do Nilo. Aconteceu da filha de Faraó descer ao rio e sucedeu
de ela notar o cesto. Quando ela abriu o cesto, aconteceu do bebê chorar. A
filha de Faraó teve compaixão e adotou Moisés como seu próprio filho (Êx. 2.3 –
10). Como resultado, Moisés foi protegido da sentença de morte aos filhos
machos das hebreias (1.16, 22), e ele “foi instruído em toda a sabedoria dos
egípcios”(At. 7.22). Assim, Deus executou seu plano, de acordo com o qual
Moisés seria, finalmente, o libertador dos israelitas do Egito.
Josué
enviou dois espias a Jericó. Fora de todas as possibilidades, aconteceu de eles
irem à casa de Raabe, a prostituta (Js. 2.1). Raabe escondeu os espias e fez um
acordo com eles (vv. 4, 12 – 14). Consequentemente, ela e seus parentes foram
preservados quando a cidade de Jericó foi destruída (6.17, 25). Raabe, então,
tornou-se uma ancestral de Jesus (Mt. 1.5)
“Aconteceu
de [Rute] ir para a parte do campo que pertencia a Boaz”(Rt 2.3).[2] Boaz observou Rute, e então uma série
de eventos levaram Boaz a casar-se com Rute, que se tornou uma ancestral de
Jesus (Rt 4.21, 22; Mt. 1.5)
Durante a vida de Davi, lemos o
seguinte registro do que aconteceu no deserto de Maon:
E Saul ia deste
lado do monte, e Davi e os seus homens do outro lado do monte; e, temeroso,
Davi se apressou a escapar de Saul; Saul, porém, e os seus homens cercaram a
Davi e aos seus homens, para lançar mão deles. Então veio um mensageiro a Saul,
dizendo: Apressa-te, e vem, porque os filisteus com ímpeto entraram na terra.
Por isso Saul voltou de perseguir a Davi, e foi ao encontro dos filisteus; por
esta razão aquele lugar se chamou Rochedo das Divisões(1Sm 23.26 – 28).
Davi
escapou por pouco de ser morto, porque aconteceu dos filisteus conduziram um
ataque em um determinado momento, e o aconteceu de o mensageiro chegar a Saul
quando ele estava pronto para atacar a Davi. Se nada tivesse acontecido para
interferir na perseguição de Saul, ele poderia ter tido sucesso em matar Davi.
A morte de Davi teria extirpado a linhagem de descendência que levaria a Jesus
(Mt. 1.1, 6)
Quando
Absalão articulou sua revolta contra o rei Davi, aconteceu de um mensageiro vir
a Davi dizendo: “O coração dos homens de Israel tem seguido a Absalão”(2Sm
15.13). Davi, imediatamente fugiu de Jerusalém onde, se ficasse, teria sido
morto. Durante a fuga de Davi, aconteceu de Husai, o arquita, vir encontrar com
ele, “com roupa rasgada e cabeça coberta de terra”(v. 32). Davi falou a Husai
para ele voltar a Jerusalém, alegando apoiar Absalão e derrotar o conselho de
Aitofel (v. 34). Como resultado, Husai foi capaz de persuadir a Absalão a não
seguir o conselho de Aitofel sobre a batalha, e Absalão morreu na batalha que,
finalmente, aconteceu (18.14, 15). Assim, as coincidências contribuíram para a
sobrevivência de David.
Quando
Ben-Hadad, o rei da Síria, havia sitiado Samaria, a cidade foi privada de
alimento. Eliseu predisse que no dia seguinte, a cidade de Samaria teria faria
e cevada (2Rs 7.1). O capitão permaneceu em expressa descrença, e então Eliseu
predisse que ele “veria aquilo...mas...não comeria”(v. 2). No dia seguinte,
aconteceu de o capitão ser atropelado, na porta, pelo povo que saiu e saqueou o
acampamento atrás de alimento (v. 17). “Ele morreu, como o homem de Deus havia
dito”(v. 17), vendo o alimento, mas não vivendo para participar do mesmo. Sua
morte foi um cumprimento da profecia de Deus.
Quando
Atalia estava prestes a usurpar o trono de Judá, ela se comprometeu em
destruir todos os descendentes da
família de Davi. Aconteceu de Jeoseba estar ali, e ela pegou Joás, o filho de
Acazias e o raptou e o escondeu(2Rs 11.2). Assim, a linhagem da descendência de
Davi foi preservada, o que tinha de ser o caso se o Messias deveria vir da
linhagem de Davi, como Deus havia prometido. Joás foi um antepassado de Jesus.
Durante
o reinado do rei Josias, aconteceu de os sacerdotes encontrarem o Livro da Lei,
quando eles estavam reparando os recintos do templo. Josias o tinha lido e,
então ele foi estimulado a inaugurar uma reforma espiritual.
