quarta-feira, 16 de junho de 2010

O Cristianismo é Infalsificável; o Ateísmo é Falsificável!

por Brian Colón

Qualquer um que tenha estudado Apologética por que dois minutos tem provavelmente ouvido a citação que soa algo como “Deus é infalsificável”. O que o Ateísta está dizendo aqui é que, basicamente, nós temos inventado Deus e o concebido de tal maneira que ele é completamente à prova de evidência. Ele é tão invisível que não pode ser visto; e tão imaterial que não pode ser sentido. As únicas pessoas que tem ouvido que ele falou, são pessoas que já estão convencidas de que ele existe. Portanto, a declaração “Deus existe” não pode ser testada por qualquer método científico.

As pessoas que pensam que esta seja uma boa razão para crer que Deus não existe apóiam-se naquilo que é comumente referido como o “Princípio da Verificabilidade”. Este princípio foi proposto por A.J. Ayer em 1936. Simplesmente declarado, o princípio diz que qualquer declaração para ser considerada válida, deve ser suscetível de verificação empírica (pelos 5 sentidos). Se uma declaração for testada empiricamente e for falsa, então é aceita como falsa. Se uma declaração for testada e for verdadeira, então é aceita como verdadeira. Se uma declaração não pode ser testada empiricamente, então a declaração é sem sentido (nem verdadeira, nem falsa). Uma das mais famosas declarações sem sentido é “Twas brillig and the slithey toves did gyre and gimble in the wabe”(Tera o Assador e os Sacalarxugos Elasticojentos no eirado giravam)[1]. Para um verificacionista, a afirmação “Deus existe” é tão significativa como esta.

Eu tenho quarto coisas a dizer em resposta a isto:

1. Sim, Deus é infalsificável
2. Uma declaração não precisa ser falsificável para ser aceita como verdade
3. O Princípio de Verificabilidade refuta a si mesmo.
4. O Ateísmo é falsificável, e é falso, portanto, sua negação (Teísmo), é verdadeira.

Deus é infalsificável

Sim, devemos admitir isto. Não existe maneira de provar que Deus é falso. Todavia, gostaria de assinalar que, se Deus FOSSE falsificável, então ela não seria Deus. Deus, e acordo com o Cristianismo Clássico, é o maior ser concebível. Isto quer dizer que não existe não acima de Deus. Deus não é limitado por qualquer coisa e, por isso, não existe nenhum teste que seria bem sucedido em detectá-lo. Se existisse tal método, então isto significaria que Deus não seria supremo. Por exemplo, que tipo de Deus seria Deus se ele se fosse capaz de gravar um mp3 com os sons que ele faz? Se tal prova fosse bem sucedida, então isto significaria que Deus seria pelo menos sujeito ao poder do microfone que o gravou. Se Deus existe e ele tem os atributos que a Bíblia diz que ele tem, então ele NÃO PODE ser falsificável. Se ele fosse falsificável, então não poderia ser Deus.

Uma Declaração não precisa ser falsificável para ser aceita como verdadeira

Considere a declaração: “Matar é errado”. Esta declaração é aceitável como verdadeira? Claro! Mas então, a questão óbvia a perguntar é como é que esta declaração pode ser verificada pelos cinco sentidos? O mais próximo que você poderá obter é refazer a declaração para “o assassinato causa morte”. No entanto, isto não traz a conclusão de assassinar ou mesmo a morte seja errado.

David Hume, um filósofo ateísta do século 16, havia assinalado que muitas vezes nós usamos o princípio indutivo que nós acreditamos que as declarações são infalsificáveis. Considere uma simples declaração: “a lei da gravidade será a mesma amanhã como foi hoje”. Todos crêem nisto, mas esta é uma declaração empiricamente verificável? Não, não é. Amanhã está no futuro; nós estamos no presente. Sem o uso de uma máquina do tempo, nós não tempos maneiras de verificar qualquer alegação de que as leis da natureza permanecerão consistentes no futuro. Claro que todo mundo diria que as leis da natureza não mudarão no futuro porque elas nunca mudaram no passado. Mas Hume salientou que isto é usar uma lógica circular.

O Princípio de Verificação refuta a si mesmo

Agora é a hora de avaliar o Verificacionismo em seu próprio jogo. Vamos assumir que o princípio de verificação é verdadeiro, e que toda declaração deve ser capaz de ser empiricamente verificada para que a declaração seja significativa. Então, vamos usar o princípio da verificação para testar mais uma declaração. A seguinte declaração é verificável empiricamente?

a fim de que uma declaração seja significativa, ela deve ser empiricamente verificável

Bem, esta declaração é verificável? Obviamente não! A declaração é apenas uma pressuposição. Ela não é uma lei que foi provada ser verdadeira. Ela não é comprovada; é uma lei assumida pela qual todas as outras declarações são provadas ou desaprovadas. O problema é que o verificacionista diz que todas as declarações dever ser verificáveis a fim de que elas sejam significativas. Mas o Princípio de Verificação não é verificável. Isto significa que se o Princípio de Verificabilidade for verdadeiro, então ela é absurda ou sem sentido!

