segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Neuza Itioka e a Falsa Profecia da 2ª Volta de Cristo


Por Renato Vargens

Quando eu penso que as coisas estão mais calmas nos arraiais evangélicos, eis que surge uma profeteira marcando a volta de Jesus. Quem afirmou isso, foi a "apóstola" brasileira Neusa Itioka. Neusa é Fundadora e presidente do Ministério Ágape Reconciliação e foi "consagrada" ao denominado ministério apostólico em Agosto de 2002. Ela possui o bachareado em Teologia (Faculdade Metodista Livre), é também formada em Pedagogia pela USP e doutora em Missiologia pelo Seminário Teológico Fuller e desde 1988 vem atuando na área de Libertação, Cura Interior e Batalha Espiritual.


Bom, isto posto, a profeteira em questão, em carta enviada de Campo Grande, Mato Grosso, aos Cristãos, afirmou que após assistir a um filme vendido na internet, se preocupou a cerca do que seria uma Nova Ordem Mundial supostamente criada pelas 13 famílias mais ricas do mundo, estes seriam os Iluminates que junto com a ONU estariam trabalhando para acelerar a vinda do anti-cristo. Segundo ela, nos próximo 6 anos teremos tempos difíceis para os Cristãos, até a volta de Jesus em 2017 ou 2018, quando Cristo inauguraria “seu reinado do milênio”. Neusa Itioka também previu para os próximos anos a eliminação de 90% da população mundial.


A teoria de Neuza a cerca da volta de Jesus se baseia na profecia do Rabino Ben Samuel, morto em 1217, que teria dito que 2017 seria um ano especial para Israel.

A fundadora do Ministério Ágape também pediu muitas orações e jejuns, recomendou ler 20 vezes os dois livros de Tessalonicenses e alertou que muitos evangélicos não irão ter com o Pai devido a suas condutas, mudanças de opinião ou pouca dedicação a Deus.

Confira a carta na integra:


Amados no Senhor Jesus Cristo. Viemos para esta cidade, passar alguns dias como férias merecidas. Mas, na realidade, Deus tem nos direcionado a buscá-Lo. Estamos lendo a Palavra, para ouvi-Lo e nos fortalecendo em jejum e oração. Neste ano que está passando, 2010, uma das diversas coisas que fizemos foi de orarmos e trabalharmos para que princípios do reino fossem estabelecidos, através do novo governo. Mas, aparentemente o que se vê, é a tendência da iniqüidade se multiplicar. E assim como Igreja e como nação, teremos de enfrentar uma situação difícil aos olhos dos servos de Deus. Mas, mesmo assim glorificamos a Deus, por que Ele está em controle!! O Senhor reina, como diz o salmista. No meio de aparente caos, o Senhor está em perfeito controle. E, assistindo aos DVDs da NOVA ORDEM MUNDIAL, apregoado por vários líderes, especialmente, as 13 famílias mais ricas e poderosas do mundo, famílias essas que se colocam como dominadores do mundo, entendemos claramente, que o Brasil caminha a passos largos, pela agenda da Elite Mundial. O nosso governo adotou a agenda da Elite Mundial, chamada Iluminates, agenda essa adotada pela ONU, Organização das Nações Unidas. E, isto está acontecendo para acelerar a vinda de Anti Cristo. Assim, entendemos que tudo contra o que lutamos está dentro do programa deles: a dissolução de família; a aprovação do aborto; o infanticídio; agenda homossexual; a pedofilia; a educação sexual pervertida das crianças; a adoção da feitiçaria como uma das nossas raízes – cultura africana; eliminação de símbolos religiosos de toda repartição pública da nação; a tentativa de fazer do Brasil, um modelo light de socialismo; imposição de imposto às igrejas evangélicas; a supressão da liberdade religiosa e liberdade de expressão. E, esta insistência de se alinhar com nações que têm como alvo, a eliminação de Israel do mapa também está dentro desta visão. Perguntávamos, por que o nosso governo estava se conduzindo de maneira tão louca e irracional, desrespeitando a visão e a convicção mais conservadora da grande população brasileira e apresentando um programa diametralmente oposto ao povo evangélico que cresce cada dia, a despeito de todos os problemas que apresentamos. Hoje, entendemos que de fato está acontecendo. O nosso governo juntamente com outros é apenas marionetes na mão dos dominadores deste mundo. Diante de tudo isto, o que Deus tem falado é que neste futuro próximo, á partir de 2011, teremos momentos difíceis de tristeza, sofrimento e dor. E, para enfrentarmos esta situação, temos que buscá-Lo, em jejum e oração. Se até agora, trabalhamos muito, e, vamos ter de trabalhar mais. E, os verdadeiros guerreiros descobrirão o descanso espiritual, em meio a luta, pois a guerra é do Senhor. Ele nos deu armas: a espada do Espírito, com Palavra de Deus que se transforma em decretos poderosos; a tocha flamejante que se constitui de mãos ungidas que se levantam para guerrear; a revelação da estratégia de Deus. E, como apóstolo Paulo diz aos Tessalonicenses que conservemos a fé e confiança absoluta em Deus, na sua bondade ilimitada e no seu grandioso poder, em todas as circunstâncias, sejam de perseguição ou injustiça; que a nossa esperança na salvação prometida por Deus, seja constantemente renovada; e a nossa perseverança em seguir a Jesus Cristo, em meio ao sofrimento seja inabalável; e que o amor a Deus e para uns pelos outros seja algo transbordante nas nossas vidas. Recomendamos ao povo mais próximo que lesse 20 vezes a epístola, I e II. Deus nos disse, em recado pessoal que, para este tempo, a arma mais poderosa é o amor. Devemos receber o amor renovado de Deus, cultivá-lo, para que a força dele nos una, destruindo toda barreira entre os irmãos, para confrontamos o inimigo. A crise, a perseguição, as dificuldades vão mostrar, verdadeiramente, quem somos. Muitos continuarão a lutar e apregoar os valores do reino: a santidade, a obediência a Deus, a honra a Palavra, a verdade, a vida plena em Cristo; a expansão do reino, a missão da Igreja; a guerra espiritual, a libertação e a cura. Mas outros vão se conformar tanto com a Nova Ordem Mundial que vão se alistar ao programa de eliminação de 90% da população mundial, quer através de guerras, quer através de disseminação ilimitada das drogas; quer através do holocausto silencioso e imperceptível de milhões de abortos, sacrifício dos fetos no altar de Moloque; quer por destruição paulatina da família. Deus já nos ordenou que temos de nos arrepender, pela Igreja que dorme o seu sono da última hora, antes do aparecimento do Noivo. Este arrependimento consiste em chorar, agonizar e confessar por identificação os pecados dos líderes da Igreja que traíram a Noiva de Cristo: arrependemo-nos por aqueles que venderam a igreja; que a conduziram ao engano, que estabeleceram alianças direta e indiretamente com Nova ordem Mundial, através das alianças. Devemos nos arrepender pelo povo, idólatra dos seus líderes, ignorante da Palavra, que está sendo conduzido para o inferno, sem saber. O nosso arrependimento inclui também arrependimento por milhares de crentes que estão se direcionando ao inferno, estão brincando como seguidores de Jesus Cristo. O evangelho de Jesus Cristo que iniciava com o negar a si mesmo, foi substituído pelo Evangelho de engorda do EU e da prosperidade barata, de construir os seus impérios e a busca do paraíso na terra. O arrependimento pela idolatria do ministério, da reputação, da fama e do sucesso a qualquer preço, está deixando o povo susceptível ao engano e a cegueira espiritual que o leva a seguir falsos pastores, mestres, profetas e apóstolos, o que Jesus Cristo havia nos advertido, há muito tempo. É bom lembrar das revelações que o Senhor trouxe a 7 jovens da Columbia, USA, em 1996, de que no inferno, no pior lugar de maior tortura, quem se encontram são os que, um dia conheceram a Deus e que pregaram uma coisa, mas viveram outra, se contradizendo. De acordo com alguns estudiosos e profetas e incluindo o rabino Ben Samuel que profetizou, que provavelmente, em 2017 ou 18, o Messias Jesus estaria inaugurando o seu reinado do milênio. Sim, de acordo com os acontecimentos, a figueira que representa Israel floresceu em 1947 e o Senhor disse que, a geração que assistiu o florescimento não passaria, até que todas estas coisas acontecessem. Uma geração dura 70 anos. De 1947 mais 70 anos corresponde a 2017. ( Lc. 21; 29-33) Aparentemente, o Messias está para voltar, logo e logo. Você e eu poderemos estar no meio desta igreja que sobe ou fica. Pois uma parte participou da boda do cordeiro, mas a metade não, de acordo com a parábola de dez virgens (Mt. 25:1-12) e de acordo com Apocalipse 12, a mulher , a Igreja deu a luz um menino que foi arrebatado e a mulher teve que ir para o deserto. Seremos a igreja que vai para o deserto ou faremos parte do filho que vai ser arrebatado, por Deus. Portanto, quando virmos estas coisas acontecendo, devemos levantar as nossas cabeças por que estará próxima a nossa redenção. E, de acordo, com a sua Palavra, continuamos a trabalhar muito, orando e profetizando a transformação das nossas famílias, igrejas, vilas, bairros, cidades e nações. Que você seja vitorioso, segundo os planos de Deus, neste 2011. Veremos a bondade de Deus, o seu poder e a sua misericórdia pelo povo de Deus, em meio aparente caos. Pois Ele Reina.

Comentando o TEXTO:


Sinceramente eu não sei como essa senhora consegue criar tantas bobagens e heresias. Ora, fundamentar suas percepções em profecias descabidas e alucinógenas é de uma sandice inigualável.


Lamentavelmente alguns dos denominados evangélicos são profissionais na arte de fabricar mitos e lendas. Aliás, vamos combinar um coisa? Essa senhora precisa de acompanhamento pastoral. Ao afirmar que o inferno está lotado de crentes, Neusa por si só propaga a velha heresia de que o crente em Jesus pode cair da graça. Além disso, fundamentar a volta de Cristo em achismos esquizofrênicos é demais da conta. Para piorar a situação a profeteira tem a cara de pau em afirmar que a base para sua visão escatológica se encontra na profecia de um rabino.