A
história de Ester contém muitas coincidências . Aconteceu de Ester estar entre
as jovens mulheres que foram levadas ao palácio do rei (2.8). Aconteceu de ela
ser escolhida para ser a nova rainha (v. 17). Aconteceu de Mardoqueu descobrir
os planos de Bigtã e Teres contra o rei (v. 23), e aconteceu de o nome de
Mardoqueu ser incluído nas crônicas do rei (v. 23). A noite antes de Hamã
planejar enforcar Mardoqueu, aconteceu de o rei perder o sono (6.1). Ele pediu
para um assistente ler as crônicas, e aconteceu do assistente ler a parte onde
Mardoqueu tinha descoberto o plano contra o rei (v. 1, 2). Aconteceu de Hamã
ter entrado no pátio do rei exatamente naquele momento (v. 4). Toda uma série
de acontecimentos operou para conduzir a Hamã a ser enforcado, os judeus
resgatados e Mardoqueu ser honrado.
O
livro de Jonas também contém eventos que agiram juntos. O Senhor enviou uma
tempestade no mar (Jn. 1.4). Quando os marinheiros lançaram sorte a fim de
identificar a pessoa culpada, “a sorte caiu sobre Jonas”(v. 7). O Senhor deu
ordens ao peixe para que engolisse Jonas (v. 17). O Senhor deu ordem ao peixe
para que a planta crescesse (4.6), ao verme que atacou a planta (v. 7), e em
seguida, a ardência do sol e do “vento oriental abrasador”(v. 8)
Aconteceu
de Zacarias, o sacerdote, esposo de Elisabete, ser escolhido pela sorte a
oferecer incenso no templo (Lc 1.9). O tempo era extremamente oportuno, pouco
antes da concepção de João Batista e da vinda de Jesus (v. 24 – 38)
Quando
Dorcas morreu em Jopa, aconteceu de Pedro estar próximo em Lida (At 9. 32, 38).
Aconteceu de os discípulos em Jopa ouvir que ele estava ali. Então, eles
enviaram a Pedro e, como resultado, Dorcas foi trazida de volta à vida.
Quando
o Apóstolo Paulo estava na prisão, aconteceu de o filho da irmã de Paulo ouvir
sobre os planos dos judeus para matar Paulo (At. 23.16). Ele transmitiu a
notícia ao comandante romano, da tribuna, que tinha seus soldados levado Paulo
para Cesárea. Paulo foi salvo de morto por causa uma causalidade.
Poderíamos
multiplicar exemplos deste tipo. A tempestade e o peixe que o Senhor enviou a
Jonas podem ser considerados miraculosos, mas a maior parte temos nos
concentrado sobre incidentes em que um espectador pode notar nada de
extraordinário. Em cada caso, a narrativa como um todo mostra que Deus estava
realizando seu propósito. Ele esta no controle desses eventos aparentemente
“coincidentes”. Poderíamos listar muitos incidentes na Bíblia de tipos muito
mais extraordinários, onde Deus exerceu poder miraculoso. Ele enviou as pragas
sobre o Egito, dividiu as águas do Mar Vermelho, deu maná no deserto.
Vemos
uma suprema exibição do controle de Deus quando olhamos algumas dos eventos aparentemente
“coincidentes” durante a crucificação e morte de Jesus.
Quando Jesus foi crucificado,
aconteceu de os soldados lançarem sorte para dividir suas vestes. Eles,
assim, cumpriram a Escritura,
Repartiram entre si as minhas vestes, E sobre a minha vestidura lançaram sortes. (João 19.24; Sl 22.18)
Quando Jesus morreu, aconteceu de um
dos soldados perfurar um lado com uma lança, cumprindo a profecia:
Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.(Jo. 19.34)
E outra vez diz a Escritura: Verão
aquele que traspassaram.(Jo. 19.37, citado de Zac. 12.10)
Depois da morte de Jesus, José de
Arimatéia, um homem rico (Mt 27.57), levou o corpo de Jesus e o colocou em seu
próprio sepulcro, que aconteceu de ser ali próximo e que estava vazio. Ele, então,
cumpriu a profecia:
E José, tomando o corpo, envolveu-o num fino e limpo lençol, e o pôs no seu sepulcro novo (Mt 27. 59, 60)
E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; (Is 53.9)
Em
Atos, os crentes tomaram coragem quando eles refletiram sobre como Deus tinha
controlado os eventos da crucificação de Jesus(At. 4. 25 – 28). Eles oraram
para que Deus continuasse a agir com poder em suas vidas:
Agora,
pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem
com toda a ousadia a tua palavra; enquanto estendes a tua mão para curar, e
para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Filho Jesus. E,
tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do
Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus (At. 4. 29 – 31)
Deus
é o mesmo hoje. Podemos inferir que Deus está no controle em todos os eventos
aparentemente coincidentes em nossas vidas. Todos nós temos de encarar eventos
que não temos controles: “tempo e acaso acontecem a todos”(Ecl 9.11). É um
grande conforto saber que Deus controla tais coisas, por Deus sabe o que ele
está fazendo. Romanos 8.28 relembra-nos que “para aqueles que amam a Deus,
todas as coisas cooperam para o bem, para aqueles que foram chamados segundo
seu propósito”. Louvemos a Deus por sua majestade. E confiemos o futuro a Deus,
incluindo as “coincidências” e as “causalidades”
Um comentário:
Gostei muito do post....sim, quantas vezes nos perguntamos para Deus, o porque, Senhor? Quando deveriamos na verdade perguntarmos: Para que Senhor? Ó, honras e glorias ao Deus todo Poderoso, que dirige nossos passos e caminhos,e em todos eles, opera Sua vontade....
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