O Ateísmo é Falsificável

A única coisa que o Ateísmo tem que o Teísmo não tem é sua capacidade de ser provado falso. No entanto, desde que o Ateísmo PODE ser provado falso, então, SE FOR provado falso, então o Teísmo, necessariamente, seria provado verdadeiro. Quando você tem apenas duas possíveis respostas para uma proposição, e uma delas é provada falsa, então a outra, necessariamente é verdadeira. Considere a sentença “Deus não existe?”, as duas respostas possíveis são “sim” e “não”. Se a resposta “não” for provada falsa, então a única resposta alternativa restante é “sim”.

Então, como pode uma proposição ser provada falsa? Existem diversas maneiras, mas a maneira escolhida para mostrar que o Ateísmo é falso é mostrando sua auto-contradição. Se uma proposição contém auto-contradições, então não pode ser verdadeira. Não existem triângulos de quatro lados; não existem casados solteiros; e não existem desempregados no Departamento de Polícia.

Aqui está a definição de Ateísmo como eu vejo: não existe deus, não existe nada além do mundo físico; a matéria é tudo que existe. Se a matéria é tudo que existe, então explicar coisas tais como....

1. Absolutos Morais – todo ateísta que encontrei crer que homicídio e estupro são maus. Mas o que é mal? Se eu concebo que tudo que existe é matéria, então existe alguma coisa má acerca da matéria? Alguém se importa com a faca usada para matar alguém? Claro que não! Talvez o mal seja alguma coisa que nós experimentamos como algo que diminui nossa felicidade. Isso não significaria que o estuprador aumenta sua felicidade por estuprar as pessoas e que estuprar pessoas seria considerado bom para ele? Quem disse que os julgamentos morais do estuprador são falhos e nãos os nossos?

2. As Leis da Lógica – considere a lei do terceiro excluído que diz que uma proposição é verdadeira ou falsa; não existe um meio termo. Qual é o fundamento ontológico desta lei? Seria esta lei apenas um resultado das funções químicas de nosso cérebro? Se sim, como pode ser universal? Uma lei pode ser material? Claro que não! As Leis da Lógica são entidades imateriais abstratas. Muitas coisas não poderiam existir se a única coisa que existe for a matéria.

3. Dignidade Humana – Se tudo que existe for a matéria, então isto que significaria que não somos nada mais do que matéria também. Se isto for verdadeiro, então o que há de tão especial no ser humano? Nada! Então, por que nos fazemos coisas como honrar nossos mortos num funeral? Por que nos pensamos que seja mau quando uma pessoa inocente é morta? Por que pensamos que os humanos tenham mais valor que os animais? Por que as pessoas dizem que não devemos agir como os animais e, em seguida, colocam um jaleco e argumenta que SOMOS animais?

O Ateísta é capaz de reconhecer absolutos morais, leis da lógica e a dignidade do ser humano sem crer em Deus. Mas a questão é por que o Ateísta não está agindo consistentemente com sua cosmovisão?A resposta é óbvia, porque a proposição “Deus não existe?” implica em conseqüências impossíveis.

O Ateísmo é inadequado para explicar nossa experiência do mundo ao nosso redor. Então, o Ateísmo não pode ser verdadeiro. A melhor prova da existência de Deus é a impossibilidade da prova do contrário.

Fonte: Know its True

[1] A Tradução do poema Jabberwocky (Pargarávio ou Jaguadarte) de Lewis Carrol, foi feita por de William Lagos e é formada sobre palavras sem sentidos ou inventada e a sua incompreensibilidade. Você poderá encontrar o poema, tanto no original quanto em português aqui: http://brasillewiscarroll.blogspot.com/2009/09/jabberwocky-in-portuguese.html

Traduzido por Gaspar de Souza


Um comentário:

Roberto Vargas Jr. disse...

Gaspar, meu caro!
Rapaz, eu falaria um monte de coisas de forma diferente! Vejamos algumas:
1) O princípio de verificabilidade foi "substituído" pelo da falseabilidade. Em termos amplos, ele diz que uma afirmação só é significante se for falseável. Ser falseável é poder ser verificado falso de forma empírica. Assim posto, ele é tão autorefutável quanto o da verificabilidade.
2) Eu não diria que o ateísmo é falseável. Pela sua definição talvez sim (pois inclui o naturalismo). Mas se o restringimos à simples afirmação de que "Deus não existe" (sem pensar nas muitas consequências), então ele é tão não falseável quanto o teísmo. Em outras palavras: o argumento falha a um tanto quanto a outro.
3) Quanto à autorefutação do princípio de falseabilidade, tive recentemente uma discussão em que alguém afirmava que o princípio só é aplicável a enunciados de primeira ordem (que tem a ver com objetos). Assim, não poderia ser aplicado a si mesmo. Seria algo como reformular o princípio para: uma afirmação sobre objetos (empíricos) só é falseável se puder ser refutada empiricamente. Digo duas coisas: a) deste modo, o princípio é nada mais que formalizar o método indutivo (uma tautologia), e b) ainda que aceitássemos tal artifício, o princípio ainda carece de justificação (de uma crença que justifique a crença no princípio). Em outras palavras: ou a reformulação não diz nada de novo ou continua sem provas (para quem não reconhece pressupostos, provas são fundamentais!).
Como vê, não estamos muito de acordo mesmo estando em acordo! rssr
Grande abraço, meu irmão!
No Senhor,
Roberto