Pois é cara pálida, parece que alguns dos evangélicos têm vocação para ghostbusters, mesmo porque, vêem o diabo em tudo que é lugar. Alias, assusta-me o fato de que o adversário de nossas almas receba tanta atenção por parte dos cristãos.


Caro leitor, creio veementemente que boa parte dos nossos problemas eclesiásticos se devem ao fato de termos abandonado as Escrituras. Ora, não tenho a menor dúvida de que somente a Bíblia Sagrada é a suprema autoridade em matéria de vida e doutrina; só ela é o árbitro de todas as controvérsias, como também a norma para todas as decisões de fé e vida. Soma-se a isso o fato de que para os cristãos a autoridade da Escritura é superior à da Igreja, da tradição, bem como das experiências místicas adquiridas pelos profetas e profetisas desta geração.


Isto posto, faço minhas as palavras do reformador alemão Martinho Lutero: "Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo oque preciso conhecer tanto para esta vida quanto para o que há de vir"

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

AGORA DANOU-SE! AS FEMINISTAS (NÃO AS FEMININAS) VÃO FICAR LOUCAS!

Mulheres buscam homens que as sustentem, diz estudo.


MICHELLE ACHKAR

Não se trata de um carro ou de um destino turístico. O novo símbolo de status entre os casais é a possibilidade de o marido manter a mulher em casa, cuidando da rotina doméstica e dos filhos, sem que ela precise trabalhar para complementar a renda familiar. Depois de batalhar para conquistar espaço no mercado de trabalho, muitas mulheres estão novamente brigando para reconquistar o direito de ficar em casa.

Este é o resultado de uma pesquisa conduzida pela renomada London School of Economics. O percentual de mulheres que afirmou desejar a situação beira os 70%:

1) As mulheres ouvidas afirmaram preferir casar com um homem que possa mantê-las em casa;
2) 64% desejam encontrar um homem que ganhe mais do que elas;
3) Nenhuma afirmou querer ter como companheiro alguém que ganhe menos;
4) 69% disseram preferir ficar em casa cuidando dos filhos se o dinheiro não fosse insuficiente;
5) 19% afirmaram querer que o parceiro seja mais bem-educado do que elas;
6) 62% preferem dividir uma relação com pessoas com o mesmo nível intelectual que elas>

Conclusão
A pesquisa, comparada com dados datados dos anos 1940, concluiu que hoje, mais do que na época, as mulheres querem encontrar um homem rico que as sustentem. O jornal inglês Daily Mail repercutiu a pesquisa com casais que fizeram a opção. Segundo os entrevistados, as vantagens aparecem para ambos os lados.

Os homens sentem que podem estar mais focados na carreira, sabendo que as parceiras estão à frente da família, o que evita, por exemplo, ter que sair do trabalho para socorrer imprevistos ou pequenos acidentes domésticos.

Mas a principal delas é, segundo eles, a definição clara dos papéis sobre quem faz o que, o que evita discussões à respeito da louça suja sobre a pia ou a arrumação da casa.

Para as mulheres isso inclui não reclamar da pouca ou nenhuma ajuda que os homens oferecem nos afazeres domésticos, fazer mimos e manter as coisas exatamente como eles querem, como manter as roupas limpas e bem-passadas, no caso dos maridos que tem altos cargos.

Papéis divididos
Os casais afirmam formar um time em que as formas de apoio vêm de diferentes maneiras: eles cuidam de trazer dinheiro para casa e elas de manter tudo funcionando.

As mulheres que afirmaram ter tomado a decisão de deixar a carreira para cuidar dos filhos e da casa disseram viver a fase mais feliz de suas vidas, apesar de as amigas não concordarem com a decisão.

As mulheres apontaram que não se imaginam mais cuidando da carreira ao mesmo tempo em que realizam todas as tarefas da casa e cuidam dos filhos.

Fonte: Terra

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Apologética para a Glória de Deus

A Editora Cultura Cristã cumprindo a proposta de publicar obras de referências no campo da Teologia, acaba de publicar a obra do Dr. John Frame (na verdade, esta é a terceira obra do autor publicada pela ECC. As outras foram: 1) Em Verdade e Em Espírito, na área de Teologia do Culto; 2) Não há Outro Deus, uma resposta ao Teísmo Aberto; 3) O Conhecimento de Deus, na área de Epistemologia Cristã e Apologética). Este último livro tem sido considerado como uma introdução à Apologética Pressuposicionalista e fornece o backgroud filosófico do "Apologética para Glória de Deus".

O Dr. John M. Frame foi professor de Apologética e Teologia Sistemática no Westminster Theological Seminary por 31 anos! Hoje ensina estas disciplinas e Filosofia no Reformed Theological Seminary. Tem a facilidade de escrever (é um escritor prolífico) assuntos complexos em linguagem simples.

