quarta-feira, 13 de maio de 2009

Mais um ataque de um ex-cristão

O artigo abaixo é uma resposta à entrevista de Bart Ehrman sobre seu novo livro: Jesus, Interrupted. Michelson Borges fornece uma boa resposta às alegações de Bart. Leiam.
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Por Michelson Borges em 12/5/2009

A revista Época desta semana traz entrevista com o norte-americano Bart Ehrman. Ele cresceu em uma família religiosa, mas acabou abandonado o cristianismo por não acreditar que Deus poderia estar no "comando de um mundo cheio de dor e sofrimento". Professor de estudos religiosos na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, Ehrman já escreveu 21 livros sobre religião, incluindo Verdade e Ficção em O Código Da Vinci, sobre o best-seller de Dan Brown, e O que Jesus Disse? O que Jesus Não Disse? – Quem mudou a Bíblia e por quê, que figurou entre os mais vendidos na lista do jornal The New York Times. Agora, em Jesus, Interrupted (ainda sem tradução), que será lançado no Brasil no segundo semestre, Ehrman tenta revelar as "contradições" da Bíblia, que "provam", segundo ele, que o livro não foi enviado à humanidade por Deus. Leia aqui alguns trechos da entrevista:


"Não me considero um ateu e não acho que estou fazendo a mesma coisa que esses autores [Dawkins, Harris, e outros]. Eles têm feito coisas boas, mas estão atacando a religião sem conhecer muito. Quando eu escrevo, faço isso como alguém que já esteve profundamente envolvido com a Cristandade, mas que agora a rejeitou. Por isso, a minha perspectiva é completamente diferente. ... Fui criado na Igreja Protestante e fui um cristão muito ativo por vários anos. Mas eu deixei a cristandade não por conta dos meus estudos históricos sobre a Bíblia, mas por não conseguir mais acreditar que poderia haver um deus no comando deste mundo cheio de dor e sofrimento (...)."


"O título [Jesus, Interrupted (em tradução livre: Jesus, interrompido)] significa que há inúmeras vozes diferentes falando no Novo Testamento. São autores diferentes, que possuem pontos de vista diferentes e que, muitas vezes, são conflitantes. Com tantas vozes assim falando no mesmo livro, muitas vezes é impossível escutar a voz do Jesus histórico, porque ele foi interrompido por outras pessoas."

Visões são excludentes

Esse argumento das "contradições" nos evangelhos volta e meia é ressuscitado por alguém com o fito de atacar as Escrituras Sagradas. Que os evangelhos foram escritos por pessoas diferentes, com pontos de vista, objetivos e estilos diferentes, não há cristão esclarecido que negue. Aliás, essa é uma das grandes evidências de que o Novo Testamento é um documento confiável. As testemunhas oculares costumam variar e, às vezes, até divergir nos detalhes secundários de seu relato, enquanto concordam nos elementos mais importantes da história. Se os evangelistas tivessem participado de um complô para criar uma religião ou se seus sucessores tivessem esse objetivo, teriam suprimido qualquer aparente contradição entre seus relatos e teriam evitado detalhes constrangedores a respeito de si mesmos e da religião que estariam fundando.

Na verdade, conforme o próprio Ehrman admite, seu problema é com a existência do sofrimento num mundo que se crê criado por um Deus de amor. Sem compreender o pano de fundo histórico apresentado pela Bíblia e conhecido como o Grande Conflito cósmico entre o mal e o bem, fica mesmo difícil explicar a origem do mal. (Recomendo a leitura de A Anatomia de uma Dor, de C. S. Lewis [Ed. Vida], e O Mal e a Justiça de Deus, de N. T. Wright [Ultimato].)

Ehrman prossegue: "São muitas discrepâncias [na Bíblia], mas é possível destacar duas. O apóstolo Paulo, por exemplo, acha que a pessoa chega a Deus apenas pela fé, e não pelo que faz. No capítulo 24 de Mateus, no entanto, nós lemos que boas ações levam ao reino dos céus. Essas duas visões são excludentes em um assunto determinante, que é a salvação."

Prerrogativa divina

Admira alguém que se diz ex-cristão não conhecer a dinâmica do assunto graça e obras, na Bíblia. Bem resumidamente, o que todos os autores bíblicos que tocam no assunto explicam é que somos salvos pela graça e julgados pelas obras. A obediência (obras) é consequência natural da salvação, e não a causa dela. O mesmo Paulo que fala da graça, em Romanos 3:24, por exemplo, também enaltece a lei, em Romanos 7:22.

Outra do Ehrman: "Também há visões diferentes sobre quem era Jesus. No evangelho de João, Jesus é Deus, mas nos textos atribuídos a Marcos, Mateus e Lucas não há nada sobre isso. No evangelho de Mateus fica claro que ele acredita que Jesus é um ser humano, e que é o Messias. A Igreja acabou juntando essas duas visões, de que ele é humano e divino, e criou um conceito que não está escrito nem em João e nem em Mateus."

Parece que o ex-cristão não leu a Bíblia direito. Os evangelhos narram as "blasfêmias" de Jesus, que foram bem claras, pois houve momentos em que os líderes judeus quiseram apedrejá-Lo por Se considerar Deus. Ele perdoou pecados, o que é uma prerrogativa divina; se autodenominou Eu Sou, expressão típica para se referir a Yahweh etc.