Assim o autor descreve esta obra no prefácio: "de boa consciência, eu posso descrever este volume como apologética "Reformada"(aspas no original - NR) e como pertecendo a aquele tipo especial de apologética Reformada desenvolvida por Cornelius Van Til. Eu não concordo, necessariamente, com cada sentença que Van Til escreveu. De fato, alguns Vantilianos descreverão esta obra como "revisionista"(aspas no original - NR)(p. xi)

De fato, o Dr. John Frame é tido como um herdeiro da tradição vantiliana, da qual ele se considera devedor (p. xii), ainda que ele tenha avançado e aprofundado seus insights. Bom, o certo é que não é possível ler o livro e não sentir nele os traços da Apologética de Van Til. Ainda assim, o livro do Dr. Frame não tem por objetivo "explicar Van Til ou mostrar o relacionamento preciso entre suas ideias" e a de Van Til.(p. xi, xii). Este objetivo encontra-se em seu livro Cornelius Van Til: An Analysis of his Thought (Phillipsburg, NJ: Presbyterian & Reformed Publishing Co., 1995), ainda sem edição em português. Embora, pessoalmente, eu considere o pupilo mais brilhante de Van Til, Greg L. Bahnsen, aquele que melhor explicou a metolodologia apologética e epistemológica de Cornelius Van Til em seu livro Van Til's Apoologetics: Readings and Analysis (Phillipsburg, NJ: Presbyterian & Reformed Publishing Co., 1998, 764p.), não podemos deixar de reconhecer as ricas contribuições no campo da filosofia reformada feita pelo Dr. Frame.

O livro original está dividido em nove capítulos e dois apêndices. Frame apresenta os princípios da apologética (cap. 1); a mensagem do apologeta (cap. 2) e apresenta a apologética como prova (cap. 3), como defesa (cap. 6) e como um ataque ofensivo, ou seja, como crítica ao pensamento incrédulo (cap. 8), visão esta peculiarmente Van Tiliana a que o Dr. Frame chama de "três aspectos da apologética"(p. 2). Ele não teme lidar com as questões tradicionais da apologética: a Existência de Deus (cap. 4); a autoridade dos Evangelhos (cap. 5); o problema do mal (cap. 6 e 7), tratando deste problema, considerado a "última fronteira da apologética cristã", tanto pela filosofia (considerados não-bíblicos e inadequados, segundo Frame [p. 171]) quanto pelas Escrituras, mostrando como as Escrituras lidam com este problema de maneira sólida e eficaz. Por fim, o Dr. Frame nos dá um exemplo de um hipotético "diálogo apologético" entre ele e um passageiro num avião.

Neste livro você não encontrará apenas maneiras de lidar com questões difícies levantadas pelos inimigos da Fé Cristã, mas também o teor pastoral da apologética de Van Til (suaviter in modo, fortiter in re).

A despeito de minhas dificuldades com o "pressuposicionalismo" do Dr. Frame, considero este livro uma boa introdução à perspectiva da Apologética Reformada, embora gostaria de ver o Pressuposionalismo Vantiliano apresentado pelo Dr. Bahnsen ou Michael Butler. Certamente que agradeço a Deus, ao Dr. Frame e à Editora Cultura Cristã por esta obra.

Apenas para divulgação deixo este pequeno comentário. Estou preparando uma resenha mais completa do livro assim que ele chegar em minhas mãos a edição em português.

Postado por Gaspar de Souza
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CÓD. CEP-0741

Apologética para a glória de Deus

John Frame

Preço R$ 44,00Comprar

Disponibilidade em estoque: Disponível

Sinopse

Este livro é uma "introdução" em vez de um sistema compreensivo de apologética. Entretanto, é escrito para pessoas aptas para leitura de material acadêmico de nível universitário que estejam seriamente dispostas a resolver questões que apresentam certo grau de dificuldade.

Por que mais uma introdução à apologética? Bem, à parte dos escritos de Val Til, poucas introduções à apologética, se houver, vão à própria Bíblia para inquirir mais detalhadamente sobre normas para a apologética. Espero que este livro preencha o vazio.

John Frame, do Prefácio

John M. Frame (A.B. pela Princeton University; B.D. pelo Westminster Theological Seminary; A.M. e M.Phil. pela Yale Univsersity) é professor de Teologia Sistemática e Filosofia no Reformed Theological Seminary, no campus de Orlando.

Ficha Técnica

  • Título: Apologética para a glória de Deus
  • Subtítulo: Uma introdução
  • Autor(es): John Frame
  • Código: CEP-0741
  • ISBN: 9788576223498
  • Páginas: 224
  • Tamanho: 16 x 23 x 1.2 cm
  • Acabamento: Brochura
  • Peso: 340g
  • Categoria: Livros - Apologética
  • Categoria: Livros - Teologia
  • Ano: 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

UMA CRÍTICA À CRÍTICA - FILOSOFIA-CALVINISTA OU SUPOSTO OBJETIVISMO DE UM BLOGUEIRO?


Neste começo de ano não estou muito empenhado em abastecer o blog. Meio que de “recesso eclesiástico local”, estou colocando em dia minhas tarefas acadêmicas. Tenho compromissos nos estudos que requerem tempo e dedicação. Tenho deixado de lado até as “leituras de lazer”, aquelas que faço sem recomendação de meus orientadores; aquelas que estão fora das “leituras obrigatórias”. Mesmo assim, venho aqui, dou uma olhada, vejo o que está na blogosfera, vejo uma notícia aqui, outra ali etc. Desde a última semana, ou final de semana, li num blog uma “breve crítica aos blogs.... “Eis Nosso Tempo!”. O autor, filósofo e calvinista, pretendeu tecer elogios piedosos à presidente eleita e em exercício. Enquanto Hendrik Stocker, este sim um “filósofo calvinista”, afirmava a “possibilidade de uma filosofia calvinista”, talvez se surpreendesse em ver os caminhos de alguns tentarem seguir este caminho. Principalmente pela fundamentação de proposições que fogem à lógica epistêmica do Calvinismo: a revelação.

O que me surpreendeu na crítica? Um princípio de subjetividade tamanha para um exercício da ratio na tarefa crítica, principalmente quanto se queria ver "objetividade concreta" nos blogs criticados. Ao procurar analisar a “postura para com nossos governantes”, citando um célebre documento teológico, o autor da crítica destaca o dever de orar pelos magistrados, honrar as suas pessoas etc. Tudo bem que, para quem defende a pirataria, o “pagar tributos e outros impostos”, obedecendo às suas ordens legais e sujeitar-se à sua autoridade, e tudo isso por amor da consciência, não deva ser tão importante quanto à primeira proposição. Mas isto é outra história.

O que chama a atenção é que o autor, não encontrando encômios [orações e honras] públicos nos blogs por ele criticados, mas apenas as críticas aos governantes, acredita que alguns irmãos “estão esquecendo desse capítulo”. Para alguém dado à filosofia, não se deveria andar por “impressão”. Primeiro porque, de fato, ninguém está isento de prestar honras aos governantes. Isto não quer dizer, em hipótese nenhuma, que não haja entre nós o direito à resistência ao Estado, dentro dos meios legais: voto, protesto, cartas e, até mesmo, por repúdio aos seus vícios. Calvino, após falar sobre a “reverência” que os Cristãos devem ao magistrado e aos governantes – Calvino diz que para levantar-se contra estes, deve-se buscar aqueles – os “príncipes” sofrerão “sentimentos de aborrecidmentos”:


Porque, quando em meio de tantos vícios, tão enormes e alheios, não só ao ofício de governante, mas inclusive a todo senso de humanidade, não se vê nos superiores prova alguma da imagem de Deus que deve resplandecer em todo governante, nem qualquer rastro de um ministro do Senhor, que foi posto para louvor dos bons e castigo dos maus, não reconhecem nele àquele superior cuja autoridade e dignidade a Escritura nos recomenda. E certamente, sempre esteve não menos arraigado no coração dos homens o sentimento de aborrecimento e ódio aos tiranos, que o de amor aos reis justos, que cumprem com seu dever. (Inst. Liv. IV, §24).

Não se pode confundir o repudiar “o governante” em repudiar “o governo”, ou seja, a Esfera Modal de Estrutura Governamental. Ora é isso que encontramos não apenas entre os Reformados (não estou falando dos Radicais), mas nas Escrituras. É “dar a César o que é de César”(Estrutura Governamental), mas não menos justo em dizer, como foi dito de Herodes (Governante), “dizei àquela raposa”(Lc 13.32). Diante disto se reconhece que “Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado”(Jo 19. 11).

O que isto tem a ver conosco? Devemos reconhecer a Estrutura de Governo que temos (democracia – quase morri de rir), mas, caso o governante não seja justo, podemos ter “sentimento de aborrecimento” sobre ele. O que de tão difícil tem em reconhecer isto? Por acaso isto impede dos cristãos orarem por Dilma e os seus? Claro que não. Antes, é estabelecido. É agora que entra o mais mimoso da “crítica”.

O autor diz que as “violentas críticas aos governantes do Brasil” “são carregadas de motivos partidários”. Fico a imaginar que, se as críticas demonstram partidarismo, os “elogios e apologias” demonstrariam o quê? Assim, caindo na mesma armadilha, o autor “acaba tirando do povo, daqueles mais incautos” a liberdade de escolha entre os maus e os bons governantes. Para que o “povo”, seja lá o que isso seja, escolha entre bons e maus governantes, é preciso que haja quem apresente ambos, não é? Agora eu entendo o motivo de ele achar “até saudável” haver oposição ao governo. Ah, bom. Pelo menos isso, não é? Ah, e ele não precisa ficar com “dó de Dilma”, pois ela o terá para tecer elogios apartidários....

Há uma confusão não cabeça do amigo entre a relação que os cristãos devam ter com o governo. Ele acredita que há incompatibilidade entre criticar as injustiças dos governantes e, ao mesmo tempo, orar pelos mesmos governantes, como se uma coisa excluísse a outra. Ele comete uma falácia do “falso dilema” para, dái, chegar a um “non sequitur”: ou crítica ou ora e honra. Como ele só leu nos blogs a primeira, conclui-se que os blogueiros não fazem a outra. Há muitas razões por que não publicamos nossas honrarias aos governantes, p.e, eles já têm os blogs que façam isso.

Por isso, para ele, é preciso ver onde estão as orações e as honras nesses blogs. Ora, talvez o autor devesse perguntar aos blogueiros quais as atitudes deles em suas igrejas, em seus quartos, “onde o Pai vê em secreto”, em suas reuniões de lideranças etc., etc., etc. São tantas as opções sobre orar pela presidente Dilma, inclusive, se for o caso, imprecatórias [podemos, não é?] e pelos novos governadores e representantes do povo, que não preciso dizer que o filósofo-calvinista precisaria deixar o concretismo do blog e, no mínimo, tentar refletir sobre a subjetividade dos blogueiros. Neste caso, o filósofo-calvinista lembraria que não é onisciente. Por enquanto, resta-lhe a dúvida se oramos ou não pela presidente.