Alguns dólares com livros polêmicos

"Se [a Bíblia foi entregue a nós diretamente por Deus], por que não temos a Bíblia original? Por que temos apenas manuscritos escritos mais tarde e que não são iguais? Essas diferenças mostram que não existe um livro com inspiração divina que foi entregue a nós", questiona Ehrman. O fato de existirem muitos manuscritos (com pequenas e naturais variantes que em nada comprometem as doutrinas bíblicas), na verdade, atesta a confiabilidade da Bíblia. Se existissem apenas os manuscritos originais e esses se perdessem ou fossem danificados, como garantir a veracidade deles ou a integridade da mensagem? Graças a Deus, várias cópias da Bíblia se espalharam rapidamente, garantindo que seu conteúdo fosse preservado. O trabalho dos estudiosos consiste em comparar as diversas versões que, como disse, concordam grandemente entre si.

Finalmente, Ehrman diz que "o problema é que há um certo tipo de fé cristã que diz que a Bíblia não tem erros e é infalível, e eu não concordo com isso. Eu não sou o único que pensa assim". De fato, ele não é o único que pensa que a Bíblia não é inerrante. Só que, em lugar de procurar entender o processo de inspiração mental pelo qual a Revelação nos foi dada, Bart Ehrman prefere se acastelar na dúvida e ganhar alguns dólares com livros polêmicos escritos para vender.

Livros como o dele vêm e vão. A Palavra de Deus dura para sempre.




Postado por Gaspar de Souza

6 comentários:

Micheline Gomes disse...

Gaspar

Li o livro O que Jesus Disse? O que Jesus Não Disse? – Quem mudou a Bíblia e por quê?

Absurdo!

Saibamos pois que os piores ataques ao cristisnismo são de apóstatas da fé.
Infelizmente o que mais veremos nestes últimos dias serão apóstatas. Que a bandeira do Evangelho genuíno permaneça sendo erguida por nós!

Anônimo disse...

ESSE CAMARADA PRECISA LER O LIVRO DE A.W.PINK "DEUS É SOBERANO"..RS..
TUDO DE BOM REVERENDO! MUITO BOA A MATÉRIA.
PRESB.FÁBIO CORREIA
www.filosofiacalvinista.blogspot.com

Anônimo disse...

Se não existisse um Deus pessoal e infinito, o sofrimento perderia todo seu sentido. Se Deus não existe, o homem não passa de um produto complexo do tempo e do acaso — o resultado do processo evolucionário. Se isso for verdade, então o sofrimento não passará de um problema físico-químico. Se Deus não existe, não há absolutos morais e, portanto, não existe base para determinar se alguma forma de sofrimento é moralmente errada. Ao negarem a existência de Deus, homens e mulheres negam o significado último da própria vida, contestando também assim a base para afirmar que o sofrimento é errado. Sem Deus, nem mesmo poderiam perguntar: "Por que os inocentes sofrem?", já que não existiria a inocência. A própria inocência implica a existência de culpa, e a culpa implica a questão de que algumas coisas são moral e absolutamente erradas. A existência de Deus é quem traz valor a vida e a todas as situações envolvidas nela, e com ela, porque Deus é o centro do Universo e tudo deve girar em torno de sua pessoa. Quando invertemos a ordem, então jamais conseguiremos conciliar estas duas idéias – um Deus bom e justo e o sofrimento do cristão. Como bem disse C. S. Lewis: o problema de conciliar o sofrimento humano com a existência de um Deus que ama só é insolúvel enquanto associarmos um significado trivial à palavra “amor” e considerarmos as coisas como se o homem fosse o centro delas.
Sem. Rogerio Mattos - SPN

Gaspar de Souza disse...

Micheline, você tem plena razão quando afirma que os piores inimigos virão (e vieram) de dentro dos nossos arraiais. Erhman é um exemplo disso. Porém, existem aqueles que foram chamados à defesa da fé cristã. Agradeço o teu comentário. É sempre bem-vindo. Visite-nos sempre.

Fábio, obrigado pela companhia neste blog. Certamente Erhman não tem compromisso com a Teologia Ortodoxa neste momento.

Rogério, parabéns pela reflexão e comentários feitos neste blog. É sempre bom contar contigo.

A todos que têm feito deste blog um local de reflexão, meu muito obrigado.

Edinei Siqueira disse...

Gostei muito deste artigo, pois logo após tomar conhecimento da entrevista com o ex-cristão Bart Ehrman na revista época, confesso que vasculhei a nete á procura de comentários a respeito e seu foi o primeiro que encontrei.

Muito obrigado!

Pb. Edinei Siqueira, Th.B

Gaspar de Souza disse...

Olá, Pb. Edinei. Agradeço o teu comentário. De fato, o Bart tem escrito muito acerca do NT, mas numa perspectiva ofensiva. Estou a escrever um pequeno artigo sobre o livro "O que Jesus disse? O que Jesus não disse?". Assim que eu tiver um tempinho, concluirei e publicarei aqui.
Até lá, sinta-se bem-vindo a postar comentários, como todos os amigos e irmãos têm contribuído.