Por Gaspar de Souza

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Seis tendências do cristianismo nos EUA

O instituto Barna Group publicou há poucos dias o resumo das principais pesquisas realizadas pela instituição nos Estados Unidos durante o ano de 2010. O resultado fornece um retrato de como o ambiente religioso nos Estados Unidos está se transformando em algo novo e também perigoso.

A matéria fornece seis tendências principais. Vejamos:

1. A Igreja Cristã está se tornando menos alfabetizada teologicamente

As pesquisas apontaram que o que costumavam ser verdades básicas e universalmente conhecidas sobre o cristianismo, são agora mistérios desconhecidos para uma grande e crescente parte de norte-americanos. Os estudos revelaram que enquanto a maioria das pessoas consideram a Páscoa como um feriado religioso, apenas uma minoria de adultos a associam com a ressurreição de Jesus Cristo. Outros exemplos, relata a matéria, incluem a constatação de que poucos adultos acreditam que sua fé é para ser o ponto focal de sua vida ou ser integrados em todos os aspectos da sua existência. Além disso, uma crescente maioria acredita que o Espírito Santo é um símbolo da presença de Deus ou do poder, mas não é uma entidade viva. A teologia livre para todos que está invadindo as igrejas protestantes em todo o país sugere que a próxima década será um momento de diversidade teológica incomparável e inconsistência.

2. Os cristãos estão se tornando mais isolados dos não-cristãos

Os cristãos estão cada vez mais espiritualmente isolados dos não-cristãos do que era há uma década. Exemplos dessa tendência incluem o fato de que menos de um terço dos cristãos tem convidado qualquer pessoa para se juntar a eles em um evento da igreja durante a época da Páscoa. Os adolescentes são menos inclinados a discutir o cristianismo com seus amigos do que acontecia no passado.

3. Um número crescente de pessoas estão menos interessadas em princípios espirituais e desejosos de aprender mais soluções pragmáticas para a vida.

Quando perguntado o que mais importa, os adolescentes norte-americanos disseram priorizar a educação, carreira, amizades e viagens. A fé é importante para eles, mas é preciso primeiro um conjunto de realizações de vida. Entre os adultos, as áreas de importância crescente são o conforto, estilo de vida, sucesso e realizações pessoais. Essas dimensões têm aumentado à custa do investimento em fé e família. O ritmo corrido da sociedade deixa as pessoas com pouco tempo para reflexão. O pensamento profundo que ocorre normalmente refere-se a interesses econômicos. As práticas espirituais como a contemplação, solidão, silêncio e simplicidade são raras. (É irônico que os mais de quatro em cada cinco adultos dizem viver uma vida simples.)

4. Entre os cristãos, o interesse em participar da ação da comunidade é cada vez maior

Os cristãos estão mais abertos e mais envolvidos em atividades de serviço comunitário do que no passado recente. No entanto, conforme alerta a matéria, apesar dessa tendência, as igrejas correm o risco desse engajamento diminuir, a menos que abracem uma base espiritual muito forte para tal serviço, e não por estímulo momentâneo.

5. A insistência pós-moderna de tolerância é de conquistar a Igreja Cristã

O analfabetismo bíblico e a falta de confiança espiritual fez com que os americanos evitassem escolhas baseadas na exigências bíblicas, com medo de serem rotulados de julgadores (ou preconceituosos). O resultado é uma Igreja que se tornou tolerante com uma vasta gama de comportamentos moralmente e espiritualmente duvidosos. A idéia de amor foi redefinido para significar a ausência de conflito e confronto, como se não existem absolutos morais que vale a pena lutar. Isso não pode ser surpreendente em uma Igreja na qual uma minoria acredita que existe uma moral absoluta ditada pelas escrituras.

6. A influência do cristianismo na cultura e na vida individual é praticamente invisível

O cristianismo é sem dúvida a cosmovisão que mais influenciou a cultura americana do que qualquer outra religião, filosofia ou ideologia. No entanto, isso não tem corrido nos últimos tempos.

Fonte: Púlpito Cristão

sábado, 8 de janeiro de 2011

O DEUS TRIÚNO – NOSSO CONFORTO

O Texto abaixo faz parte de uma iniciativa nossa para os boletins da Igreja Presbiteriana dos Guararapes. Como fizemos nos últimos anos com o Breve Catecismo de Westminster, comentando, adaptando comentário ou transcrevendo comentários, agora faremos o mesmo com o Catecismo de Heidelberg.

Este Catecismo é considerado um dos mais robustos e firmes documentos teológicos da Reforma Protestante, possuindo uma síntese da Fé Cristã e uma forte expressão calvinista.

Numa época de superficialidade bíblica, com inovações doutrinárias e litúrgicas, de ignorância da fé cristã histórica - motivo por que tantas bobagens têm acontecido no meio evangélico - o resgate e o aprendizado do Catecismo se faz fundamental como guia para estudo sério e aprofundado das Escrituras, bem como preparação dos "novos convertidos" e reciclagem dos "antigos convertidos".

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DOMINGO 1 - Pergunta 1. Qual é o seu único conforto, na vida e na morte?

Resposta: O meu único conforto é meu fiel Salvador Jesus Cristo (1Co 3:23; Tt 2:14). A Ele pertenço, em corpo e alma, na vida e na morte (Rm 14:8; 1Ts 5:9,10.) , e não pertenço a mim mesmo (1Co 6:19,20). Com seu precioso sangue Ele pagou (1Pe 1:18,19; 1Jo 1:7; 1Jo 2:2,12) por todos os meus pecados e me libertou de todo o domínio do diabo (Jo 8:34-36; Hb 2:14,15; 1Jo 3:8). Agora Ele me protege de tal maneira (Jo 6:39; Jo 10:27-30; 2Ts 3:3; 1Pe 1:5) que, sem a vontade do meu Pai do céu, não perderei nem um fio de cabelo (Mt 10:29,30; Lc 21:18). Além disto, tudo coopera para o meu bem (Rm 8:28.). Por isso, pelo Espírito Santo, Ele também me garante a vida eterna (Rm 8:16; 2Co 1:22; 2Co 5:5; Ef 1:13,14) e me torna disposto a viver para Ele, daqui em diante, de todo o coração (Rm 8:14; 1Jo 3:3).

Breve Comentário
Nesta primeira pergunta do Catecismo de Heidelberg têm-se proposições sobre a vida Cristã que são completamente esquecidas hoje. Diferente de outros Catecismos, o de Heidelberg inicia com a segurança do fiel no mundo caído. Algumas ideias subjazem esta pergunta:

1) Somos propriedades de Deus nesta vida e na eternidade. Não pertencemos a nós mesmos. Com isto estamos afirmando que o Ser Humano possui valor por ser obra de Deus. Não há nada no Ser Humano – corpo, alma, vida e morte – que esteja sob o domínio do Homem. Para o Cristão o fator se estende para a obra sacrificial de Jesus Cristo. Eles foram comprados pelo sangue de Jesus Cristo, tendo todos os seus pecados perdoados e não mais sujeitos ao domínio do Diabo.

2) Que mesmo pertencendo a Jesus Cristo, o Cristão não está livre das tribulações desta vida. Antes, mesmo em um mundo caótico, Jesus Cristo protege os seus que, sem a vontade do Pai Celestial, nenhum cabelo dos eleitos cairá. Então perceba que a primeira parte da pergunta consolida a segunda e terceira partes: por pertencermos a Jesus Cristo, temos sua proteção; que se um “fio de cabelo” nosso cai é porque isto cooperará para o meu bem. Isto nos leva a:

3) tudo coopera para o bem daqueles que pertencem a Deus. Quando Paulo recebeu um espinho na carne, um mensageiro de satanás para o esbofetear, o objetivo era para que Paulo não ficasse orgulho pelas visões que teve. Quando Paulo esteve preso em Roma, ele disse: “E quero, irmãos, que saibais as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho; de maneira que as minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda pretoriana, e por todos os demais lugares; e muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor”(Fil. 1. 12 – 14). Veja que as prisões de Paulo redundaram em benefício para a proclamação do Evangelho salvando os Eleitos da casa de César (Cf. Fil. 4. 22).

4) Como sinal deste conforto, Jesus Cristo nos deu o seu Espírito Santo como garantia de suas promessas, principalmente a promessa da vida eterna. Também o Espírito Santo nos capacita a viver de modo santo, nos dispondo a amar ao Senhor com todo o nosso ser.

Se você notar, a primeira pergunta do Catecismo de Heidelberg possui uma resposta Trinitária. Não há nada na resposta que sugira que são os Eleitos que têm poder sobre si mesmos. Antes, desde a vida, existência e até a morte entrando na eternidade, é o Deus Triúno quem começa e termina a boa obra na vida dos Eleitos. O Pai, Filho e Espírito Santo operam juntos para garantir uma jornada esperançosa para cada eleito até o dia em que Ele nos tomará para si mesmo. Você quer mais consolo do que este?

Postado por Gaspar de Souza

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A opinião na camisa de força" - A IAB e a PL 122/06

Recomenda-se, antes, a leitura do Artigo do Rev. Hermany Soares assessor do bispo Robinson Cavalcanti, da Diocese do Recife - Comunhão Anglicana, para esclarecimentos sobre o que vem a ser a "Igreja Anglicana do Brasil", que não possui vínculo com a Comunhão Anglicana que está sob a orientação da Sé em Cantuária. Leia o Artigo em: http://oliveiradimas.blogspot.com/2011/01/sobre-texto-da-igreja-anglicana-ser.html

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Por Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 4 de janeiro de 2011

As declarações recentes da Igreja Anglicana do Brasil em favor do Projeto de Lei 122/06 fornecem-nos o exemplo completo e acabado da duplicidade de linguagem a que é preciso recorrer quando se defende o indefensável. Embora o estilo bífido seja o mais notório hábito do demônio, seu emprego não merecendo respeito nem tolerância sobretudo quando praticado em nome da religião, isto não implica, da parte de seus usuários, nenhuma intenção consciente de ludibriar o ouvinte ou leitor. Ao contrário: nos dias que correm, aquela ambigüidade sorrateira, perversa, que encobre com as mesmas palavras as ações mais opostas e contraditórias, já se tornou em muitas pessoas um vício automatizado e quase que uma segunda natureza. Isso não as desculpa de maneira alguma: o mal não se faz menos detestável porque uma rotina entorpecente o tornou indiscernível do bem.

Em si, o documento não tem aquele mínimo de consistência que o tornaria merecedor de uma resposta; está abaixo da possibilidade de ser debatido; só pode ser analisado como sintoma de vícios de pensamento que hoje em dia são gerais e endêmicos na sociedade brasileira.

O objetivo nominal com que se apresenta é contestar, com ares de quem passa pito, algumas objeções correntes àquela proposta legislativa, especialmente as que a vêem como instrumento destinado a limitar severamente a liberdade de expressão.

Crítica comum ao PLC n.º 122/06 é a de que o mesmo proibiria as pessoas de ‘criticarem a homossexualidade’ (sic) e que implicaria numa ‘ditadura’, numa ‘mordaça’ àqueles que ‘não concordam’ com o ‘estilo de vida homossexual’. Contudo, essas colocações se pautam ou em um simplismo acrítico ou em má-fé de seus defensores.

Contra essa objeção, alega a Igreja Anglicana que naquele projeto de lei “não há criminalização específica da discriminação não-violenta por orientação sexual ou por identidade de gênero”. Assim, estaria resguardado o direito à crítica: “Opiniões respeitosas, embora críticas, à pessoa homossexual não configurarão crime por força do PLC n.º 122/06”.

Se o leitor suspira aliviado diante dessas observações, faria melhor em notar que elas significam o oposto do que parecem dizer. Prossegue o documento: “Criticar a homossexualidade e não a pessoa homossexual concreta implica em (sic) um discurso segregacionista ... que se equipara a discursos de ódio que não pode ser tolerado.” A redação abominável mal esconde o sentido ameaçador daquilo que pretende vender como inofensivo: você pode criticar o homossexual por qualquer outra coisa – por usar uma gravata berrante, por cometer tantos erros de português quanto o porta-voz da Igreja Anglicana ou por soltar gases no elevador – mas nunca por sua conduta homossexual. Pior: não pode falar mal do homossexualismo em si, genericamente, sem qualquer referência a uma pessoa concreta, pois ser contra o homossexualismo é “discurso de ódio”, obviamente punível pelo PLC-122/06. Mais claramente ainda, o documento afirma que todas as modalidades de discriminação serão castigadas, ainda que “sejam tais ações perpetradas por motivação moral, ética, filosófica ou psicológica.” Quer dizer: a motivação moralmente elevada e a alta elaboração intelectual da crítica ao homossexualismo não a tornarão menos criminosa, nem menos punível.

Notem que aí o conceito de discriminação abrange quatro ações possíveis: agredir, constranger, intimidar e vexar. Vexar, prossegue o documento citando o Dicionário Houaiss, é “causar vexame ou humilhação, sendo vexame tudo o que causa vergonha ou afronta”. Ora, qualquer ensinamento que tente mostrar a um cidadão o caráter imoral ou pecaminoso da sua conduta, mesmo que o faça nos termos mais gentis e carinhosos do mundo, não tem como deixar de lhe infundir um sentimento de vergonha. Mais que vergonha, culpa e arrependimento, que não vêm sem humilhação. Em suma: a simples pregação moral que tente induzir um indivíduo a abandonar as práticas homossexuais já está catalogada de antemão como crime e nivelada às ações de “agredir, constranger e intimidar”.

A permissão de “opiniões respeitosas, embora críticas” é com toda a evidência uma armadilha destinada a proibir toda e qualquer opinião crítica, mesmo moralmente digna e fundada em motivos intelectualmente relevantes.

A própria escolha do adjetivo revela a ambigüidade maliciosa do autor do escrito. “Opiniões respeitosas”, diz ele. Respeitosas a quem e a quê? Respeitosas à pessoa humana somente ou respeitosa aos seus hábitos homossexuais também? É evidente que, se alguém considera um hábito respeitável, não tem por que criticá-lo do ponto de vista moral; se o critica, é porque não o considera respeitável de maneira alguma. Dito de outro modo: você pode criticar o homossexual, desde que aceite sua conduta homossexual como respeitável e superior a críticas e desde que se abstenha de dizer até mesmo alguma palavra contra a homossexualidade em geral.

Chamar isso de mordaça é eufemismo. Mordaça impede apenas de falar, não de pensar. O PL-122/06 não é uma mordaça: é uma camisa-de-força mental que impõe a todos os possíveis críticos do homossexualismo uma obrigação psicológicamente impossível, a de criticar sem críticas. Muito mais que restringir a liberdade de expressão, estrangula a liberdade de pensamento. É uma lei propositadamente absurda, feita na base da estimulação contraditória para instilar na população um estado de perplexidade apatetada, temor irracional e obediência canina. Se esse monstrengo jurídico digno da Rainha de Copas nasceu da pura confusão mental de seus autores ou de um propósito maquiavélico de reduzir o público à menoridade mental, é algo que se pode conjeturar. As duas hipóteses não se excluem – nem no projeto em si, nem na sua apologia anglicana.

Fonte: Olavo de Carvalho